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Após um ano e meio sem frequentar a escola, muitos alunos retornam ao ensino presencial apenas nesta semana, quando o estado de São Paulo permitiu o atendimento de até 100% dos estudantes. Não há dúvidas que a nova realidade, com protocolos e distanciamento, será desafiadora para a grande maioria, exigindo uma nova adaptação escolar. Entretanto, esse cuidado é ainda mais fundamental para as crianças atípicas.

“Todas as crianças vão ter dificuldades para esse retorno. É uma readaptação do tempo e espaço. Mas as crianças atípicas precisam de um olhar ainda mais atencioso, mais carinhoso, para essa mudança que vai acontecer”, afirma a neuropsicopedagoga e mestre em pedagogia Georgya Corrêa, que é mantenedora da Teia Multicultural e diretora pedagógica da Asas Educação.

De acordo com a profissional, a volta às aulas de crianças com deficiência deve ser planejada, primeiramente, levando em consideração a adaptação da rotina escolar. Como há a necessidade do cumprimento dos protocolos por conta da pandemia, Georgya ressalta que será necessário buscar formas diferentes para que esses alunos aceitem e se adaptem às exigências sanitárias.

“Será que o álcool líquido é melhor? Em gel? Precisamos testar e ensinar a criança a fazer uso. Treinar um pouco com o pai, a mãe ou o responsável para ver qual a melhor maneira e transpor isso para o ambiente escolar, ensinando o professor a repetir da mesma forma esse uso. Será que a criança quer usar sempre o mesmo potinho? São coisas muito simples, mas que tem que ser combinadas e trabalhadas anteriormente”, explica Georgya.

Não há dúvidas que a nova realidade, com protocolos e distanciamento, será desafiadora para a grande maioria, exigindo uma nova adaptação escolar
Não há dúvidas que a nova realidade, com protocolos e distanciamento, será desafiadora para a grande maioria, exigindo uma nova adaptação escolar

A utilização da máscara, que é obrigatória em todas as unidades de ensino, deve ser testada anteriormente com a criança e, assim, observada a forma como ela se adapta melhor. “Se a criança vai para escola, ela tem que estar de máscara, é uma forma dela se proteger, proteger a família e as outras crianças. Encontre uma máscara que ela goste, ensine a usar, faça treinamento deste uso, primeiro dentro do ambiente interno de casa”, sugere a mantenedora da Teia Multicultural.

Georgya acredita que criar hábito das medidas de segurança com a criança dentro da própria família e, aos poucos, inseri-la no ambiente escolar, pode favorecer a adaptação desse aluno. “Converse com a escola e, inicialmente, faça um número de horas menor, se organize para isso. Talvez duas semanas de adaptação sejam suficientes, vai gradativamente ampliando”, orienta. 

A diretora pedagógica Bruna Elias, do Colégio Brasil Canadá, lembra ainda que o processo de adaptação deve ser sempre individual. “Independentemente das crianças atípicas, acreditamos que cada um sente de uma forma e respeitamos o processo de cada aluno nesse sentido. Sempre trabalhamos em parceria com as famílias e os profissionais que atendem às crianças, refletindo sobre as melhores estratégias para cada uma”, ressalta.

Para o empresário Lucas de Briquez, co-owner na Teia Multicultural, outro ponto importante é todo o corpo docente estar atento na volta desse estudante para a escola. “Precisamos levar em conta as características e peculiaridades de cada criança, captando a percepção de gestos corporais e desconfortos muitas vezes não verbalizados, mas que podem ser sentidos”, afirma.