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A capital da Índia é considerada uma das cidades mais poluídas do mundo e entrou, nesta quarta-feira (17), em um confinamento parcial inédito para proteger os cidadãos da neblina tóxica. As escolas e universidades estão fechadas por tempo indeterminado; há uma recomendação de teletrabalho e estão proibidos de circular os caminhões que transportam mercadorias não essenciais.

As autoridades de Nova Delhi decretaram o fechamento de escolas e universidades por tempo indeterminado devido ao agravamento dos níveis de poluição do ar. Os trabalhos de construção na cidade também estão proibidos pelo menos até 21 de novembro, com exceção de projetos relacionados a transportes e defesa.

Com cerca de 20 milhões de habitantes, a capital indiana tem registrado nevoeiros tóxicos, sobretudo durante o inverno. A Comissão para a Gestão de Qualidade do Ar determinou que cerca de metade dos funcionários públicos trabalhem de casa e incentivou as empresas privadas a fazerem o mesmo.

Paralelamente, apenas cinco das 11 centrais a carvão da cidade estão autorizadas a prosseguir os trabalhos, e os caminhões que transportam bens não essenciais estão impedidos de entrar na capital.

No último sábado (13), diante do denso nevoeiro de poluição na cidade, as autoridades já tinham decretado o fechamento das escolas por quatro dias, mas uma nova ordem, emitida hoje, indica que os estabelecimentos de ensino devem continuar fechados até novas avaliações.

Os níveis de poluição aumentaram recentemente devido a um conjunto de fatores, como acontece todos os anos na cidade, nesta época: a atividade das centrais a carvão às portas da cidade, a poluição dos veículos, atividades de construção ou queima de lixo a céu aberto ajudam a explicar os novos índices.

O ar torna-se especialmente tóxico nos meses de inverno, com a queima de restos das colheitas e os fogos de artifício durante o festival tradicional de Diwali.

Trata-se de um problema crônico para a Índia, que este ano enfrenta níveis de poluição especialmente graves. O Supremo Tribunal do país determinou que os governos estaduais e federais tomem medidas urgentes para enfrentar os elevados níveis de poluição.

Nesta semana, os níveis de PM2,5 – partículas menores, mais perigosas porque podem entrar na corrente sanguínea – estão acima de 400 em várias áreas da cidade. Na semana passada, foi atingido um novo máximo de 500, muito acima do limite máximo recomendado. A Organização Mundial da Saúde estabelece como “bom” um valor dessas partículas no ar abaixo de 50 e como “satisfatório”, abaixo de 100. 

Ao entrarem na corrente sanguínea, por meio da inalação dos pulmões, as PM2,5 podem causar doenças cardiorrespiratórias graves. De acordo com um relatório da Lancet, citado pela Al Jazeera, quase 17,5 mil pessoas morreram em Nova Delhi em 2019 devido aos níveis de poluição do ar.

“Todos os anos, com a aproximação do inverno, há uma sensação de déjà vu para nós, que vivemos em Nova Delhi. O céu da manhã fica com uma cor cinza sinistra, queixamo-nos do nariz entupido e coceira nos olhos, os hospitais começam a encher-se de pessoas com respiração ofegante. Os que, entre nós, conseguem, correm para comprar purificadores de ar caros. O simples ato de respirar em Delhi torna-se perigoso”, afirma Geeta Pandey, jornalista da BBC na Índia. “Por favor, encontrem uma solução”, pede.

Também sob um manto de neblina tóxica, na cidade de Lahore, no Paquistão, os habitantes pedem ação urgente ao governo.

A cidade, localizada na província de Punjab, junto à fronteira com a Índia, tem registrado recordes de poluição. “As crianças sofrem com problemas respiratórios. Por favor, encontrem uma solução”, disse Muhammad Saeed, um trabalhador da cidade.

Nos últimos anos, tal como na Índia, a poluição torna-se cada vez mais denso a cada inverno. Lahore, com mais de 11 milhões de habitantes, é frequentemente classificada como uma das cidades com os piores níveis de polução do ar no mundo.

Os habitantes construíram, nos últimos anos, os seus próprios purificadores de ar e têm pressionado o governo a agir. Islamabad culpa a Índia pela situação ou responde que os valores de poluição relatados pelas organizações internacionais são exagerados.

“Só podemos implorar para que controlem a poluição. Não sou uma pessoa alfabetizada, mas li que a cidade de Lahore tem a pior qualidade do ar, e logo depois vem Nova Delhi. Se isso continuar assim, vamos morrer. Antigamente, fazia caminhadas com os meus filhos, mas agora já não os trago comigo”, afirma Saeed.