Quando criança, o educador Marcelo Xavier era um aluno que não tinha simpatia pelos números. No Ensino Fundamental, a dificuldade aumentou e ele chegou até mesmo a pensar que seria reprovado. Mas toda essa história mudou quando ele conheceu a matemática criativa por meio das Olimpíadas de Matemática.
“No momento em que a matemática saiu da área do meu cérebro onde estão as obrigações e foi para a área onde estão os prazeres, foi fácil me apaixonar”, conta Xavier, que chegou até mesmo a ser o primeiro colocado em uma das edições da competição.
Mas a superação não parou por aí. O encantamento foi tanto que influenciou até mesmo na escolha da sua carreira. Xavier virou professor de matemática e hoje é Diretor de Ensino da Inspira Rede de Educadores.
O Escolas Exponenciais entrevistou o educador, que contou um pouco mais sobre como a matemática criativa foi fundamental no seu desenvolvimento escolar. Confira!
Escolas Exponenciais: Qual era sua relação com a matemática durante a infância?
Marcelo Xavier: Não posso dizer que tenha sido um daqueles alunos que dizem odiar matemática, mas também não era um dos mais simpáticos ao tema. Entretanto, quando o tal do “x” e “y” entraram na minha vida, aí sim entrei em pânico, tendo quase sido reprovado no 7o ano. Tive muita dificuldade de entender o objetivo de se usar variáveis e neste momento cheguei a acreditar que a Matemática seria um problema na minha vida.
EX: Como a matemática criativa foi importante para mudar todo esse cenário?
Marcelo Xavier: Quando cheguei ao Ensino Médio, a escola onde estudava me apresentou a matemática das Olimpíadas de Matemática. Comecei a enfrentar questões que não repetiam um modelo pré-estabelecido e repetitivo. Nesta “nova” matemática, ser criativo era a principal ferramenta. Os problemas, apesar de difíceis, ao invés de me afugentarem, me atraíam como fases difíceis de um videogame que são capazes de atrair qualquer criança ou jovem.
EX: O que o fez gostar de matemática criativa?
Marcelo Xavier: No momento em que a matemática saiu da área do meu cérebro onde estão as obrigações e foi para a área onde estão os prazeres, foi fácil me apaixonar. Comecei a participar de Olimpíadas e os resultados foram ficando cada dia mais aparentes, chegando a ser o primeiro colocado em uma Olimpíada Brasileira.
Além de ter conquistado duas medalhas de prata em Olimpíadas Ibero-americanas de Matemática e uma de bronze na Olimpíada Internacional de Matemática.
Sinceramente, acho que não passei pela fase do “gostar”, fui direto para fase de apaixonado pela matemática.
EX: Como tornar o ensino de matemática mais atrativo para crianças e adolescentes?
Marcelo Xavier: A matemática escolar por muitas vezes é escrava dos processos de avaliação. Como o aluno será cobrado em uma prova, os professores ficam muito preocupados em criar padrões para que os alunos consigam fazer boas provas e não sejam reprovados. Isso não é matemática de verdade!
A essência da verdadeira matemática está na capacidade de criar ao se deparar com novas situações. Não se trata de saber repetir padrões. As crianças e adolescentes, com certeza, também podem se apaixonar se dermos mais asas a criatividade. Os alunos têm o direito de viver essa realidade diferente.
Se o modelo de avaliação é o problema, então que se mude este modelo.
Por exemplo, um professor poderia preparar uma avaliação cheia de questões criativas e mudar o conceito do que é uma nota dez. Afinal, um aluno que conseguisse demonstrar sua criatividade “autoral” em uma fração dessas questões é, com certeza, muito melhor que aqueles que acertam 100% das questões de uma prova com questões enfadonhamente repetitivas.
Escolas Exponenciais
Como a cultura matemática contribui para o desenvolvimento da sociedade
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