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Mais de 99% dos brasileiros não conhecem o conceito de juros compostos (ANEFAC). Isso quer dizer que quase todos os brasileiros não têm a verdadeira compreensão do que seja uma taxa de juros. Além disso, segundo a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), o Brasil bateu recorde de 78% das famílias endividadas e 29% inadimplentes em julho deste ano. A situação é crítica. Paralelamente, o Brasil é o 4º pior país da OCDE em competência financeira de jovens, segundo o PISA 2018. A causa-raiz deste problema é a falta de Educação Financeira nas escolas.

Quando a gente fala em dinheiro, estamos nos referindo sobre a vida de seres humanos. Pessoas ficam presas em relacionamentos abusivos porque não têm independência financeira. Casais se separaram por descontrole financeiro. Pessoas não conseguem dormir porque estão com a saúde financeira abalada.

O analfabetismo financeiro condena os mais vulneráveis a se manterem nas mesmas condições que estão hoje. A Educação Financeira dá ferramentas para que eles ampliem os seus caminhos. É muito difícil mudar a mentalidade de um adulto, por isso, precisamos começar desde cedo: na infância, na escola. Dinheiro precisa ser assunto de criança! Educação Financeira é essencial para que a vida das pessoas sejam transformadas, para que elas possam ser quem elas querem ser!

As escolas do Ensino Médio nos Estados Unidos estão cada vez mais incluindo uma grade completa de Educação Financeira antes da faculdade. As experiências nos estados de Geórgia e Texas são instrutivas políticas educacionais. Esses estados tiveram algum nível de coordenação curricular em educação financeira, recursos didáticos suplementares, formação de professores e requisitos de certificação.

Em Geórgia, o programa também apresentou um treinamento contínuo de professores, incentivos de certificação adicionais e testes de alunos. Paralelamente, Geórgia foi o estado com maior melhora nos resultados de crédito. Esses esforços de implementação do programa em Geórgia podem ser parte do motivo pelo qual o programa de Educação financeira do estado parece ter efeitos mais positivos sobre a saúde financeira dos jovens (Economics of Education Review).

No Brasil, com a obrigatoriedade de Educação Financeira no Ensino Fundamental e Médio, espero que as escolas, ao longo dos próximos anos, consigam implementar esse tema na grade curricular com eficácia, priorizando a formação dos professores e colocando o aluno como protagonista do aprendizado. Para que a geração de adultos do futuro não seja descontrolada financeiramente, primeiro, precisamos formar cidadãos alfabetizados financeiramente.

Colunista Felipe Baldi
Coluna por

Felipe Baldi

Felipe Baldi é fundador da tangram, edtech que ensina matemática, educação financeira e empreendedora utilizando jogos. Engenheiro Químico, atuou como consultor em diferentes países e trabalhou em startups. Fundador de um projeto voluntário para preparar alunos de escolas públicas para Olimpíadas de Matemática.