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As férias escolares estão próximas do fim. Em algumas unidades de ensino, o retorno às aulas começa ainda neste mês e em outras, no início de fevereiro. Mas como recepcionar esses estudantes depois de mais de um mês longe da escola? Como acolhê-los? Como trabalhar o emocional dos alunos no retorno às aulas?

Segundo a psicopedagoga, gestora escolar e psicóloga Mildren Lopes Wada Duque, antes de inserir as crianças e os adolescentes no mundo das matérias curriculares, é preciso convidar, incentivar e motivá-los a voltar para o mundo real.

“As escolas precisam fazer um planejamento com esse prognóstico, não esquecendo do horário de sono que nas férias muda muito, principalmente com os adolescentes”, afirma MIldren. 

É necessário, de acordo com a psicopedagoga, planejar o ambiente, os horários e as atividades, tendo como foco a seguinte pergunta: “Como meus alunos de 2023 viveram suas férias e como voltarão para a escola”? 

“É claro que a resposta certa para essa pergunta será presencialmente, com os discentes, por isso precisamos fazer um prognóstico e a partir dele, planejar as primeiras semanas, tendo a flexibilidade de mudanças”. 

Mildren destaca que cada vez mais as férias escolares se distanciam daquilo que os educadores, juntos com os alunos, construíram durante todo o ano letivo. 

De acordo com ela, a maioria dos estudantes, no recesso escolar, passa o dia em frente de uma tela, sem acesso à vida real e, muitas vezes, sem muito contato com os próprios pais, que continuam com a jornada de trabalho. Assim, o “volta às aulas” torna-se um grande desafio para os educadores.

Para a diretora do Colégio Marly Cury, no Rio de Janeiro, Tatiana Cury Paraizo, os alunos, no retorno às aulas, precisam encontrar um ambiente de acolhimento, com espaço de fala para abordar aspectos socioemocionais, para troca, onde possam ouvir e serem ouvidos.

“É necessário criar um espaço seguro, onde o estudante possa criar vínculos e sentir pertencimento e proteção. No início das aulas, é importante verificar como foi o tempo de afastamento da escola, se houve algum fato relevante que possa impactar neste novo período de adaptação”, diz.

Como trabalhar o emocional dos alunos e o olhar da escola

Ao ser questionada sobre como trabalhar o emocional dos alunos, Mildren afirma que deve ser tratado com o mesmo foco e valor que se trata os conteúdos curriculares das disciplinas. “Como primazia de todas as aprendizagens, pois o ser humano não é fragmentado: as emoções, sua história de vida, seus sentimentos estão com ele a todo momento”.

Segundo a psicopedagoga, a vida emocional do estudante reflete, diretamente, em suas aprendizagens. E isso, afirma, não é só com o aluno, mas com todo ser humano. “Então, as escolas precisam estar abertas para essas questões; precisam ter espaço e tempo para o trabalho com as questões emocionais dos alunos e dos docentes”.

Na Escola Maria Peregrina, a qual Mildren é gestora, todos os educadores têm formação em relação às inteligências pessoais (intra e interpessoal). Todos no seu dia-a-dia, naturalmente, ajudam os alunos desenvolverem essas inteligências e as avaliam observando o progresso do discente. O aluno também o autoavalia. 

“Temos reuniões quinzenais com cada docente, para fazermos os estudos de caso de cada aluno. O foco principal é a inteligência emocional. Nossos professores não são psicólogos, mas são educadores da inteligência emocional. O resultado mais impressionante é a humanidade e compreensão do docente para com o discente e vice-versa. Isso é o grande facilitador para as demais aprendizagens”, afirma.

Diretora escolar, Tatiana Cury diz que as unidades de ensino devem cada vez ter um olhar humanizado e ampliar para além de trabalhar conteúdos. De acordo com ela, trabalhar a inteligência emocional na escola possibilita que os alunos tenham maior manejo das suas emoções, o que é essencial não só no período escolar, mas também para o convívio social e o futuro profissional dos estudantes.  

Tatiana defende o estímulo da empatia e experiências em que os alunos possam se colocar no lugar uns dos outros. Neste sentido, explica, é importante também tratar a educação emocional de forma mais estruturada e sistematizada, permanente e contínua, e não apenas atuar nos momentos de “incêndio”. 

No Colégio Marly Cury, o slogan é “Carinho e Aprendizado”. A escola acredita que o equilíbrio emocional do aluno é que cria as condições para o desenvolvimento cognitivo, e para que o estudante possa elaborar melhor e ressignificar a aprendizagem realizada. 

 

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