3 min de leitura

Brasileiros são apaixonados por jogos. De acordo com a NewZoo, especialista em dados de jogos, o Brasil é o quinto país em número de gamers no mundo, com 101 milhões de jogadores. Entre janeiro a julho de 2022, os brasileiros movimentaram mais de US$ 2,7 bilhões em jogos on-line. Sendo assim, por que não explorar essa paixão dos brasileiros também na educação?

Durante a pandemia, com as aulas à distância, as escolas tiveram que se adaptar seus métodos de ensino. Uma das estratégias para atrair e reter a atenção dos estudantes dentro de casa foi a gamificação.

Essa ferramenta aproveita o nosso instinto de competitividade para transformar atividades cotidianas em tarefas a serem cumpridas como em um jogo. A gamificação é a aplicação das estratégias dos games nas atividades do dia a dia, com o objetivo de aumentar o engajamento dos usuários.

Nós, seres humanos, somos mais propensos a nos interessar por atividades que gerem uma sensação de prazer. Os jogos podem se tornar viciantes justamente pelo seu poder de gerar sensações positivas de forma repetitiva, por meio da produção de dopamina.

Esse neurotransmissor está ligado ao sistema de recompensa do nosso cérebro e influencia diretamente nossas emoções. Quando jogamos, a produção desse mensageiro químico aumenta, nos sentimos mais felizes e, com isso, vamos em busca dessa sensação novamente.

Para que essa sensação de prazer seja gerada, alguns elementos-chaves são utilizados na gamificação, como: storytelling, designs criativos, componentes visuais de progresso; pontuação; recompensas e feedbacks instantâneos.

Cerca de 90% dos estudantes estão insatisfeitos com as aulas da escola, segundo o Portal Educacional Porvir. Os alunos estão desmotivados e desinteressados pelas aulas expositivas da escola que não os engajam.

Utilizar estratégias de gamificação é uma excelente solução para reter a atenção dos estudantes, pois a competitividade associada com o sentimento de completude deixa a experiência mais interativa, leve e divertida. Alguns dos benefícios em se utilizar gamificação na educação são:

1-Alunos mais engajados, curiosos e motivados;

2-Maior colaboração: aulas mais dinâmicas e promoção do diálogo;

3-Mais criatividade e autonomia para resolução de problemas;

4 -Maior absorção e retenção do conteúdo;

5-Desenvolvimento de competências socioemocionais.

De acordo com um levantamento da Fortune Business Insights, o mercado de gamificação era de US$ 6,33 bilhões em 2019, mas as as previsões apontam que ele deve chegar aos US$ 37 bilhões em 2027. Esses dados indicam que esse segmento está em pleno crescimento e fará cada vez mais parte das nossas vidas. A Educação não deveria ficar fora disso.

Para tanto, toda a comunidade escolar precisa se esforçar para incorporar essa ferramenta dentro do processo de aprendizagem e, com isso, projetar uma experiência que seja memorável para os estudantes. Já dizia o espanhol Francisco Mora: “Não se pode aprender nada além daquilo que desperta nossa emoção”.

Colunista Felipe Baldi
Coluna por

Felipe Baldi

Felipe Baldi é fundador da tangram, edtech que ensina matemática, educação financeira e empreendedora utilizando jogos. Engenheiro Químico, atuou como consultor em diferentes países e trabalhou em startups. Fundador de um projeto voluntário para preparar alunos de escolas públicas para Olimpíadas de Matemática.