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No Brasil, já existem mais de 1,2 mil escolas bilíngues, de acordo com dados do Ministério da Educação (MEC). E, segundo a Associação Brasileira do Ensino Bilíngue (Abebi), nos últimos seis anos foi registrado um crescimento entre 6% e 10% no número de instituições de ensino bilíngue no país.

Para se aprofundar sobre este assunto, o Escolas Exponenciais conversou com Veruska Alves Nogueira, que é engenheira, professora, educadora e gerente de projetos pedagógicos na amais educação, com foco nas áreas de inovação e tecnologia.

 A profissional destacou quais são os principais desafios para a gestão escolar que almeja implementar uma educação bilíngue e como esse tipo de ensino pode impulsionar o processo de ensino e aprendizagem. Confira a entrevista:

  

Escolas Exponenciais: Quais os principais desafios para as escolas que desejam passar a oferecer um programa bilíngue?

Veruska Alves Nogueira: Entre os muitos desafios para implementar um programa bilíngue na educação básica, dois se destacam: sensibilização das famílias e formação de professores. 

De fato, o papel da família no processo de ensino-aprendizagem é fundamental. Por isso, a escola precisa, desde o início, envolver as famílias na tomada de decisões, a partir de muita transparência e alinhamento de expectativas, inclusive provendo conhecimento para que elas entendam como acontece o aprendizado de uma segunda língua dentro de uma perspectiva bilíngue.

 Além disso, a escola precisa abrir um caminho de diálogo constante, sobretudo porque é comum que a família não saiba se comunicar em inglês e, portanto, tenha muitas dúvidas de como essa aquisição linguística acontece na prática.

Já quando se fala dos professores, também peças-chave no processo de ensino-aprendizagem, é importante deixá-los confiantes e confortáveis em relação ao papel que precisam desempenhar ao longo desta jornada. 

Dessa forma, além de conhecer com profundidade as dores, expectativas e capacidade técnica do seu quadro de professores, a escola precisa apoiar e estimular os docentes na formação continuada, dando suporte pedagógico no dia a dia escolar, como também, entendendo de que forma pode ajudar na aplicação e na melhoria das práticas pedagógicas da sua equipe.

 

EX: Como um programa bilíngue pode impulsionar o processo de ensino e aprendizagem?

Veruska Alves Nogueira: São muitas as oportunidades que o ensino bilíngue proporciona ao processo de ensino-aprendizagem, afinal, os estudantes recebem formação integral para o futuro, sendo beneficiados nas esferas cognitiva, emocional, cultural e social. Isso porque o bilinguismo propõe o estudo não só de uma segunda língua, mas também de conteúdos multidisciplinares por meio de um segundo idioma, enriquecendo a experiência de aprendizado dos alunos.

No caso do programa bilíngue, a partir de uma perspectiva de flexibilização da carga horária, a escola consegue adaptar seu currículo e apoiar seu próprio quadro de professores, de maneira a garantir não somente qualidade no ensino da língua inglesa, mas também de outras disciplinas e temáticas, assegurando, inclusive, o desenvolvimento de competências e habilidades previstas na BNCC. 

Dessa forma, a escola consegue impulsionar a aprendizagem dos estudantes com conteúdo contextualizado, multiculturais e interdisciplinares, ao mesmo tempo em que estimula o desenvolvimento contínuo da sua equipe docente, a partir de uma cultura que prioriza a aplicação de metodologias ativas e imersivas em suas práticas pedagógicas. 

Assim, toda a comunidade escolar, ainda que indiretamente, se beneficia, afinal, alunos e professores se sentem mais engajados e, consequentemente, alcançam resultados acadêmicos melhores.

 

EX: O número de escolas com programa bilíngue é crescente no Brasil. Como conseguir se destacar neste mercado? Quais pontos inovadores devem ser priorizados pelas escolas?

Veruska Alves Nogueira: Quando chega o período de matrículas e rematrículas, é preciso intensificar a divulgação dos diferenciais da escola. E a boa notícia é que o bilinguismo tem tudo a ver com o ciclo de matrículas! 

Em um cenário onde apenas 5,1% dos brasileiros acima de 16 anos de idade afirmam ter algum conhecimento no idioma inglês, segundo pesquisa feita em 2013 pelo Instituto Data Popular para o Conselho Britânico (British Council), proporcionar uma educação bilíngue é uma forma de mudar este cenário, já que há a possibilidade de captar novos estudantes, além de ser um excelente argumento para a retenção de alunos.

Embora o número de escolas com programa bilíngue seja crescente nos últimos anos no Brasil, essa ainda é uma porcentagem bem restrita, o que, de certa forma, é muito interessante para as escolas do ponto de vista de venda.

Mas, para se destacar nesse mercado, é preciso primeiramente entender as demandas da comunidade escolar e, assim, priorizar estrategicamente as inovações que fazem sentido dentro da escolha de um programa bilíngue. 

O aplus, programa bilíngue exclusivo da amais educação feito com a BBC Learning, por exemplo, buscou entender na ponta os diferenciais que as escolas mais procuravam em termos de inovação. Entre eles estão:  materiais físicos integrados à experiência digital; conteúdos autênticos, multiculturais, regionais e contemporâneos; currículo desenhado a partir das diretrizes da BNCC; metodologias ativas e imersivas sendo utilizadas na prática dentro dos materiais de alunos e professores; e assessoria pedagógica personalizada, para atender as necessidades e expectativas de cada realidade escolar.

Enfim, priorizar é sempre um desafio, mas o caminho é optar por um programa que, além de conversar com a identidade da instituição, também permite que a escola continue conectada com as melhores práticas de ensino-aprendizagem.

 

EX: Por fim, quais os principais benefícios de uma escolarização bilíngue para os alunos?

Veruska Alves Nogueira: O aluno de hoje precisa ser preparado não somente pensando no hoje, mas acima de tudo no futuro. E esse futuro tem exigido cada vez mais habilidades e competências que vão além da esfera cognitiva, ou seja, que assegurem também as esferas emocional, social e cultural dos estudantes. 

Com isso, a escolarização bilíngue é muito importante, sobretudo, no contexto atual. O aprendizado do segundo idioma, especialmente do inglês que é a nossa língua franca, pode contribuir em diversos âmbitos da vida do aluno, tais como melhora do raciocínio, do foco e da saúde mental, ampliação de conhecimentos e de socialização, estímulo do desenvolvimento cognitivo, expansão do repertório cultural, melhores perspectivas para o mercado de trabalho, além da construção de relações e comunicações, inclusive internacionais.

Fato é que não dá mais para falarmos em educação integral sem começarmos também a falar da importância do ensino bilíngue na educação básica, afinal, esse é o caminho para que nossos estudantes consigam realizar plenamente seus projetos de vida com sucesso.

 

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