Uma incursão na cultura popular é o objetivo do evento Fazer Pensar Brasil, que está na terceira edição e será realizado entre os dias 12 e 24 de julho (bit.ly/jornadabrincante), a partir de 10h30, de forma virtual e com caráter beneficente. Promovido pelo Instituto Brincante, o projeto tem programação extensa, entre palestras e oficinas, com ingresso único a partir de R$ 50 (bit.ly/IngressosFPB2021) – o dinheiro arrecadado com os ingressos será destinado a organizações da sociedade civil de pequeno porte com projetos sociais de suporte às populações vulneráveis e para a remuneração dos professores, equipe técnica e de produção, afetados pela pandemia da covid-19.
Sobre essa jornada cultural, Antonio Nóbrega, de 69 anos, fundador do Brincante junto com sua mulher, Rosane Almeida, afirma que este “é um evento multidisciplinar constituído de palestras, oficinas, aulões e performances distribuídas em duas semanas num total de 60 horas de atividades”. A finalidade do projeto, segundo Nóbrega, “é colocar a cultura no meio da roda, sobretudo a do mundo popular brasileiro tão mal compreendido, folclorizado”. Para conseguir fomentar esse debate cultural, o músico pernambucano destaca a participação de nomes expressivos, como Nei Lopes, Luís Antonio Simas, Stela Guedes, Klévisson Viana, Henrique Cazes, Antônio Meira, Flaira Ferro, entre outros.
Essa será também uma chance de mostrar a importância da cultura popular e o que se produz em regiões variadas pelo País. Exemplos desses estudos podem ser vistos em algumas oficinas, como a que será ministrada pelo poeta e ilustrador Klévisson Viana, e que levará o público ao mundo da literatura de cordel. Também a professora Silmara Cardoso vai revelar artefatos culturais dos povos indígenas, como grafismos, brinquedos e brincadeiras. Haverá ainda uma palestra com o músico carioca Nei Lopes, sobre um tema que domina plenamente: o samba e suas variações.
Para Nóbrega, essa variedade de atividades e temas é um retrato do Brasil, “um país habitado por dois mundos culturais: os valores e imaginário de um deles é de base europeia, ocidental, é globalizado, e o outro tem como base os imaginários indígena, africano e luso popular”. Continuando em sua análise, diz que esse primeiro é hegemônico, institucionalizado e oficializado, enquanto o segundo, subalternizado, informal e folclorizado. “Trazer à vista esse segundo, historicamente mal conhecido e pior compreendido, sim, é um dos objetivos da Jornada”, afirma.
E é o que mostra, na prática, em todas as atividades, a relevância de nossas raízes culturais. “Trazer uma compreensão não idealizada ou ufanista e tentar responder também à questão: em que medida as formas e os bens simbólicos do mundo cultural popular podem colaborar em dirimir as angústias e as distorções provocadas pelo mundo cultural mainstream?”, questiona o músico. Além disso, Nóbrega destaca a relevância de um evento como esse justamente no momento em que vivemos. “É tão absurdo, atroz, impensável o que estamos vivendo em relação à educação e cultura que eventos que discutam essas questões são indispensáveis.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Eliana Silva de Souza