5 escolas brasileiras estão entre as finalistas como melhores do mundo
Cinco escolas brasileiras estão entre as finalistas para o World’s Best School Prizes (Prêmio das Melhores Escolas do Mundo), sendo que quatro são escolas públicas e a Camino School é a única instituição de ensino privada do país que concorre a premiação.
O evento, criado em 2022 pela T4 Education em parceria com a Fundação Lemann, Accenture, American Express e Yayasan Hasanah, é considerado um dos mais prestigiados do mundo na área da educação por reconhecer o papel fundamental desempenhado pelas escolas no desenvolvimento de crianças e adolescentes. O prêmio possui cinco categorias e as vencedoras em cada uma delas serão reveladas no segundo semestre deste ano.
“Para nós da Fundação Lemann, o reconhecimento público também é um componente chave para colocar a Educação no centro de nossos principais compromissos como sociedade. Estou orgulhoso de que as escolas do País tenham sido hoje nomeadas entre as principais instituições do mundo neste prêmio de educação global tão prestigioso. Seu sucesso nos Prêmios de Melhor Escola do Mundo é um testemunho de suas conquistas em mudar vidas e melhorar a sociedade. Elas são guias para todos nós enquanto trabalhamos para garantir que cada criança no Brasil possa se beneficiar de uma educação de qualidade”, comemora Denis Mizne, diretor executivo da Fundação Lemann.
Mais de 1.200 escolas em todo o mundo se inscreveram para o prêmio, das quais apenas 50 estão entre as finalistas. Dos 26 países com escolas pré-selecionadas, aqueles com o maior número de instituições nesta etapa são Reino Unido, com seis escolas, e Brasil e Índia, empatados com cinco escolas cada.
As três finalistas principais de cada uma das cinco categorias do World’s Best School Prizes serão anunciadas em setembro de 2023, seguidas pelas vencedoras em outubro. A vencedora de cada prêmio será escolhida com base em critérios rigorosos por uma Academia de Julgamento composta por líderes distinguidos de todo o mundo, incluindo acadêmicos, educadores, ONGs, empreendedores sociais, governo, sociedade civil e setor privado. Um prêmio de 250 mil dólares será dividido igualmente entre as vencedoras dos cinco World’s Best School Prizes, cada uma recebendo uma premiação de 50 mil dólares.
Conheça as escolas brasileiras classificadas entre as finalistas:
MINAS GERAIS
Escola Municipal Professor Edson Pisani – Finalista na categoria “Colaboração Comunitária”
Escola pública de ensino infantil, fundamental e programa de alfabetização de adultos em Belo Horizonte, (MG), tem sido uma fonte de transformação e defesa de longa data para seus alunos e o Aglomerado da Serra, uma das maiores e mais antigas favelas do Brasil.
Com sua capacidade de mobilizar estudantes, famílias e vizinhos, e de coordenar com o governo e líderes locais inúmeras vezes para educar, discutir e propor ações para melhorias na área, a escola é uma voz comprovada para a mudança ao promover práticas de vida sustentáveis, reduzir lixo e melhorar a qualidade de vida da comunidade.
Por mais de 100 anos, a favela Aglomerado da Serra viveu sem direitos básicos garantidos, como água tratada, saneamento e transporte. No início dos anos 2000, a favela passou por várias obras estruturais públicas no âmbito do programa Vila Viva, que incluíram uma nova estrada dividindo o Aglomerado da Serra. Em 2013, o programa propôs uma segunda fase, que incluía a ampliação da rua onde a escola está localizada e o deslocamento de muitas famílias.
Para fazer com que os arquitetos e engenheiros do projeto participassem das reuniões comunitárias e assim ter acesso às informações do projeto, a Escola Municipal Professor Edson Pisani organizou rapidamente a comunidade, coletou assinaturas e depois firmou parceria com as Faculdades de Arquitetura e Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). No final, isso evitou que muitas famílias fossem removidas, como inicialmente proposto.
Enquanto isso, o programa Vila Viva deixou detritos por toda a comunidade, criando áreas perigosas e causando aumento de lixo, pragas e doenças. Também surgiu um problema em relação às fontes de água da comunidade. Novamente, a escola se uniu à Escola de Arquitetura da UFMG para criar o Projeto Água na Cidade, que estudou os problemas relacionados à água e mapeou pontos de água.
