Rede de escolas Inspira, do BTG, vai às compras e quer fazer IPO em 2023
A rede de escolas Inspira, ligada a um fundo de private equity gerido pelo banco BTG Pactual, está com a carteira cheia para aquisições. Após comprar 35 colégios no ano passado, a companhia fechou três novos negócios em 2022: a Escola Canadense de Brasília, o Colégio Santo Tomás de Aquino, em Belo Horizonte, e o Centro de Estudos, de Campos dos Goytacazes (RJ). A empresa adquiriu ainda o Grupo Educacional Anchieta, de Salvador, mas o negócio ainda está sujeito à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Com as aquisições, a Inspira alcançou a marca de 51 mil alunos e de 84 escolas, além de um faturamento anual de R$ 800 milhões (com base nas receitas de 2021). A meta, segundo o presidente da empresa, André Aguiar, é um faturamento de R$ 1 bilhão ainda em 2022, tanto por meio de crescimento orgânico quanto por meio de novos negócios.
A Inspira nasceu há quatro anos para ser uma consolidadora do segmento de educação básica, especialmente as escolas voltadas para as classes A e B. Essa área não tem uma companhia dominante no mercado e sempre foi apontada como um dos grandes alvos das gigantes do setor, como Cogna, Yduqs e Anima.
Porém, ao contrário das compras de universidades, sempre houve uma dificuldade adicional para a consolidação do ensino básico: os pais dos alunos, especialmente os das classes mais abastadas, não aceitam a massificação do ensino para os seus filhos.
O presidente da Inspira, no entanto, diz que a intenção de ganhar escala no negócio não significa mudar o método de ensino, mas conseguir economizar nos gastos administrativos e de manutenção.
“Não vamos alterar o perfil pedagógico das escolas, e sim manter o legado. Nós sempre mantemos a liderança, o corpo pedagógico e o corpo técnico dos colégios, e não vamos abrir mão disso”, afirma Aguiar.
Entre os alvos das aquisições, estão as escolas de aprovação (focadas em aprovações nos vestibulares), as tradicionais (como as escolas religiosas), as humanistas (com ensino mais centrado no aluno) e as internacionais (direcionadas para o aprendizado em mais de uma língua).
Aguiar não revela o último aporte que a Inspira recebeu dos controladores, mas em 2020 um fundo de private equity do BTG Pactual injetou R$ 350 milhões na empresa, por 50% das ações.
ABERTURA DE CAPITAL
O foco da Inspira após as compras é gerenciar os custos para ampliar as margens das escolas e, consequentemente, aumentar a sua. A margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Inspira, considerada uma importante medida de geração de caixa das empresas, está em R$ 185 milhões. Até o fim do ano, a previsão é de que essa conta chegue a R$ 200 milhões.
Esses números são importantes para a empresa e seus controladores, pois a ideia é estrear na Bolsa de Valores em 2023. O IPO (oferta pública de ações, na sigla em inglês) também serviria para engordar o caixa para novas compras e concorrer diretamente com empresas que estão fazendo esse trabalho há mais tempo – como o Grupo SEB, do empresário Chaim Zaher, e a Eleva, ligada ao bilionário Jorge Paulo Lemann. Aguiar esteve na Eleva entre 2014 e 2017, quando se transferiu para a Inspira.
Para William Klein, presidente da consultoria Hoper, especializada em educação, após uma redução no ritmo de compras do setor durante a pandemia, com muitas escolas sofrendo os efeitos causados pela educação a distância, as consolidações “têm tudo para retomar”. “Os pais seguem matriculando os filhos nos colégios mesmo que isso represente mais esforço para eles.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
André Jankavski