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Um levantamento divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) aponta que o Brasil pode regredir duas décadas em termos de educação devido ao aumento da evasão escolar. Nos últimos anos, o país estava conseguindo avançar na garantia de acesso à escola, mas houve um retrocesso com a pandemia.

De acordo com o Unicef, em novembro de 2020 mais de cinco milhões de jovens com idades entre seis e 17 anos não estavam frequentando a escola. Desses, 41% tinham entre 6 e 10 anos, sendo a maioria crianças pretas, pardas ou indígenas, principalmente habitantes das regiões Norte e Nordeste do país.

Para a oficial de Educação do Unicef no Brasil, Julia Ribeiro, “é muito importante ter um olhar voltado para as crianças e adolescentes de modo a impedir que o vínculo com a escola se rompa. Porque depois que esse vínculo é rompido, é difícil retomá-lo”.

Evitar que jovens em situação de vulnerabilidade deixem de assistir às aulas – sejam remotas ou presenciais – deve ser prioridade não apenas da escola, mas de toda sociedade. “Houve um grande crescimento durante a pandemia, mas a evasão é uma realidade histórica da educação brasileira. Avançamos com políticas públicas educacionais para garantir maior equidade no acesso à escola, mas as políticas de permanência seguem frágeis”, afirma Angela Biscouto, que é consultora pedagógica do Sistema de Ensino Aprende Brasil. Ela acrescenta que alimentação, transporte, renda e outras áreas influenciam diretamente nessa permanência.

Busca ativa

Trabalhar em conjunto é fundamental para enfrentar o problema. Uma das sugestões do Unicef é a busca ativa dos estudantes que estão fora da escola ou daqueles que correm o risco de evadir. Atuando em parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), o Unicef criou a Busca Ativa Escolar, uma força-tarefa para trazer essas crianças de volta à escola.

O presidente da Undime e dirigente municipal de Educação de Sud Mennucci, em São Paulo, Luiz Miguel Martins Garcia, explica que, durante a pandemia, um dos grandes desafios é fazer com que os estudantes encontrem sentido na escola.

“Em alguns casos, a vulnerabilidade é tão grande que a criança não vê sentido em continuar estudando. Isso faz com que seja difícil tornar a escola um compromisso diário”, destaca. A busca ativa, nesse sentido, é um resgate dos muitos direitos dessas crianças e adolescentes e envolve não apenas a Secretaria de Educação dos municípios, mas também a Secretaria de Saúde, de Assistência Social e outros órgãos da administração pública.