3 min de leitura

O mês de outubro é marcado por datas comemorativas clássicas como Dia das Crianças e Dia dos Professores. Assim, além da bajulação merecida aos nossos educadores e aos pequenos, e do consumismo barato que essas datas “inventadas” geram, é necessário, de fato, refletirmos sobre os caminhos práticos que esses dois agentes sociais poderosos estão enfrentando atualmente.

De um lado temos a classe de docentes, que além dos inúmeros desafios já conhecidos que a profissão carrega e da incansável transformação vivenciada durante o período pandêmico, precisa conviver com a maior instabilidade emocional já vivida dentro do ambiente escolar.

Do outro lado temos as crianças, que segundo otimistas de plantão vivem na “Era de Ouro” devido aos avanços tecnológicos, mas que do ponto de vista da gestão das emoções – uma das competências mais importantes a serem desenvolvidas – estão totalmente despreparadas diante de um mundo imediatista e poluído de tanta informação.

 

A profissão do futuro e do presente

A escola é um dos poucos ambientes em que todo mundo se acha no direito de dar alguma opinião. Se há uma discussão sobre o setor de telecomunicações, por exemplo, não são todas as pessoas que se sentem aptas e confortáveis para dar uma opinião mais específica sobre determinado assunto, no entanto, o setor educacional é diferente.

Como todos já passaram anos dentro de uma sala de aula, ou deveriam ter passado, as pessoas se veem no direito de palpitar. Isso mesmo, palpitar sobre o que a escola deve fazer, sobre como o professor deve se comportar e o que deve ser dito.

Enquanto isso, a carreira docente sofre de uma generalização em que tudo parece, de um dia para o outro, estar ultrapassado, com uma formação de qualidade deficitária onde não há um incentivo para os melhores alunos se tornarem professores e muito menos um preparo emocional digno de tamanha responsabilidade social enfrentado dentro de uma sala de aula.

 

O fim é um reflexo do meio

O avanço tecnológico que estamos vivenciando é, de fato, animador. No entanto, junto com ele vem uma tonelada de informações que não estamos sabendo como gerenciar. Entre 2014 e 2016, o volume de dados criados na internet foi maior do que toda a história da humanidade, e claro, isso é refletido em nossas crianças.

Assim, a forma como os adultos utilizam a internet é reflexo direto de como as crianças atualmente são expostas de forma excessiva às telas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMC), o Brasil configura o 1º lugar de país mais ansioso do mundo, e um dos que mais consomem redes sociais no planeta. Esses dados, apesar de não fazerem parte de um mesmo estudo, são complementares.

Portanto, se pudesse dar um presente para comemorar essas duas datas tão importantes que se passaram, seria o de criar acordos claros sobre o consumo de telas tanto para pais quanto para as crianças, para que o respeito e a responsabilidade seja criada nos laços familiares e sendo estendidos para dentro da sala de aula.

Colunista Fabrizio
Coluna por

Fabrizio Dardes

Filho de professora, e apaixonado por livros, Fabrizio Dardes é graduado em Administração de Empresas pela FGV e pós graduado em Neurociência e Psicologia pela PUCPR. Escreveu, aos 22 anos, o livro “Desinfoxicação”, onde debateu temas voltados ao excesso de informações que recebemos no nosso dia a dia e como podemos lidar com isso de forma saudável. Hoje atua como executivo de contas na maior plataforma de serviços financeiros para escolas, a startup isaac.