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A pandemia forçou escolas do mundo todo a pensarem em novas formas de garantir a continuidade do aprendizado dos alunos. Apesar das dificuldades enfrentadas, algumas ações se destacaram pela inovação na Educação. É o caso da escola Emilia Lascar, no Chile, eleita a mais inovadora na educação em todo do mundo.

A unidade, com mais de 80 anos de existência, venceu o prêmio Melhor Escola do Mundo (World’s Best School Prize) na categoria de inovação em 2022 pelo trabalho que desenvolveu com os estudantes durante o período de isolamento por causa da pandemia. 

A escola, que fica em Peñaflor, na região metropolitana de Santiago (capital chilena), se destacou por ter encontrado uma forma inusitada de se conectar a distância com seus mais de mil alunos, com a criação de um canal de televisão, a “Emilia TV”.

Segundo Antonio Briones, diretor da unidade, no início da pandemia a escola teve dificuldades de manter o contato com os alunos, que são em sua maioria de famílias vulneráveis. 

“A pandemia foi uma novidade para os alunos, depois que passou essa surpresa com a situação, houve uma diminuição da motivação. Por isso, precisamos procurar uma solução não apenas para a parte pedagógica, mas também para a socioemocional”, diz.

 

Inovação na educação impulsiona espaço de participação

Na tentativa de criar um espaço em que estudantes e educadores pudessem estreitar a comunicação, surgiu a “Emilia TV”, transmitida em diversas redes sociais da escola. Essa inovação na educação foi a alternativa encontrada pela gestão para lidar com os desafios impostos pela pandemia.

“A TV Emília se tornou um espaço de participação para a comunidade escolar mostrar seus interesses e motivações durante aquele período, como a culinária ou talentos esportivos”, conta Briones. 

Assim, os educadores reuniam fotos e vídeos enviados pelos estudantes para serem transmitidos no canal da escola. Nos programas, transmitidos semanalmente, é possível ver vídeos de alunos cozinhando seus pratos favoritos com a família ou praticando algum esporte no quintal de casa. 

“Inicialmente, não começamos esse canal pensando que seria uma solução para esse problema. Era apenas um meio para nos comunicarmos com eles. Mas aos poucos, o canal começou a dar resultados, resolvendo não apenas os problemas de aprendizado, mas também de desmotivação e até depressão entre os alunos”, conta a diretora María Elena Fernández. 

Segundo os diretores, a iniciativa ganhou repercussão na cidade e em pouco tempo foi replicada por outras escolas vizinhas, que passaram a criar seus próprios canais nas redes sociais.

 

Reconhecimento global

Além da categoria de inovação na educação, o prêmio Melhores Escolas do Mundo também premia projetos que se destacaram em outras quatro áreas: colaboração comunitária, ação ambiental, superação da adversidade e apoio a vidas saudáveis. Cada ganhador recebe U$ 50 mil. 

Em ação ambiental, a vencedora foi a escola Bonuan Buquig, nas Filipinas. A unidade desenvolveu um projeto com toda a comunidade escolar para restaurar manguezais e limpar as praias da cidade, que vivia desde 2009 os impactos de um tufão que inundou a região. 

 

Além da categoria “inovação na educação”, prêmio contempla “superação de adversidades”

Já na categoria de superação de adversidades, foi reconhecido o Projeto Abrigo Wakadogo, de Uganda. Fundada após a guerra, a instituição de caridade tem uma creche e uma escola voltada aos anos iniciais do ensino fundamental, que leva a educação para 450 crianças em um vilarejo remoto em Gulu, no norte do país. A escola tem uma das menores taxas de evasão da região.

Concorreu nessa mesma categoria, uma escola brasileira. A escola municipal Evandro Ferreira dos Santos, de Cabrobó, no sertão de Pernambuco, ficou entre as finalistas com um projeto que buscou melhorar a educação de seus alunos de 6º a 9º ano com uma ação de apoio aos pais que não eram alfabetizados. 

Os professores da unidade identificaram que, durante a pandemia, muitos alunos ficaram sem o apoio dos familiares nas tarefas escolares porque a maioria não sabia ler e escrever. Assim, foi criado o “Distantes sim, desconectados não! Família e escola projetando sonhos, promovendo a inclusão”, que tinha como objetivo alfabetizar os pais dos estudantes. 

 

Colaboração comunitária

Em colaboração comunitária, a vencedora foi a escola Dunoon Grammar, localizada em uma área rural do Reino Unido. Os diretores enfrentavam uma grande evasão escolar, já que muitos alunos deixavam a escola para ir estudar em outras cidades maiores. 

Assim, desenvolveram um projeto para aumentar o sentimento de pertencimento dos jovens com a cidade. Dentre as várias ações que foram criadas pelos alunos, estão por exemplo a organização de bingos em um asilo da cidade e o desenvolvimento de um aplicativo para evitar o desperdício de alimentos na região. 

Nessa mesma categoria, outra escola brasileira foi finalista do prêmio, a escola municipal Professora Adolfina Diefenthäler, em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul. A unidade criou um comitê de gestão democrática em que pais e alunos podiam opinar e trazer ideias sobre o que gostariam de mudar no colégio. 

 

Vidas Saudáveis

Já na categoria apoiando vidas saudáveis, a vencedora foi a escola Curie Metropolitan, de Chicago, nos Estados Unidos. O colégio, que é o terceiro maior da cidade, convive há anos com uma enorme diversidade de alunos, que vêm de famílias cujos pais são latinos e afro-americanos, que vivem em regiões de alta vulnerabilidade e violência. 

Na unidade, foi desenvolvido um grande projeto de conversa e arte para promover o bem-estar dos alunos e fazer com que eles se integrem e diminuam os conflitos. 

O World’s Best School Prize é organizado pela  instituição britânica T4 Education, e conta com o apoio financeiro e técnico da Fundação Lemann, Fundação Templeton World Charity, Accenture, American Express e Yayasan Hasana.

 

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