Tipos de ensino: a diferença entre os modelos mais usados no Brasil e como gestores devem se preparar para encaixar em cada um deles
Existem muitas abordagens para o aprendizado de uma criança ou de um adolescente e é preciso analisar muito bem em qual tipos de ensino um aluno se encaixa melhor. Em relação aos gestores, esse encaixe também precisa existir. Cada escola precisa de um gestor que se relacione muito bem não só com seu perfil administrativo, mas com seu perfil pedagógico.
“A concepção de ensino de uma instituição ou rede diz o que as pessoas que a compõe pensam e desejam para sua comunidade, isto é, é o reflexo da sua política educacional. Ela deve ser de conhecimento de toda comunidade escolar, principalmente da equipe gestora, e o diretor/a é um elemento essencial nesta equipe. É ele (a) que vai conduzir sua comunidade para seguir os preceitos desta concepção,” diz Claudia Zuppini, sócia fundadora da Elos Educacional, empresa de consultoria para escolas com sede em Santo André, São Paulo.
Segundo Claudia, cada concepção de ensino possui características distintas e trazem em si uma visão de mundo, de educação, do ser humano, de inclusão, de avaliação, de política educacional, de sociedade etc. “Para conhecê-la e atuar com excelência, todo e qualquer profissional deve se preparar … e muito.”
Conheça os principais tipos de ensino no Brasil para entender como cada gestor deve se encaixar a eles.
É importante ressaltar que tipos de ensino não é o mesmo que tipos de educação (formal, informal e não formal), que você pode conhecer melhor clicando aqui!
Ensino Tradicional
O Ensino Tradicional é aquele realizado em escolas que se baseiam no modelo em que o conteúdo é transmitido ao aluno pelo professor, que é a figura central da escola e o detentor do conhecimento. No Ensino Tradicional, os estudantes são preparados para passar por avaliações padronizadas, como provas e vestibulares. Hoje, cada vez mais o Ensino Tradicional é substituído por um ensino com base em metodologias ativas. São denominadas “ativas” pois essas metodologias se baseiam em um modelo de ensino no qual os alunos têm uma postura central na construção de seu conhecimento. Ou seja, eles passam de receptores de informações para se tornarem o personagem principal e o maior responsável pelo seu processo de aprendizado.
Método construtivista
O Construtivismo é o método alternativo mais difundido no Brasil. Desenvolvido pelo psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980), no início da década de 1920, o Construtivismo considera que o conhecimento é desenvolvido, e que o educador deve criar formas de estimular essa construção, ou seja, ensinar a aprender. No método, o aluno participa ativamente de seu próprio aprendizado e o faz pela interação com o meio em que vive. Ele é protagonista e o professor um facilitador. No Brasil, o Construtivismo (que não tem um currículo rígido) começou a ser usado em sala de aula na década de 80 e alterou a forma de alfabetização das crianças.
Método sócio-construtivista
É uma linha pedagógica que estimula a interação social, tendo por base o conhecimento como algo que surge das relações entre as pessoas. O Sócio-construtivismo surgiu a partir dos estudos do educador russo Lev Vygotsky (1896-1934). Nesse tipo de ensino, existe um forte estímulo ao aprendizado por meio de experiências, discussões para compreender outros pontos de vista, formulação de hipóteses. As escolas sócio-construtivistas fazem com que seus alunos desenvolvam sua própria linha de raciocínio, a partir de um ambiente fortemente apoiado em práticas criativas e estimulantes.
Escola progressista-humanista
Inspirada no Construtivismo, essa pedagogia valoriza as diferenças e a individualidade dos alunos dentro de uma vivência em grupo. As escolas progressistas-humanistas incentivam uma postura investigadora e autônoma de seus alunos. O trabalho é todo baseado na progressão do conhecimento de cada criança, estimulando, a partir do que ela já conhece, alcançar um nível mais elevado de aprendizado.
Escola democrática
Tem como base uma pedagogia libertária, na qual os professores são facilitadores e os alunos são os personagens centrais do processo de educação. Fomenta uma forte escuta dos estudantes, para entender seus interesses.
Escola Waldorf
A pedagogia Waldorf foi criada a partir dos estudos do filósofo austríaco Rudolf Steiner (1861-1925). O nome foi dado pois seus primeiros alunos eram os funcionários de uma fabrica alemã chamada Waldorf Astoria. A escola Waldorf prega um ensino no qual o desenvolvimento físico, social e individual do aluno deve ser trabalhado em conjunto. O aprendizado deve caminhar lado a lado com atividades corporais e artesanais. As formações ética, estética e acadêmica têm a mesma importância. Nas escolas Waldorf, os alunos são divididos por faixas etárias (e não por séries) e não existe reprovação de alunos, uma vez que o método defende que o ritmo biológico de cada aluno não pode ser modificado.
Escola Montessori
A linha Montessoriana foi criada pela médica e pedagoga italiana Maria Montessori (1870-1952) e foi uma das primeiras a inserir questões afetivas no processo educativo, a partir de sua experiência trabalhando com crianças portadoras de necessidades especiais. Leva em conta o ritmo individual de aprendizado de cada criança, sem pressões ou cobranças. Essa linha de pedagogia acredita que a criança, para se desenvolver, precisa ter tudo a seu alcance na sala de aula, onde o professor é considerado um guia para o aprendizado. Ele observa o aluno e o auxilia apenas no que for necessário. A linha Montessoriana acredita que a interferência de adultos de forma exagerada pode ser prejudicial ao aprendizado, pois o aprendizado é parte da vivência e não do que se ouve. O método se popularizou no Brasil na década de 80.
O perfil do gestor em relação aos tipos de ensino
Mas com tantos estilos de ensino diferentes, será que um perfil de gestor se encaixa em todos os modelos?
“Nada impediria um gestor (a) de trabalhar em escolas com concepções diferentes, desde que se prepare para isso. Pois muitas destas concepções são bem próximas em sua essência, diferenciando-se em algumas estratégias e metodologias. Entretanto, em alguns casos, podemos encontrar a descrição da concepção de ensino de uma instituição em seu projeto político-pedagógico, mas nem sempre aplicada em sua rotina. Por isso, é importante que o/a gestor/a discuta com a equipe e busquem colocá-la em prática,” explica Silvana Tamassia, outra sócia fundadora da Elos Educacional, ao lado de Claudia Zuppini.
Silvana acha que ainda falta um conhecimento mais aprofundado por parte de muitos gestores sobre o que os diferentes tipos de ensino trazem em sua essência. Para ela, muitas vezes esses profissionais seguem algum material estruturado ou livro didático, ou mesmo repetem rotinas já internalizadas sem se perguntar o porquê estão fazendo.
“É muito comum que as pessoas não reflitam a fundo sobre a concepção de ensino que está sendo aplicada na escola. Implementar uma concepção necessita formação/capacitação da equipe educadora e acompanhamento das práticas. É um trabalho muito importante o alinhamento desses conceitos e práticas com todo o grupo, “explica Silvana.
Agora que você já conhece os tipos de ensino, não se esqueça de dar uma lida no post sobre tipos de educação! Acesse clicando aqui.