Muito além de emocionar e entreter, os filmes nacionais podem ser grandes aliados para os estudantes entenderem contextos políticos, históricos e culturais, por exemplo. O próprio Ministério da Educação (MEC) reconhece a exibição de obras cinematográficas como um recurso para impulsionar o processo de ensino e aprendizado.
Para Thiago Braga, autor de Língua Portuguesa do Sistema de Ensino pH, utilizar filmes como complemento para o aprendizado dos alunos é um bom método para que eles possam promover reflexões e apresentar outras percepções de como abordar as diversas práticas sociais que existem no mundo.
“O cinema sendo uma arte mimética acaba sendo uma releitura da realidade e, ainda que ficcional, alisa a realidade, trazendo os elementos culturais e comportamentais do real”, explica Braga.
Os filmes também agregam na construção de um repertório sociocultural, desenvolvendo toda uma bagagem de referências e conhecimentos gerais que podem ajudar na vida pessoal da pessoa, quando estiver inserido no mercado de trabalho e, principalmente, academicamente na melhora do aprendizado como um todo ou em situações como a prova do Enem ou vestibulares.
Além da função de repertório, as obras nacionais também ajudam os estudantes a entenderem a realidade socioeconômica e política do nosso país por trazer personagens e contextos tipicamente brasileiros, priorizando discussões relevantes à vida no campo e nas cidades do Brasil.
“O cinema nacional monta um quebra-cabeça importante sobre a realidade do país na mente dos nossos alunos, promovendo como um item de prática social, de entendimento do contexto social e que, muitas vezes, é deturpado pelas pessoas”, completa Braga.
O educador exemplifica que para entender todos os meandros da nossa sociedade, é importante ver o filme nacional “Que Horas Ela Volta?”, protagonizado pela Regina Casé, que mostra a realidade da empregada doméstica de uma família de classe média quando ela sai do trabalho.
Nesse sentido, os componentes presentes nos filmes brasileiros acabam tendo papel muito importante para o desenvolvimento da consciência social e da percepção de uma realidade que é muito mais próxima da nossa do que a representada nas obras estrangeiras.
Conheça 8 filmes que podem cair no vestibular:
1 – Cidade de Deus
Além de ser um retrato rico de uma comunidade no Rio de Janeiro, o filme é essencial para o entendimento do contexto urbano brasileiro, com a ascensão do tráfico de drogas, a vida nas periferias e nas favelas junto de todos os seus problemas e o descaso governamental com as classes menos abastadas no Brasil.
2 – O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias
De uma perspectiva mais íntima, o filme mostra o contexto da ditadura militar que começou na década de 60 do século passado pelo olhar de uma criança cujos pais se ausentam de sua vida por estarem envolvidos na luta política.
3 – O Que É Isso, Companheiro?
Trazendo por uma visão mais sóbria, adulta e envolvida diretamente em ações da luta armada, o filme retrata a ação de grupos de guerrilha e é muito importante para o aprendizado dos acontecimentos da Ditadura Militar brasileira.
4 – Tropicália
Por meio de material fotográfico, sequências de filmes e programas de TV recuperados, o documentário utiliza imagens de arquivo autênticas dos anos 60 para explicar o que foi o movimento que marcou a cultura brasileira e é assunto recorrente em provas de vestibulares.
5 – Que Horas Ela Volta?
O filme usa da história pessoal de uma empregada doméstica que, apesar de ser considerada “parte da família”, tem que ficar isolada no seu quarto e viver uma vida absolutamente conturbada para tratar de assuntos complexos da sociedade brasileira.
6 – Carandiru
O longa-metragem mostra a dura realidade dos detentos da maior prisão da América Latina durante a década de 90 e propõe uma reflexão sobre a situação prisional no Brasil, violência policial e a agressão aos direitos humanos.
7 – Bacurau
Disfarçado pela comédia do filme, é outro exemplo para uma completa compreensão do descaso que se tem com as classes menos abastadas no Brasil, refletindo sobre a desigualdade social e com o nosso complexo de vira-latas em relação aos estrangeiros.
8 – Ilha das Flores
Embora seja alegórico, o curta-metragem da década de 80 e premiado em Cannes aborda a desigualdade social, além da desumanização de pessoas menos abastadas no nosso país, trazendo uma história delicada para refletir o papel da humanidade, não apenas no Brasil, mas como um todo.
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