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A pandemia da Covid-19 foi nos últimos anos um dos maiores desafios da gestão escolar. No ano passado, além do vírus, a saúde emocional dos professores e dos alunos levou às instituições de ensino a esgotarem todas as ideias e possibilidades para lidar da melhor maneira possível com a crise sanitária sem afetar de maneira significativa a qualidade da educação.

Mas e para 2023? Quais devem ser os principais desafios para os gestores? O que a pandemia, que ainda persiste, mas de maneira mais controlada, ensinou?

“Nos ensinou a ter canais variados e diferenciados de comunicação e transmissão de aprendizagem. Ensinou que o uso das tecnologias tem que fazer parte da realidade cotidiana, não é mais uma questão de ‘se haverá outra pandemia’, mas de ‘quando será’ e ‘como estaremos preparados’”, afirma Jair dos Santos Júnior, mestre e doutor em Sociologia pela Unicamp.

De acordo com o educador, o uso da tecnologia de comunicação e informação não deve ser encarado apenas como plano de contingência, mas como evolução do processo de comunicação com os alunos.

Pedagoga e doutora em Psicologia Educacional pela Faculdade de Educação da Unicamp, Andréa Patapoff Dal Coleto afirma que após o desencadeamento da pandemia, as tecnologias digitais ganharam uma nova centralidade para atender os desafios da educação híbrida.

“É importante a equipe gestora fortalecer os professores a reconhecerem a diversidade dos níveis de aprendizagem, para identificar as defasagens em relação ao conteúdo previsto para o ano em que o estudante está cursando”, destaca.

No entanto, alerta Andréa, este processo deve estar sensível à saúde e ao bem-estar psicossocial de todos (alunos, professores, funcionários e gestores).

 

Desafios das escolas hoje

O ano de 2023 tende a ser a retomada da educação no Brasil, afirma Santos Júnior. “Certamente a educação básica, pública e privada, passa a ser o foco das preocupações na recuperação da aprendizagem. Devemos entender que os desafios pós-covid não estão superados, mas a sua superação deve ser o tema do momento, o que considero já bastante positivo”.

Segundo Andréa, todo início de ano é fundamental rever o PPP (Projeto Político Pedagógico) da escola e seus planos de ação. “Planejar as prioridades para o início do ano letivo para que possam tomar decisões mais assertivas é essencial”, diz.

Ela cita como exemplo, planejar o acolhimento das transições presentes na unidade de ensino, (educação infantil para o ensino fundamental – ensino fundamental I para o ensino fundamental II – ensino fundamental II para o ensino médio). 

“O ingresso das crianças em uma nova etapa de ensino requer uma articulação entre família e profissionais que possibilite que a criança ou adolescente sinta-se acolhida, reconhecendo, aos poucos, novas formas de convivência no coletivo”. 

A pedagoga também diz que um dos desafios dos gestores envolve o currículo da escola. De acordo com ela, é fundamental fazer uma revisão para dar organicidade às ações educativas. Outro grande desafio, afirma, é planejar um processo formativo dos professores frente a temas que se faz necessário em cada realidade. 

“Definir temas de estudo para desenvolver durante o ano letivo, principalmente trazendo à tona as competências gerais para que não percam de vista práticas coerentes no cotidiano escolar”, sugere.

 

Os desafios da gestão escolar e como se antecipar ao que pode vir por aí

A gestão escolar é fundamental para garantir uma escola de qualidade, com acesso e aprendizagem. O gestor e sua equipe devem traçar estratégias para assegurar esses direitos a todas as crianças e estudantes.

Pedagoga e doutora em Psicologia Educacional pela Faculdade de Educação da Unicamp, Andréa afirma que a competência de liderança dos gestores se expressa em sua capacidade de influenciar a atuação de pessoas (professores, funcionários, alunos, pais, outros) para a efetivação dos objetivos e o seu envolvimento na realização das ações educacionais necessárias. 

Por isso, destaca, o gestor precisa estar sempre atento às demandas necessárias, discutir com sua equipe e buscar a resolução do problema ou da conquista de um objetivo. “Uma educação eficaz é assumida como aquela que é capaz de se ajustar às mudanças no dia a dia sem se enfraquecer com os contratempos, que sempre serão latentes em sua ocorrência; portanto, é aquela que sem parar continua seu curso formativo e assume diversos desafios ao longo de suas ações ao longo do tempo”.

 

‘Correr atrás do prejuízo’ também é desafio

Para o mestre e doutor em Sociologia pela Unicamp, Jair dos Santos Júnior, o tema central para superar os desafios da gestão escolar é a medição e desenvolvimento das ações para sanar eventuais falhas da “aprendizagem esperada”. Ou seja, em todos os níveis, na esfera pública e privada, o que se percebe é que os alunos nas diferentes séries não têm o aprendizado exatamente esperado para aquela fase.

Esses resultados são mostrados por meio dos indicadores educacionais do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) ou por medições de outros institutos.

“A partir desta avaliação geral, em todos os níveis da educação básica (da alfabetização ao ensino médio), os gestores devem planejar as ações de correção que suas equipes de professores desenvolverão”, afirma.

Segundo o educador, essas ações de correção podem e devem ocorrer envolvendo toda a comunidade. Aos professores, em sala de aula, caberá a atenção especial para diferenciar a situação de aprendizagem de cada aluno e dar as atenções especiais necessárias.

Aos pais e familiares, orientados pelos professores, devem atuar em casa para reforçar os estudos dos alunos, desde com a revisão de assuntos tratados nos anos anteriores até a inclusão de atividades novas também enviadas pelos docentes.

E os gestores deverão estar ainda mais atentos para eventuais necessidades de programas de reforço e recuperação da aprendizagem. “Por fim, a incorporação de recursos tecnológicos, ou a intensificação destes devem fazer parte de toda a estratégia deste e dos anos a partir daqui”, conclui.

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