Método Paulo Freire: entenda como transformar a sala de aula com uma educação crítica e participativa
A educação é uma poderosa ferramenta de transformação, capaz de construir uma sociedade categoricamente mais inclusiva, consciente e democrática. Nesse contexto, o Método Paulo Freire surge como uma ruptura nos modelos tradicionais de ensino-aprendizagem ao redefinir o papel do aluno.
Em vez de restringir-se à transmissão passiva de conteúdos, a abordagem freiriana coloca o educando como protagonista ativo na construção do conhecimento. Por meio do diálogo e da reflexão crítica, os estudantes não apenas aprendem, mas também desenvolvem a capacidade de compreender e influenciar a realidade em que vivem.
Reconhecido mundialmente por sua pedagogia humanizada e emancipadora, Paulo Freire se consolidou como um dos educadores mais influentes da história, inspirando práticas educativas que vão além da sala de aula.
Neste texto, exploraremos quais são as etapas e como o método pode transformar a sala de aula em um espaço de construção coletiva e de criticidade.
O que é o Método Paulo Freire?
Diante dos desafios enfrentados pelas populações marginalizadas, Paulo Freire elaborou um método que vai além dos limites da alfabetização convencional: ele empodera os estudantes a questionarem o mundo ao seu redor e a se tornarem protagonistas em suas próprias jornadas.
Aplicado pela primeira vez em 1963 a um grupo de 300 trabalhadores rurais no Brasil, o método apresentou resultados surpreendentes: os participantes conseguiram se alfabetizar em apenas 45 dias, um feito considerado revolucionário à época.
O segredo, no entanto, está na valorização do diálogo, troca de experiências e respeito à realidade vivida pelos alunos, desafiando a visão tradicional, onde o professor é o único detentor do saber.
“Trata-se de aprender a ler a realidade (conhecê-la) para em seguida poder reescrever essa realidade (transformá-la)” – Paulo Freire.
Embora a proposta inicial tenha sido voltada para a alfabetização de adultos, a abordagem mostrou-se igualmente eficaz em outros contextos educacionais, abrangendo diferentes faixas etárias e níveis de ensino.
Etapas do Método Paulo Freire
A abordagem pedagógica proposta por Freire pode se dividir em três etapas distintas:
1 – Investigação
A Investigação é a primeira etapa e exige ao educador compreender profundamente a realidade dos alunos, seus interesses, experiências de vida e palavras comumente usadas no dia a dia.
Dessa forma, o professor estabelece um diálogo com os alunos, por meio de conversas e dinâmicas, como o círculo de cultura, no qual os estudantes compartilham suas histórias abertamente.
O objetivo é identificar o vocabulário e os temas centrais para os alunos, tornando o ensino mais relevante e conectado à sua realidade.
Além disso, essa etapa também pode incluir conversas com pessoas da comunidade para entender melhor o contexto local. O foco da investigação é garantir que o aprendizado se baseie na realidade dos educandos, tornando o processo de ensino mais significativo e impactante.
2 – Tematização
Utilizando temas e palavras que emergem da fase de investigação, a segunda etapa tem como objetivo, sobretudo, conectar o ensino à realidade dos alunos. A partir do “tema gerador geral”, que é um tópico relevante para o contexto dos estudantes, o professor ajuda a aprofundar a discussão e a refletir sobre o seu significado social.
Nesta etapa, o educador identifica as palavras geradoras, ou seja, palavras específicas que surgem durante as conversas e que podem ser usadas para promover o aprendizado, especialmente no processo de alfabetização.
A tematização contribui para aproximar o conteúdo ao cotidiano dos alunos, além de despertar seu interesse pelo aprendizado, ampliando as possibilidades de compreensão e participação ativa.
3 – Problematização
Por fim, o aluno e o professor trabalham juntos para superar uma visão simplista ou ingênua da realidade, desenvolvendo uma compreensão crítica e transformadora do mundo.
Neste momento, o professor provoca os estudantes a questionarem e refletirem sobre os problemas e incoerências presentes em seu contexto social, permitindo que eles compreendam as desigualdades e injustiças que os cercam.
Freire acredita que, ao estimular o pensamento crítico, os alunos se tornam mais conscientes de seu poder de ação, não apenas como indivíduos, mas como agentes coletivos capazes de influenciar e mudar sua realidade.
Essa etapa é essencial para fortalecer a capacidade de intervenção social do educando, ampliando sua visão e seu papel na sociedade. Além disso, a problematização permite que a educação seja personalizada, ajustada conforme a turma e os desafios específicos de cada contexto.
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção” – Paulo Freire
Fundamentada no respeito mútuo, no diálogo e no estímulo ao pensamento crítico, a metodologia de Paulo Freire continua a ser uma referência essencial para educadores ao redor do mundo, sendo uma fonte inesgotável de inspiração.
Ao promover uma educação voltada para a reflexão e a ação, Freire nos desafia a repensar as práticas educacionais, a fim de criar espaços de aprendizagem que não apenas transmitam conhecimento, mas que também promovam mudanças significativas na sociedade.
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