As obras abriram uma avenida com duas pistas, o que finalmente possibilitou acomodar um ônibus na favela. Mais preocupada com os carros dos bairros ricos, a prefeitura se recusou a criar a linha de ônibus. A escola, então, em parceria com o movimento Tarifa Zero, mobilizou a comunidade, organizou reuniões, coletou mais de 4.000 assinaturas e realizou diversas outras ações para pressionar a prefeitura. Após dois anos de luta, a linha de ônibus foi criada, conectando a favela ao metrô, gerando mais acesso à saúde, educação e emprego, garantindo assim o direito da população da favela de ir e vir.
CEARÁ
EEMTI Joaquim Bastos Gonçalves – Finalista na categoria “Apoio à Vida Saudável”.
Escola pública de ensino médio em Carnaubal, Ceará, tem fornecido um suporte vital aos estudantes que lutam para reintegrar à sociedade desde a pandemia da COVID-19, além de criar uma cultura de apoio e empatia em toda a comunidade escolar. Com uma queda de 67% em apenas 18 meses no número de estudantes que precisam de apoio social e emocional, o projeto Adote um Estudante da escola não apenas melhorou a vida dos alunos, mas também aumentou a conscientização sobre a importância da saúde mental dentro da comunidade escolar e além dela.
Em uma comunidade onde a violência e outros comportamentos emocionais têm sido comuns entre os estudantes, a escola passou a perceber novas ansiedades afetando as crianças da comunidade à medida que a sociedade começou a se abrir após os períodos de lockdown da pandemia. Dentro da própria escola, cerca de 6% da população estudantil foi eventualmente diagnosticada com problemas emocionais graves, incluindo automutilação.
Como resultado, a escola desenvolveu o projeto Adote um Estudante para identificar os alunos vulneráveis, fornecer assistência por meio de um psicólogo profissional, ajudar os alunos a trabalhar de forma mais eficaz em habilidades socioemocionais nas salas de aula e educar a comunidade escolar sobre a importância da saúde mental.
A escola apresentou inicialmente o projeto aos pais e ao órgão governamental local para ajudar a explicar seus objetivos e aumentar seu alcance. Os estudantes então se encaminham para o programa ou são encaminhados por seus pais ou professores. A partir daí, a escola os inscreve no projeto. Devido ao estigma associado à saúde mental na comunidade, alguns alunos resistem a entrar no programa e só podem ser encorajados.
Do número original no lançamento do projeto em setembro de 2021, menos de 10 estudantes continuam a receber assistência. Aqueles que receberam apoio relataram melhorias na autoestima e bem-estar geral, resultando em melhor desempenho acadêmico e uma renovada sensação de esperança. O projeto também viu um aumento no apoio e engajamento da comunidade.
EEMTI Jaime Tomaz De Aquino – finalista na categoria “Ação Ambiental”
Escola pública de ensino médio em Beberibe, Ceará, está redefinindo o papel da educação na criação de um futuro mais verde e sustentável. Superando os desafios de sua localização e da falta de árvores existentes, a escola tem promovido conscientização ambiental e abordado questões como práticas desperdiçadoras e descarte incorreto de resíduos. Como resultado, a escola tornou-se uma instituição reconhecida por seu compromisso com a sustentabilidade.
Pouco após sua construção em 2019, a EEMTI Jaime Tomaz De Aquino ingressou no Programa Selo Escola Sustentável da Secretaria de Educação do Ceará (SEDUC) como forma de implementar um programa abrangente focado no currículo, gestão ambiental, espaço físico e educação socioambiental, a fim de reverter a consciência limitada sobre questões ambientais e práticas prejudiciais na comunidade.
O currículo da escola introduz temas como “Plástico Nocivo” para conscientizar sobre resíduos, enquanto aulas de campo e oficinas proporcionam experiências práticas na reutilização de garrafas, reciclagem de papel e criação de produtos ecológicos. A escola participa ativamente de eventos e colabora com várias organizações envolvidas na preservação da natureza.
Quanto à gestão ambiental, a escola realiza campanhas de conscientização sobre o uso de energia e consumo de água, utiliza cartazes de lembrete e formou um grupo de trabalho ambiental. Também participa da coleta seletiva de resíduos, reciclagem de papel e reutiliza água dos condicionadores de ar. O espaço físico em si foi aprimorado com novas árvores, jardins suspensos feitos de garrafas recicladas, telhados verdes, um jardim escolar e um protótipo de biodigestor.
A escola também é ativa nas redes sociais para promover o engajamento ambiental e possui um programa de rádio dedicado às informações ambientais.
As ações da escola levaram a um aumento da participação dos alunos em eventos ambientais e a laços mais fortes com grupos de ativismo e educação ambiental. Suas práticas sustentáveis reduziram o consumo de água, aumentaram a captação de água da chuva e produziram adubo orgânico. Notavelmente, ajudou a reduzir o desperdício doméstico descartável em aproximadamente 80%.
