5 min de leitura

A preocupação em oferecer uma formação mais completa aos estudantes tem levado muitas escolas a adotarem abordagens que vão além do modelo tradicional de ensino. Nesse contexto, os termos educação integral e educação em tempo integral são frequentemente usados como sinônimos, embora apresentem diferenças significativas.

Cada uma dessas abordagens possui características próprias, objetivos distintos e impactos específicos no desenvolvimento dos alunos. Neste artigo, vamos explorar essas particularidades, destacar seus benefícios e mostrar como elas se relacionam com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

O que é educação integral segundo a BNCC? 

De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a educação integral tem como princípio a formação completa do estudante. Isso significa ir além do aprendizado conteudista, a fim de trabalhar habilidades de desenvolvimento cognitivo, socioemocional, físico e cultural. 

O conceito propõe, portanto, favorecer o desenvolvimento humano global. Para isso, deve-se levar em consideração a complexidade do aprendizado, estimular o protagonismo e respeitar as singularidades de cada estudante.

Em suma, é importante que a escola não foque exclusivamente no desempenho intelectual, mas também no acolhimento e promoção de um ambiente favorável à autonomia e criatividade.

Para garantir essa formação ampla, a BNCC estabelece algumas competências gerais que orientam o ensino em todas as etapas da Educação Básica. Entre elas, destacam-se:

  • Conhecimento e senso estético, pensamento científico, crítico e criativo, incentivando a resolução de problemas e inovação;
  • Autonomia, autogestão, empatia, cooperação e autoconhecimento, preparando os alunos para interagir de maneira ética e colaborativa na sociedade;
  • Comunicação, argumentação e valorização da cultura digital, tornando os estudantes aptos a compreender e participar ativamente do mundo moderno.

Para colocar esses princípios em prática, a educação integral é aplicável por meio de metodologias ativas e experiências além da sala de aula, como projetos interdisciplinares, atividades culturais, esportivas e comunitárias. 

Por que incluir a Interdisciplinaridade na sua escola?

E o que é educação em tempo integral?  

A educação em tempo integral, por outro lado, está diretamente relacionada à ampliação da carga horária escolar. Nesse sentido, garante que os alunos permaneçam na instituição por um período mínimo de sete horas diárias ou trinta e cinco horas semanais, conforme estabelecido pelo Decreto nº 10.656

Diferente do modelo regular em tempo parcial, predominante nas escolas brasileiras, a educação em tempo integral pode ser organizada em um único turno estendido ou distribuída em dois turnos, dependendo da estrutura e do projeto pedagógico da instituição.

O principal objetivo desse modelo é aprofundar o aprendizado e ampliar as oportunidades educacionais. Além do reforço dos conteúdos curriculares, os alunos participam de atividades complementares que enriquecem sua formação, como:

  • Oficinas culturais (arte, música e teatro);
  • Práticas esportivas e recreativas;
  • Programas de leitura e reforço escolar;
  • Projetos interdisciplinares e científicos.

Além do aspecto acadêmico, a Educação em Tempo Integral favorece o desenvolvimento de soft skills, como autonomia, colaboração, empatia e resolução de conflitos, à medida que os alunos convivem mais intensamente e participam de atividades em grupo.

É importante destacar, no entanto, que a educação em tempo integral não deve ser confundida com o contraturno escolar.  Enquanto o contraturno consiste em atividades extracurriculares opcionais no período oposto ao das aulas regulares, a escola de tempo integral oferece um currículo estruturado e integrado ao seu Projeto Político-Pedagógico (PPP), garantindo uma formação mais abrangente e alinhada às diretrizes educacionais.

Principais diferenças entre os dois modelos

Embora os termos sejam muito confundidos, eles representam abordagens significativamente distintas no processo educacional. A principal diferença está no foco e no propósito de cada modelo.

Em termos gerais, a educação integral busca o desenvolvimento completo do aluno, indo além do ensino tradicional para incluir aspectos socioemocionais, culturais e cognitivos. Seu objetivo é formar cidadãos críticos, autônomos e preparados para os desafios do século XXI, independentemente da carga horária escolar.

Já a educação em tempo integral se refere à ampliação da jornada escolar, garantindo que os estudantes permaneçam na escola por mais tempo, com atividades complementares que reforçam o aprendizado e estimulam diferentes habilidades. 

Uma escola em tempo integral não necessariamente aplica uma educação integral. É seguro dizer, portanto, que, embora os dois modelos se complementem, não são equivalentes. 

Das principais diferenças entre educação integral e em tempo integral podemos destacar:

Formação interdisciplinar vs. Aprendizado contínuo

A educação integral conecta diferentes áreas do conhecimento e disciplinas, proporcionando uma aprendizagem mais ampla e significativa. Enquanto a educação em tempo integral estende o tempo de estudo e diversifica as atividades, garantindo um aprendizado mais aprofundado ao longo do dia.

Aluno no centro vs. Foco no desempenho acadêmico

No modelo integral, o ensino é personalizado, respeitando as singularidades dos alunos e incentivando seu protagonismo na tomada de decisões sob múltiplas perspectivas. Em contrapartida, o ensino em tempo integral permite um acompanhamento mais próximo, auxiliando no reforço de conteúdos programáticos e na melhoria do desempenho acadêmico.

Gestão democrática vs. Desenvolvimento socioemocional

O ensino integral estimula a participação ativa de toda a comunidade escolar na construção do projeto pedagógico, promovendo inclusão e pertencimento. Já a educação em tempo integral fortalece as relações interpessoais em sala de aula, incentivando o trabalho em equipe, a empatia e a convivência diária entre alunos e professores.

Conclusão

Em resumo, ambos os modelos educacionais desempenham papéis fundamentais na formação dos estudantes, ainda que com abordagens distintas. 

Compreender essas diferenças é essencial para que escolas, educadores e famílias possam adotar o modelo mais adequado às necessidades dos alunos, garantindo uma experiência educacional mais enriquecedora e alinhada às necessidades dos alunos.

Você também pode gostar disso: 

Método Paulo Freire: entenda como transformar a sala de aula com uma educação crítica e participativa. Clique aqui para ler o texto completo.