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Essa é a Escola Aberta de São Paulo. Uma escola sem aulas e sem turmas, onde os educandos desenvolvem projetos de seu interesse, orientados por tutores e com o envolvimento da família e da comunidade. Inspirada pelas experiências bem-sucedidas da Escola da Ponte (Portugal) e do Projeto Âncora, a Escola Aberta de São Paulo é uma instituição sem fins lucrativos que oferece escolarização para 90 estudantes matriculados gratuitamente no Ensino Fundamental.

A instituição surgiu da vontade de inovar a maneira de se fazer educação no Brasil. É um local de oportunidades para o desenvolvimento das habilidades sociais, críticas e da autonomia, onde são valorizadas as aprendizagens contínuas, consistentes e significativas em uma perspectiva interdisciplinar e global do conhecimento.

“Ninguém aprende autonomia numa aula de autonomia. Ninguém aprende cidadania numa aula de cidadania” – Edilene Morikawa, diretora da Escola Aberta de São Paulo.

Edilene

Edilene trabalha transformação humana desde 1987. Em 2012, após retornar do Japão, onde trabalhou com educação por longos anos, colaborou na criação da Escola Projeto Âncora, juntamente com o Prof. José Pacheco da Escola da Ponte. Atualmente, é diretora e responsável pedagógica da Escola Aberta de São Paulo.

Eu fui até a escola para conhecer de perto o trabalho realizado por toda comunidade. Conversei com a diretora, mas quem me apresentou a escola foram duas estudantes, Eloá e Elis.

Escola Aberta 03Ambas têm um poder de comunicação incrível, algo que nunca havia presenciado em crianças de uma escola tradicional. Ao fim da visita, eu as elogiei pela apresentação. Eloá acabou me confessando que era gaga antes de entrar na escola. Já Elis me disse que aprendeu a ler por meio da música. Incrível, não?

O trabalho que essa escola desenvolve precisa ser modelo e inspiração para outras instituições no Brasil. Veja abaixo as 5 características da escola, as mais interessantes que escutei da diretora, Edilene Morikawa, durante minha visita:

 

1- A escola é um grande caldeirão de pessoas.

A escola está localizada no Bairro Ferreira por um motivo muito especial: é próxima à Chácara do Jockey com cerca de 150 mil metros quadrados de área verde, à favela do Jaqueline e alguns bairros de classe média. A diretora pontua: “Não acreditamos em escola para pobres ou escola para ricos”.

 

2- As crianças aprendem a partir dos seus interesses.

As crianças elegem os assuntos a serem discutidos nas assembléias e nas rodas de compartilhamento, e aprendem a partir dos seus interesses. O desenvolvimento nasce a partir do desejo, da necessidade e da vontade de cada criança para aprender.

 

3- Não há prova, mas tem avaliação para acompanhamento do processo de aprendizagem.

Numa escola onde há aula e série, pressupõe-se que todos, por terem a mesma idade, devem estar na mesma série, aprendendo as mesmas coisas, do mesmo jeito e serem avaliados da mesma forma. Isso gera uma sociedade competitiva e com dificuldade de saber o potencial que tem porque está sempre esperando do outro um comando do que fazer. E a gente precisa transformar isso na escola.

Então, esse trabalho envolve justamente as famílias, para que elas também comecem a se transformar, a olhar a aprendizagem por outro por outro prisma: não pela nota, não como um fim, mas como um processo. Não temos uma prova, mas temo uma avaliação, que é contínua, formativa e sistemática. Tem como finalidade o acompanhamento do processo.

 

4- Todo mundo constrói a escola.

Todas as famílias desenvolvem algum papel dentro da instituição, colocando seus saberes e fazeres em prol dessa comunidade. Em um passeio fora da escola, todo mundo se engaja: as famílias preparam o lanche para as crianças, e o passeio é organizado pelas próprias crianças, desde a cotação de ônibus, da verificação de quem quer ir até as condições e roteiros dentro do parque.

 

5- A gente não faz para as crianças, a gente faz com elas.

As crianças fazem uma atividades porque vêem valor, porque há uma finalidade, e não porque o professor professou o que ela deveria fazer. Tentamos reconfigurar essas práticas educativas. Acreditamos na escola. Acreditamos no papel da escola, porém a forma de fazer a escola que diferencia.

Colocamos em prática as teorias modernas de educação: aprender significativo com respeito à individualidade e ao coletivo, entender a comunidade, aprender para agir e para transformar”, pontua a diretora. Na prática, quando a gente pergunta o que uma criança quer saber, já estamos avaliando: qual repertório que ela tem, o que ela já sabe sobre aquilo que ela gostaria de aprender. A criança vai desenvolver suas competências para aprender, vai se relacionando com a escola toda e com outros especialistas do assunto. E o tutor ajuda a reconduzir, a fazer novas perguntas.

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Colunista Felipe Baldi
Coluna por

Felipe Baldi

Felipe Baldi é fundador da tangram, edtech que ensina matemática, educação financeira e empreendedora utilizando jogos. Engenheiro Químico, atuou como consultor em diferentes países e trabalhou em startups. Fundador de um projeto voluntário para preparar alunos de escolas públicas para Olimpíadas de Matemática.