Algumas pessoas ficam presas em relacionamentos abusivos porque não têm independência financeira. Outras não conseguem dormir ou até se suicidam por estarem endividadas. Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 79,3% das famílias brasileiras estavam endividadas em Setembro deste ano.
Os impactos da falta de educação financeira
O descontrole financeiro, decorrente da falta de educação financeira, causa enormes transtornos. Uma pesquisa realizada pela Serasa mostrou que o endividamento está prejudicando também a saúde mental dos brasileiros. 51% dos entrevistados disseram que começaram a ter sintomas de estresse por causa das dívidas e 43% disseram que também sentem ansiedade e depressão.
O problema é cíclico. Pessoas com problemas de saúde mental acabam comprando mais como uma fuga da sua condição e acabam ficando ainda mais endividadas. Diante desse cenário, em que um percentual altíssimo de famílias brasileiras estão endividadas, as crianças não têm os seus pais como referência nesse tema.
Torna-se fundamental o ensino de educação financeira para crianças e adolescentes na escola. Apenas por meio do investimento na educação será possível formar cidadãos com consciência financeira, isso é, sabendo o verdadeiro impacto das suas decisões a curto e longo prazo.
A próxima geração de adultos será educada ou endividada?
É difícil mudar a mentalidade de um adulto que possui hábitos financeiros ruins. Por isso, é fundamental que a inteligência financeira seja desenvolvida desde cedo, durante a infância. No entanto, os dados mais recentes não são muito empolgantes: 78% dos estudantes brasileiros não têm aprendizado adequado em educação financeira (PISA 2018).
Em 2020, o Ministério da Educação tornou obrigatório o tema de educação financeira nas escolas. Desde então, as instituições de ensino precisam atender às novas diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). No entanto, mesmo com algumas iniciativas promovidas pelo governo, as escolas têm dificuldade em implementar esse tema pela falta de professores capacitados para atender essa demanda que envolve competências multidisciplinares.
Educação Financeira é para todos!
Há quem diga que Educação Financeira é assunto de rico e, por isso, não deveria ser ensinado em escolas públicas. Eu não concordo. Os estudante precisam aprender a controlar o quanto ganham e gastam, evitar compras por impulso, poupar dinheiro para se ter uma reserva de emergência e assim ter uma segurança financeira no futuro.
O analfabetismo financeiro condena justamente os mais vulneráveis a se manterem nas mesmas condições que estão hoje. A Educação Financeira proporciona ferramentas para que eles ampliem os seus caminhos, tomem decisões assertivas e se esforcem para conquistar os seus sonhos.
Uma escola que prepara o estudante para vida
De acordo com a pesquisa Certificação Escolas Exponenciais, realizada com 150 mil pais que têm os filhos matriculados em 361 escolas particulares de todo o país, mostrou que cerca de 20% das famílias consideram a educação financeira na escola como um diferencial na hora de escolher uma instituição de ensino para os filhos.
Acredito que educação financeira estará, de fato, presente nas escolas quando os pais começarem a valorizar e cobrar as instituições que ensinam esse tema. Dessa forma, formaremos estudantes com mais conhecimento e ferramentas para realizar os seus sonhos.
Coluna por
Felipe Baldi
Felipe Baldi é fundador da tangram, edtech que ensina matemática, educação financeira e empreendedora utilizando jogos. Engenheiro Químico, atuou como consultor em diferentes países e trabalhou em startups. Fundador de um projeto voluntário para preparar alunos de escolas públicas para Olimpíadas de Matemática.