A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou a vacina CoronaVac para ser utilizada na imunização de crianças e adolescentes de 6 a 17 anos, com veto à aplicação em imunossuprimidos. A vacina é a segunda liberada para crianças e adolescentes, sucedendo a Pfizer, aprovada em dezembro de 2021 para as idades de 5 a 11 anos.
Magda Carneiro-Sampaio, imunologista e professora titular de Pediatria da Faculdade de Medicina (FM) da USP, falou ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição sobre a vacinação de crianças e adolescentes.
Segundo a especialista, a liberação da CoronaVac é uma notícia feliz para a população como um todo. “Existe uma possibilidade de vacinar um grande número de crianças nessa idade escolar, em razão do Instituto Butantã dispor de um grande estoque da CoronaVac”, conta.
Magda explica que a importância de vacinar essa faixa etária da população está em dar proteção às próprias crianças, mas também aos familiares e às outras pessoas que convivem com a criança.
A especialista destaca que a faixa etária de 5 a 12 anos constitui quase 10% da população brasileira e que vacinar esse grupo expandirá consideravelmente a porcentagem vacinada da população.
Necessidade de aprender
A importância está, também, na proteção do ambiente escolar, essencial para a regularização do ensino. A pediatra comenta o impacto negativo que a pandemia teve na formação de crianças e adolescentes, especialmente na formação dos que vivem em condições socioeconômicas menos favoráveis.
“Precisamos ter um ano letivo em 2022 produtivo, sem interrupções e essa vacinação das crianças em fase escolar é absolutamente crítica para isso.”
Impedimento aos imunossuprimidos
A aplicação da CoronaVac está vetada para imunossuprimidos, pessoas que têm condições que as levam a ter uma resposta imune baixa. Essa condição está comumente associada ao uso de medicações imunossupressoras, como as usadas no tratamento de doenças autoimunes e no tratamento de neoplasia.
Magda chama atenção ao fato de que há comorbidades que não alteram a resposta imune, como a asma brônquica.
Destaca ainda que no máximo 15% das crianças e adolescentes têm algum tipo de comorbidade, sendo o tipo mais comum as comorbidades decorrentes de alergia respiratória.
Quando tomar e o que esperar
Crianças e adolescentes que tiveram covid-19 e já se recuperaram podem e devem tomar a vacina. Já no caso dos que ainda estão combatendo a doença, é necessário esperar ao menos duas semanas, o tempo necessário para que se recuperem. Isso porque, durante a fase aguda da covid-19, o sistema imune já está comprometido combatendo a doença.
As vacinas disponíveis são seguras e as possíveis reações à aplicação são leves. É normal sentir um pouco de dor no local da aplicação. Algumas pessoas podem sentir um leve mal-estar nos primeiros dias após a aplicação, o que não deve causar preocupação.