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Os problemas educacionais no Brasil, além de diversos, são também complexos. Agora, se eu pudesse resolver apenas um problema educacional no país seria a falta de valorização dos professores. Eles são os principais agentes de transformação da educação no Brasil. No entanto, são sobrecarregados e desvalorizados.

Para melhorar a educação nacional, o professor precisa ser visto como uma profissão desejada, sexy e de alto status social! Afinal, o impacto que eles geram na vida das pessoas é enorme!

 

A carreira docente não atrai quase ninguém

Embora as pessoas reconheçam que o professor é fundamental para a sociedade e realizam um trabalho de muita responsabilidade e significado, os estudantes não querem ir para sala de aula.

Apenas 3,3% dos jovens brasileiros querem ser professor, de acordo com um estudo realizado pelo Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional). Esse dado não me surpreende, afinal, quem quer receber baixos salários, ter uma desvalorização social e, ainda, más condições de trabalho?

Essa é a realidade do professor brasileiro!

O docente é mal remunerado, confrontado pelos alunos, frequentemente limitado pela administração da escola, questionado pelos pais, esquecido pelo governo e desvalorizado pela sociedade.

 

Penso, logo desisto.

Uma pesquisa realizada pela Fundação Victor Civita (FVC) e da Fundação Carlos Chagas (FCC) identificou que 32% dos 1.501 alunos entrevistados haviam cogitado trabalhar como professor em algum momento do processo de escolha profissional.

Porém, ao pensar um pouco melhor, quase todos desistiram da ideia devido a fatores negativos que conseguiram associar à carreira de docente. Os principais fatores apontadores pelos estudantes são: baixa remuneração, falta de identificação profissional, desinteresse e desrespeito dos alunos, desvalorização social da profissão e más condições de trabalho.

 

3 propostas para reverter o problema

Para melhorar a qualidade de educação no Brasil , o primeiro passo é valorizar o professor. Caso contrário, os professores do futuro vão continuar tendo um perfil preocupante e com fraco repertório cultural, de acordo com a pesquisa Atratividade da Carreira Docente da Fundação Victor Civita (FVC).

O amor por ensinar e o propósito de transformar a educação no Brasil não podem ser interrompidos devido à falta de valorização do professor.

Aqui listo 3 propostas para aumentar a atratividade da carreira docente, de forma que o professor seja valorizado e que outros perfis de estudante passem a se interessar por cursos de Pedagogias e Licenciatura:

1- Oferecer salários mais altos: atrair bons profissionais com salários competitivos desde o início da carreira, caso contrário os melhores candidatos vão escolher outras profissões que exigem dedicação e nível de escolaridade semelhantes.

2- Melhorar o plano de carreira : A progressão de carreira do professor não deveria depender exclusivamente do tempo de serviço. Tirar o professor da sala de aula para promovê-lo a coordenador ou diretor da escola não é necessariamente uma boa opção.

São competências exigidas nessas novas posições, de forma que um excelente professor pode ser um direto incompetente. Deve ser criado diferentes níveis de carreira para valorizar e premiar aqueles que assumem mais responsabilidades, inovam e investem na sua formação.

3- Resgatar o seu valor na sociedade: É preciso dissociar a imagem negativa da educação do Brasil com o trabalho exercido pelo professor. Uma sugestão é ampliar a divulgação dos prêmios aos professores, de forma a compartilhar iniciativas que podem ser adotadas como modelo para outros lugares do Brasil.

Mídia, governo, sindicatos e outras organizações podem ajudar em campanhas de marketing destacando os benefícios de ser professor, de forma a apresentar essa profissão como uma oportunidade de gerar impacto social e de inspiração para outros jovens. Afinal, um professor tem a capacidade de transformar uma vida, como nenhuma outra profissão consegue fazer de forma tão direta.

Colunista Felipe Baldi
Coluna por

Felipe Baldi

Felipe Baldi é fundador da tangram, edtech que ensina matemática, educação financeira e empreendedora utilizando jogos. Engenheiro Químico, atuou como consultor em diferentes países e trabalhou em startups. Fundador de um projeto voluntário para preparar alunos de escolas públicas para Olimpíadas de Matemática.