SÃO PAULO
EMEB Profª Maria Aparecida De Souza Almeida Ramos – finalista na categoria “Apoio à Vida Saudável”
Escola pública de Educação Infantil em Jundiaí, São Paulo, SP, é um modelo de como a educação na primeira infância pode promover saúde, responsabilidade ambiental e engajamento comunitário. Carinhosamente apelidada de ‘Peixinho’, a escola de educação infantil estabeleceu um Projeto Político Pedagógico que se concentra em conscientizar e envolver pais, comunidades e crianças para uma vida mais justa, sustentável e saudável.
A escola atende crianças de 3 a 5 anos de uma pequena comunidade com poucos recursos econômicos. Por isso, a iniciativa de alimentação saudável da escola forma a base de seu Projeto Político Pedagógico. Para isso, a escola administra sua própria horta e desenvolveu diversas estratégias de ensino para incorporar o projeto. Isso levou as crianças a se interessarem mais pelo plantio, colheita e preparo de alimentos, e as famílias também criaram hortas orgânicas em suas casas com base nas orientações da escola.
Para compensar o tempo que as crianças relatam passar em frente às telas e a quantidade limitada de brincadeiras livres em espaços naturais, a escola também realiza atividades regulares ao ar livre, coletando elementos da natureza para produções artísticas, construindo mandalas (configurações geométricas de símbolos) com folhas e sementes, e incentivando as crianças a fazerem o mesmo em casa.
As atividades ao ar livre em um espaço naturalizado também ensinam as crianças a respeitar as diversas formas de vida que descobrem ao redor da escola, como pequenos animais, plantas e insetos. Isso cria uma conexão com a natureza, onde alguns projetos escolares envolvem cuidar de galinhas e construir um hotel de insetos.
A escola também está focada no cuidado ambiental e sustentabilidade, ensinando às crianças sobre compostagem, como usar água sem desperdiçar, participando de limpezas de ruas para coletar e descartar corretamente materiais recicláveis, bem como o descarte adequado de óleo de cozinha, para ensiná-las como podem minimizar seu impacto no meio ambiente.
Camino School – finalista na categoria “Inovação”.
Única instituição privada entre as finalistas brasileiras, é uma escola independente e trilíngue em São Paulo, SP, que está capacitando os alunos a alcançarem seu máximo potencial com um currículo que se conecta com eles em um nível humano, integra o desenvolvimento socioemocional e utiliza metodologias ativas. A escola forma indivíduos completos que estão preparados para enfrentar o mundo.
Foi fundada em 2020 com o objetivo principal de preparar os alunos para o mundo real, diferenciando-se assim da abordagem tradicional liderada pelo professor no país, ao mesmo tempo em que segue o currículo básico comum nacional. As metodologias baseadas em projetos da escola transformam aulas tradicionais em experiências de aprendizagem inesquecíveis por meio de expedições. Os alunos fazem perguntas, apresentam suas ideias, experimentam e compartilham suas dificuldades para resolver problemas. Essa abordagem de aprendizagem ativa apoia e incentiva os alunos a alcançarem seu máximo potencial.
Ao mesmo tempo, a integração do desenvolvimento socioemocional no currículo contextualiza as habilidades cognitivas, sociais, emocionais e éticas dos alunos, uma abordagem que ajuda os alunos a se desenvolverem como indivíduos completos capazes de transferir seu conhecimento para situações da vida real. Por exemplo, o currículo é ministrado em três idiomas – português, espanhol e inglês -, proporcionando aos alunos maiores oportunidades cognitivas, culturais e econômicas futuras.
De fundamental importância foi a acessibilidade, a diversidade e a acessibilidade para mostrar seu modelo em toda a sociedade e mostrar a outras escolas que elas também poderiam adotar – e ter sucesso com – a abordagem da Camino School.
Com esse objetivo, a escola oferece o Programa de Bolsas Caminantes, que apoia o desenvolvimento integral de crianças e jovens em sua comunidade, contextualizando suas habilidades cognitivas, sociais, emocionais e éticas. Entre 20% e 25% da população da escola são bolsistas provenientes de origens indígenas, imigrantes, minorias étnicas e neurodiversas. Isso enfatiza o compromisso da escola em reduzir as fraturas sociais, o que incluiu a recente publicação do Manual para uma Escola Antirracista, disponível para todos.
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*Com informações da assessoria de imprensa