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O desenvolvimento humano é uma jornada complexa, marcada por fases importantes e nenhuma delas é mais fundamental do que a educação infantil, um período de descobertas, exploração e crescimento que faz toda diferença para o aprendizado futuro.

À medida que o Dia Nacional da Educação Infantil, em 25 de agosto, se aproxima, o Escolas Exponenciais bateu um papo com as educadoras Georgya Corrêa, diretora pedagógica da escola Teia Multicultural e da Edutech Asas Educação, e Ana Cristina Gazotto, pedagoga com experiência em educação infantil, fundamental e EJA (Educação de Jovens e Adultos), para explorar a importância desse período no desenvolvimento das crianças.

Ambiente adequado e abordagem especializada

O ser humano, entre todas as espécies, é único no sentido de nascer com um cérebro ainda imaturo. Entretanto, é também dotado do potencial mais amplo para o desenvolvimento e a aprendizagem. Mas para isso, precisa de um ambiente adequado.

“Cada vez mais percebemos a importância do ambiente no processo de desenvolvimento infantil”, enfatiza Georgya. Através de estímulos intencionais, a educação infantil desempenha um papel essencial no desdobramento das capacidades humanas.

Segundo a educadora, na primeira infância, especialmente até os 6 anos, o cérebro passa por um período de formação crítica. É nesse estágio que os estímulos com intencionalidade educativa desempenham um papel fundamental.

Georgya enfatiza a necessidade de uma abordagem especializada. Embora todos os envolvidos no processo de educação – seja na escola ou em casa – sejam considerados educadores, é o professor, com sua compreensão aprofundada do processo de aprendizado, que pode fornecer os melhores resultados ao lado da criança.

“O professor que estudou, que tem o conhecimento sobre como a forma da aprendizagem acontece e conhece os instrumentos necessários para esse desenvolvimento, é a pessoa que vai poder atingir junto com essa criança os melhores resultados”, diz.

Primeiros anos de vida são determinantes para o desenvolvimento

Para a diretora pedagógica da escola Teia Multicultural, a educação infantil é muito mais do que o ensino acadêmico convencional. “É uma perspectiva que valoriza aspectos físicos, mentais, cognitivos, emocionais e filosóficos, além do desenvolvimento de habilidades socioemocionais”.

Segundo a pedagoga Ana Cristina, ainda há quem pense que na educação infantil há menos exigências do que no ensino fundamental. E estão totalmente enganados, afirma.

“Hoje sabemos que os primeiros anos de vida são determinantes para o desenvolvimento do ser humano. Na rotina da educação infantil, cada vez mais se valoriza o papel ativo de bebês e de crianças pequenas, que conhecem o mundo e aprendem por meio de explorações e interações durante as brincadeiras”, enfatiza.

E brincar é coisa séria na educação infantil, esclarece Ana Cristina. De acordo com ela, exige planejamento e intencionalidade. “Muito se tem investido em formação continuada para capacitar educadores e equipes escolares a trabalharem com brincadeiras no espaço escolar. O brincar é essencial para o desenvolvimento físico e mental das crianças”.

Educação Infantil é alicerce para etapas futuras

A importância dos primeiros anos de vida é indiscutível. As crianças, inicialmente voltadas para si mesmas, precisam explorar e compreender seu próprio ser antes de adentrar no mundo do outro.

Nessa jornada, os sentidos desempenham um papel importante. A educação infantil investe na exploração sensorial como base para futuras aprendizagens, incluindo habilidades sinestésicas, ligadas à matemática, explica Georgya.

“Porém, é imprescindível ressaltar que quando uma criança não recebe estímulos suficientes, como o contato com outras crianças ou a exploração criativa, seu cérebro pode não alcançar todo seu potencial. A falta de variedade de experiências leva a um déficit no desenvolvimento cognitivo, linguístico e emocional”, alerta.

Segundo a educadora, a educação infantil age como um alicerce para todas as etapas educacionais subsequentes. A ausência desse alicerce pode levar a lacunas no desenvolvimento, tornando mais difícil a aquisição de habilidades futuras.

“Portanto, a educação infantil é muito mais do que uma simples preparação para o futuro – é o início de uma jornada de aprendizado, crescimento e descoberta. Reconhecer e investir nessa fase inicial é investir em um futuro mais forte e saudável para nossas crianças”.

Aprendizagem na Educação Infantil, de acordo com a BNCC

De acordo com a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), na educação infantil, as aprendizagens são garantidas por meio de seis direitos: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se.

Os direitos devem servir como norte para o professor planejar propostas que valorizem a cultura da infância, entendida como as diversas formas com que crianças desenvolvem habilidades que serão usadas na vida adulta.

Ana Cristina explica que a educação infantil, hoje, está dividida por faixa etária: creche (para bebês de 0 a 1 ano e seis meses), creche (para crianças de 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses) e pré-escola (destinada a crianças de 4 a 5 anos e 11 meses).

“Para garantir uma progressão de aprendizagens, é importante que as experiências sejam propostas com regularidade na rotina dos bebês e das crianças. São muitas as possibilidades de brincar e descobrir, por isso a importância da oferta de tempo, materiais e espaço na escola, pois cada criança tem o seu tempo e maneira própria de explorar”, conclui.

Foto: Imagem de rawpixel.com no Freepik.

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