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Apesar de muitas pessoas acreditarem que a prática incessante seja a melhor maneira de aprender e fixar um novo conhecimento, estudos recentes mostram que realizar pequenas pausas podem ajudar o processo de aprendizagem e torná-lo mais eficaz. O neurologista e professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, Alan Luiz Eckeli, diz que muitas variáveis precisam ser consideradas durante esse processo.

Os especialistas alertam que a prática incessante, ao contrário, pode gerar demanda excessiva nos sistemas neurais e cognitivos levando gradativamente à fadiga. Assim, a interrupção da tarefa para que haja uma recuperação, conforme apontam muitos estudos internacionais na área de aprendizagem, “nos mostra que as pausas incluem uma melhora na aprendizagem e na retenção dela”, afirma a fonoaudióloga e professora da FMRP, Marisa Tomoe.

Para saber quando fazer o intervalo, o professor Eckeli informa que alguns sinais sinalizam o momento de fazer uma pausa e recuperar a atenção. “Nosso corpo sinaliza quando a gente está com queda da atenção, ou seja, quando a gente está fatigado, cansado. Um exemplo disso é quando você lê um ou dois parágrafos e não lembra o que leu. Esse seria o momento da pausa.”

Atividades para realizar durante as pausas

Estudos apontam que atividades como relaxamento e exercícios físicos são bem-vindas durante os intervalos e podem, até mesmo, potencializar os efeitos dos pequenos descansos. “O treinamento de relaxamento direciona a atenção do indivíduo para uma experiência física ou emocional que são calmantes”, adianta a fonoaudióloga.

Quanto à prática de atividades físicas, Marisa afirma que também pode ajudar, servindo como uma distração dos pensamentos estressantes e levando a uma melhora em relação ao desempenho do indivíduo. E as afirmações são válidas para qualquer tipo de aprendizado em qualquer faixa etária. “Os benefícios das pausas são demonstrados em qualquer nível, seja na educação infantil ou em uma pós-graduação”, afirma a professora Marisa.

Os professores Eckeli e Marisa fazem referência ao artigo Comparison of rest-break interventions during a mentally demanding task, publicado na revista Stress and Health, mostrando que pequenas pausas, durante a aquisição de uma nova habilidade, estão associadas a um aumento de 5% do desempenho quantitativo e até 8% do desempenho qualitativo.

Texto: , Jornal da USP