Leituras e brincadeiras contribuem no desenvolvimento do senso crítico
Ler e escrever são apenas o primeiro passo para que uma pessoa se desenvolva como indivíduo crítico. E, mesmo antes que uma criança seja alfabetizada, é possível usar brincadeiras e livros para começar a formar seu senso crítico.
A consultora pedagógica do Sistema de Ensino Aprende Brasil, Michelle Floriani, explica que o brincar, por exemplo, é fundamental para trabalhar habilidades como a criatividade, a imaginação e a compreensão do simbólico.
“O brincar que se apresenta hoje nas escolas também traz construções socioemocionais. As brincadeiras possibilitam que os alunos ocupem lugares sociais e construam consciência a partir de outra forma de olhar. Elas trazem o simbólico e a imaginação e ensinam por outro processo cognitivo”.
Michelle lembra, no entanto, que, para que isso aconteça, é necessário que os educadores desempenhem um papel de mediadores, usando essas brincadeiras para começar a suscitar nos estudantes as primeiras noções de questionamento.
Qual a importância do senso crítico?
Mas o que é o senso crítico, afinal? A fundadora do Instituto Pró-Saber São Paulo, Maria Cecília Lins, que atua na comunidade de Paraisópolis com foco no combate às desigualdades e na transformação social com a ajuda da leitura e do brincar, explica que “ter senso crítico é não receber as informações, notícias e situações de forma passiva. Ou seja, é aprender a fazer perguntas. E é papel do educador ensinar a fazer perguntas, para criar pessoas que se questionam e não aceitam, simplesmente, a vida como ela é”, afirma.
Para a especialista, a escola não pode ser apenas um espaço de transmissão de cultura, mas precisa ser também um espaço de produção de cultura. Por isso, segundo ela, falar sobre os acontecimentos sociais em sala de aula e, por meio deles, debater temas como a inclusão, a desigualdade social e a desigualdade de gênero são indispensáveis. “Tudo isso mobiliza porque faz parte das constituições familiares, hoje, e nos mostra como a sociedade avança ou fica estagnada. É importante despertar esse olhar nas crianças”, completa.
Dicas para trabalhar o senso crítico com as crianças
Algumas atitudes simples podem ajudar a despertar o senso crítico, mesmo entre as crianças mais novas. Confira dois exemplos:
- Conversar com os pequenos sobre as brincadeiras das quais eles participam. Estimular que eles falem sobre o recreio escolar, do que mais gostaram naquele dia, do que não gostaram, porque gostaram ou não. É uma prática que pode ser desenvolvida tanto pelos professores, quanto pelos pais.
- Invista em rodas de leitura seguidas de conversas sobre o que se leu. Perguntas como “o que você sentiu lendo/ouvindo essa história?”, “de quais personagens mais gostou e por quê?” e “que situações ou cenários te chamaram a atenção nessa história?” são bons pontos de partida para isso. Por fim, quando os adultos podem participar das brincadeiras das crianças têm uma ótima oportunidade para entender melhor como elas pensam. “São dicas simples, mas que permitem desenvolver o tempo da escuta”, finaliza.