Do deserto à sala de aula: como uma excursão docente ao Atacama transformou o ensino no Colégio Integração
Viajar não é apenas um hobby para a direção do Colégio Integração – trata-se de uma filosofia de vida que molda sua missão educacional. Para a diretora Verena Sacchetti, explorar o mundo é uma das formas mais ricas de ampliar bagagens culturais e transformar a prática pedagógica. Foi com essa visão que, há oito anos, nasceu a ideia de organizar excursões para o corpo docente.
A excursão ao Deserto do Atacama, realizada em outubro deste ano, não foi diferente. O objetivo, sobretudo, foi proporcionar aos professores vivências únicas, que conectassem a teoria dos livros à prática.
“Quando a gente fala para o nosso aluno que ele tem que trabalhar usando a prática, a experiência, é preciso que o professor também vivencie isso. A forma que eu encontrei para o professor de História vivenciar, por exemplo, as Pirâmides do Egito, foi levar ele até lá. […] é diferente quando aquilo sai do papel e se torna real, se torna vivo, porque o professor sente o cheiro daquilo, o espaço ao redor, ele vai contar ao aluno aquilo que ele viveu.”, explica a diretora.
Planejamento cuidadoso e envolvimento da equipe na excursão
Organizar uma excursão com 23 professores, no entanto, exigiu atenção e planejamento. Desde a escolha do destino – definida pelo custo-benefício e apelo cultural – até a logística e reposição de professores na escola, cada detalhe foi pensado para garantir o sucesso da experiência.
A diretora compartilhou que os professores participam ativamente das decisões, desde a escolha dos passeios até a seleção de hotéis. “Eles meio que ajudam a construir isso, fazem parte do processo. Eles ajudam a escolher os passeios […], porque é uma forma, também, de se envolverem.”
Durante os dias no deserto, a equipe escolar encontrou formas de garantir a continuidade das aulas. Professores extras, auxiliares e estagiários entraram em ação para assegurar que os alunos não fossem prejudicados.
Transformações na prática pedagógica
As vivências no Atacama deixaram marcas profundas no corpo docente. A professora Camila Gimenes, de Geografia, compartilhou como a experiência de estar diante de um vulcão ativo e dos gêiseres redefiniu sua abordagem sobre desertos:
“É diferente você […] estar naquele ambiente, você sentir a amplitude térmica, você ver a coloração dos minérios, ver a formação das cordilheiras, é totalmente diferente. Eu tenho certeza de que quando eu for dar aula, eu vou ter muito mais propriedade, explicar com muito mais detalhes o que são as coisas do que só ficar presa aos livros.”
Já a professora de Física, Maricler Appel, usou as lições práticas do deserto para enriquecer suas aulas, abordando conceitos como altitude e sensação térmica.
“Se você viver o deserto, ali tem muita vida, tem muita coisa, lá não é escassez.”, reflete a diretora, reforçando como o ambiente trouxe novas perspectivas sobre o que é ensinado em sala de aula.
Dicas para outras escolas que desejam fazer excursão
Para instituições que desejam adotar iniciativas semelhantes, a dica é começar pequeno e valorizar o que o Brasil tem a oferecer. “Você não precisa ir tão longe, o Brasil é riquíssimo. Tem as cidades históricas em Minas Gerais, […]. Se quiser ir um pouquinho mais longe, vá para o Pantanal, Amazônia. Você não precisa sair do Brasil, precisa [apenas] proporcionar a experiência.”, sugere Verena.
A simplicidade também é essencial. Evitar intermediários, como agências de viagens, permite reduzir custos e viabilizar o projeto. No Colégio Integração, os custos são compartilhados entre os participantes, com pagamentos facilitados para que todos possam participar.
Planos para o futuro
Com a retomada das viagens internacionais após a pandemia, o Colégio Integração já está planejando seus próximos destinos. Egito, Tailândia e Turquia estão entre as opções mais pedidas pelos professores.
Embora exista o desejo de incluir alunos em futuras excursões, o foco atual permanece nos professores. Isso porque, atualmente, as viagens são momentos de aprendizado e fortalecimento de vínculos entre os docentes. Dessa forma, incluir alunos seria uma iniciativa diferente, com outros objetivos e logística.
Mais que uma viagem: uma transformação educacional
A experiência no Deserto do Atacama reafirma o poder transformador de conectar vivências práticas ao aprendizado teórico. Beneficiando professores e alunos, iniciativas como essa mostram que a educação pode – e deve – ultrapassar as paredes da sala de aula. Para o Colégio Integração, o mundo é o limite.
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