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Adolescentes e jovens brasileiros (de 15 a 24 anos) estão menos otimistas sobre o futuro do que as pessoas da mesma faixa etária de outros 20 países pesquisados – o otimismo dos adolescentes e jovens brasileiros é o segundo mais baixo, atrás apenas de Mali, país da África. No entanto, o grupo brasileiro acredita mais no poder da educação para mudar a realidade. Os dados, divulgados hoje (17), são da pesquisa The Changing Childhood Project, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e da Gallup.

Pesquisa do Unicef mostra que jovens estão menos otimistas, mas acreditam mais na educação
Pesquisa do Unicef mostra que jovens estão menos otimistas, mas acreditam mais na educação

Nos 21 países analisados (incluindo o Brasil), adolescentes e jovens, na média, mostraram-se mais propensos do que os adultos a acreditar em um futuro melhor. Ao serem perguntados se o mundo está se tornando um lugar melhor para cada nova geração, 57% deles disseram que sim, ante 39% dos adultos. 

Já no Brasil, o índice de otimismo foi o segundo mais baixo, atrás apenas do Mali. Somente 31% dos adolescentes e jovens brasileiros e 19% dos adultos disseram acreditar que o mundo está melhorando. 

De acordo com o Unicef, todas as entrevistas foram realizadas de fevereiro a junho de 2021, durante a pandemia de covid-19. No Brasil, a pesquisa ocorreu de 23 de fevereiro a 17 de abril, no período mais grave da pandemia no país.

“Não faltam motivos para o pessimismo no mundo de hoje: mudança climática, pandemia, pobreza e desigualdade, aumento da desconfiança e crescimento do nacionalismo”, disse a diretora executiva do Unicef, Henrietta Fore. “Em comparação com as gerações mais velhas, adolescentes e jovens do mundo permanecem esperançosos, com uma mentalidade muito mais global e determinados a tornar o mundo um lugar melhor”.

Educação

A pesquisa mostra que os adolescentes e jovens, na média dos países analisados, acreditam que a própria infância foi melhor do que a de seus pais. Eles afirmaram na pesquisa que as crianças e adolescentes de hoje têm mais acesso a saúde, educação e proteção contra a violência do que as gerações anteriores.

De acordo com o Unicef, os brasileiros estão entre os que mais acreditam que a qualidade da educação melhorou na última geração. O Brasil é, também, o segundo país que mais acredita no poder da educação para a transformação social. Mais da metade dos adolescentes e jovens brasileiros (59%) e dois terços dos adultos (74%) citam a educação como o principal fator para o sucesso – versus 36% e 34%, respectivamente, na média dos 21 países. 

Saúde mental

Nos países pesquisados, adolescentes e jovens relataram uma maior incidência de problemas de saúde mental em comparação aos adultos: 36% disseram se sentir frequentemente nervosos, preocupados ou ansiosos; e 19%, deprimidos ou com pouca vontade de realizar atividades cotidianas. Já os adultos, os resultados foram 30% e 15%, respectivamente.

No Brasil, esses indicadores são significativamente mais altos: 48% dos adolescentes e jovens declararam se sentir frequentemente nervosos, preocupados ou ansiosos, e 22% disseram se sentir muitas vezes deprimidos ou com pouca vontade de realizar atividades cotidianas, ante 39% e 11% respectivamente dos adultos.

Participação na política

Na média dos 21 países, 58% dos adolescentes e jovens disseram ser muito importante os políticos escutarem adolescentes e jovens para tomar decisões. O resultado do Brasil ficou acima da média, com 61% dos adolescentes e jovens respondendo positivamente a essa questão. 

“Depois da ruptura mais longa da educação presencial nas escolas devido à covid-19, e considerando o aumento do trabalho infantil, da violência doméstica e da pobreza, é encorajante ver que os adolescentes e jovens do Brasil querem se engajar por um futuro melhor”, ressaltou a representante do Unicef no Brasil, Florence Bauer.

Confiança na ciência e nos governos 

A pesquisa mostra também que adolescentes e jovens confiam mais do que os adultos nos cientistas (56% versus 50%), e nos governos (33% versus 27%) como fontes de informação segura. No Brasil, esses resultados foram (58% versus 51%) e (14% versus 23%), respectivamente.

A pesquisa foi feita com aproximadamente 21 mil adolescentes, jovens e adultos nos 21 países. Os países pesquisados foram Alemanha, Argentina, Bangladesh, Brasil, Camarões, Espanha, Etiópia, EUA, França, Índia, Indonésia, Japão, Líbano, Mali, Marrocos, Nigéria, Peru, Quênia, Reino Unido, Ucrânia e Zimbábue. 

O conteúdo completo da pesquisa pode ser acessado em https://changingchildhood.unicef.org