Editores lançam campanha para imprimir livros para crianças ucranianas refugiadas
Pensando nas crianças ucranianas que precisaram sair de casa às pressas, deixando tudo para trás para tentar sobreviver à guerra e que agora se encontram em países que não conhecem e tendo que se comunicar em uma língua que não compreendem, o Instituto do Livro Ucraniano pediu uma ajuda especial à Federação Europeia de Editores. O instituto quer apoio para imprimir livros de seus editores nos países que estão acolhendo os cerca de 3 milhões de refugiados que deixaram o país desde o começo da guerra.
Uma campanha de financiamento coletivo foi lançada nesta terça-feira, 22, na Feira do Livro de Bolonha, para atender a este pedido. “Esses livros ucranianos vão ajudar as crianças a se entreterem ao mesmo tempo que vão poder manter os laços com sua casa”, segundo o comunicado.
“Estamos completamente tocados pelo que está acontecendo na Ucrânia. Colegas pediram ajuda na sexta, 18, para abrir uma conta na Europa para levantar fundos. Essa é uma coisa prática que estamos fazendo e espero que mais gente possa ajudar. É importante que as crianças continuem podendo ler em ucraniano, embora eu tenha certeza de que elas vão aprender rapidamente a nova língua”, disse Anne Bergman, da Federação Europeia de Editores, durante a apresentação.
O estande coletivo da Ucrânia, na feira, está vazio. Há uma grande placa com os dizeres: “Este é o estande ucraniano. Este estande está temporariamente vazio. Ele está vazio porque os ucranianos estão na linha de frente.” A Rússia também não veio – o espaço destinado aos editores russos, que seria patrocinado pelo governo Putin, foi desconvidado.
Em homenagem à Ucrânia, a feira fez um manifesto, assinado também por outras feiras do mundo – a Bienal do Livro de São Paulo inclusive -, que foi colocado na entrada do evento e também está impresso no material que todo visitante recebe. “Nós, categoricamente, achamos deplorável o uso da força pelo regime russo. Não podemos permanecer quietos ou indiferentes à transformação que a Rússia está fazendo da Ucrânia em um campo de extermínio.”
A feira rompeu comunicação com qualquer expositor que tivesse alguma relação com instituições públicas estatais e abriu a feira com uma pequena, mas simbólica, exposição com os livros ucranianos que tinha em seu acervo. Nesta terça-feira, porém, uma caixa que viajou com muito custo da Ucrânia até a Polônia e então até Bolonha, chegou à feira com novos livros para serem apresentados ao público.
Maria Fernanda Rodrigues