Convidada do Ex Talks, Débora Garofalo fala sobre a vivência de ensinar robótica na periferia de SP
A 2ª edição do Ex Talks – Histórias que inspiram, realizada na tarde desta quinta-feira (30), contou com a participação da professora Débora Garofalo, que foi a primeira mulher brasileira e primeira sul-americana a ser finalista no Global Teacher Prize, considerado o Nobel da educação, sendo considerada uma das 10 melhores professoras do mundo. Durante o bate papo, a educadora contou sobre sua experiência de ensinar robótica na periferia de São Paulo.
O projeto, chamado de ‘Robótica com Sucata’, surgiu a partir da vontade de transformar a vida das crianças e dos adolescentes. “Quando perguntei para a coordenadora se eu poderia ensinar robótica, ela perguntou o porquê eu achava que trabalhar com tecnologia poderia dar certo. Eu respondi que a tecnologia pode mudar a vida de crianças e jovens”, afirma.
Neste período, Débora lecionou para 1000 alunos de ciclos de aprendizados diferentes. E, segundo ela, percebeu que para 70% desses estudantes o lixo era uma questão problemática no dia a dia deles. Foi, então, que surgiu a ideia trabalhar a robótica utilizando a sucata. “Pensei em unificar o lixo e transformar em objeto de conhecimento, com a proposta de ir para as ruas, coletar esse material e transformá-lo em protótipos de robótica”, pontua.
Para desenvolver o projeto, a professora e os alunos foram para as ruas coletar os materiais e que foi transformador para Débora. “A primeira vez que sai nas ruas, fiquei dois dias sem me alimentar por ver as condições daquelas crianças. Entendi por que as crianças não tomavam banho para ir na escola, pois não existe saneamento básico na comunidade. Vi ratos entrando na casa das crianças”, lembra. Sucesso na escola, o projeto ‘Robótica com Sucata’ ajudou a diminuir a evasão escolar e, ainda, conseguiu motivar os alunos com problemas de indisciplina.
Violência – Durante sua apresentação no ‘Ex Talks – Histórias que inspiram’, Débora revelou uma história que aconteceu no ano de 2010. Durante uma tarde, a professora estava lecionando para uma turma do 6º ano e fechou a porta devido ao barulho externo. Segundo ela, naquela época era comum pessoas de fora do colégio pularem os muros para usarem a quadra.
Foi, então, que alguém chutou a porta, atingindo uma cadeira de ferro que caiu na perna de Débora. “Na hora achei que eu tinha tomado um tiro, tamanho a dor. Fui para o hospital e tive rompimento dos ligamentos da coxa. Eu tinha tudo para deixar a sala de aula, mas me fez ver que não dava mais para lecionar dentro da minha sala de aula fechada. Era hora de fazer projetos envolvendo a comunidade. Isso foi muito importante e significativo”, relembra.