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As escolas da rede de ensino fluminense deverão fazer, anualmente, uma campanha de prevenção e combate à automutilação. Um projeto de lei que determina a ação foi sancionado pelo governador do Rio de Janeiro e publicado Diário Oficial desta segunda-feira (30).

A Campanha Estadual de Prevenção e Combate à Automutilação deverá promover palestras educativas, informativas e de conscientização ao longo do ano letivo, bem como divulgar medidas que podem ser adotadas para prevenir e combater a automutilação de crianças e jovens. A lei também prevê que sejam distribuídas cartilhas informativas sobre o tema.

De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 20% dos jovens brasileiros se automutilam, o que representa 14 milhões de pessoas. A Secretaria de Estado de Educação está autorizada a firmar convênios para que a lei seja cumprida. O Poder Executivo deverá regulamentar as normas complementares necessárias.

 

Prevenção e combate à automutilação é considerado uma emergência médica

Em entrevista à Agência Brasil, o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antonio Geraldo da Silva, avaliou que esse tema “é uma emergência médica”. Segundo ele, existe uma lei, que trata da prevenção da automutilação e do suicídio, já preconiza isto.

“É preciso apenas que [essas campanhas] sejam feitas por técnicos capacitados”.

Atualmente, informou ele, o suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no mundo, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Essa estatística é muito alarmante e deve ser alvo de preocupação de todos os governantes”.

Para o presidente da ABP, leis como a sancionada pelo governo fluminense podem ser consideradas grandes avanços na área de prevenção ao suicídio no Brasil, “pois ao serem criadas estratégias de prevenção como as impostas pela nova lei, conseguimos fortalecer a luta em defesa da saúde mental pública de qualidade para todos”.

 

Epidemia

O professor de psiquiatra da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC RJJ), Jorge Jaber Filho, ressaltou que a iniciativa de prevenção e combate à automutilação, além de importante, é oportuna, porque esse problema é cada vez mais comum na população infantojuvenil, especialmente entre o sexo feminino.

“Praticamente uma epidemia, que pode evoluir para tentativas de suicídio, algumas graves. Campanhas anuais promovidas pelas secretarias de Saúde e Educação podem ajudar a reverter esse quadro, com foco tanto na prevenção quanto nos possíveis tratamentos. Elas devem incluir os pais, pois muitas vezes os sinais surgem em casa; e quanto mais cedo forem detectados, melhor”, afirmou.

 

Segundo o professor da PUC-RJ, a automutilação é muito comum em portadores de transtorno de personalidade borderline, cujo diagnóstico só é dado a pessoas com mais de 18 anos; e em pessoas com distúrbios como ansiedade, depressão e o chamado transtorno desafiador.

O tratamento utiliza medicação, mas é essencialmente psicoterapêutico, com psicólogos e outros profissionais, que trabalharão o lado emocional. “Os remédios estabilizam o paciente e permitem que as outras terapias façam seu papel, atacando o problema em sua verdadeira origem”, completou.

 

*Fonte: Agência Brasil, com edição do Escolas Exponenciais