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Quatro startups de educação nacionais estão entre as “100 Startups to Watch” 2019. ClassApp, Edufuturo, Guten e Redação Online foram eleitas como as Edtechs mais promissoras e inovadoras do país. Liderado pelo jornalista Thomaz Gomes, o ranking é resultado de uma parceria entre as revistas “Pequenas Empresas & Grandes Negócios”, “Época NEGÓCIOS” e das consultorias Corp.vc e EloGroup.

De acordo com Gomes, cerca de 2,2 mil empresas de todo o Brasil se inscreveram para a segunda edição do ranking, sendo 110 o número de inscritos que declararam modelos de negócio prioritariamente ligados à educação. No ano passado, primeiro ano do projeto, foram aproximadamente 1,3 mil inscritos, sendo 123 da área da educação. Na época, sete startups do mercado educacional conseguiram entrar para o ranking.

Neste ano, a banca de avaliadores foi composta por aproximadamente 80 especialistas representantes das principais organizações que atuam diretamente com novos negócios, além de profissionais que trabalham com fundos de investimento e com iniciativas públicas de fomento ao ecossistema de startups. O processo de seleção foi dividido em duas etapas, sendo considerados como primordiais para figurar o ranking, a maturidade da operação, o perfil e experiência dos fundadores e a capacidade de atrair a captar investimentos. “Inovação, mercado, escalabilidade, equipe e estágio de crescimento foram alguns dos critérios analisados”, explica Gomes.

Das sete startups de educação classificadas no ranking de 2018, nenhuma se manteve na colocação neste ano. Segundo Gomes, isso acontece tendo em vista que, para se manterem na lista, as empresas precisam ter mostrado uma evolução relevante em relação ao ano anterior. “É preciso que tenha havido um avanço em números relacionados ao seu  crescimento, faturamento, ou à inovação de produto, serviço e etc”, pontua.

Ao todo, 22 empresas que foram eleitas como as jovens empresas mais promissoras no ano passado, aparecem novamente no ranking deste ano. São elas: Grão Direto e Tbit (agronegócio); Celcoin, Monkey Exchange e Rebel (finanças); Arquivei, Gupy e Rocket.Chat (gestão); Biosolvit e Sumá (impacto); BirminD e I.Systems (indústria); Cobli e Send4 (logística); Squid (marketing); ePHealth e Hi Technologies (saúde e bem estar); Flapper, IDwall e Justto (serviços); e Eunerd e Pluga (tecnologia da informação).

 

Quem são as Edtechs do Startups to Watch 2019


ClassApp

Fundada em 2014, a ClassApp é líder no mercado em comunicação escolar, atendendo mais de 500 escolas particulares de todo país – o que significa impactar a rotina de cerca de 400 mil usuários. A empresa desenvolveu um aplicativo homônimo, semelhante ao WhatsApp, que cria uma rede de comunicação privada, exclusiva e gerenciável para as escolas, com objetivo de aproximar os pais e responsáveis da vida acadêmica de seus filhos.

Por meio do aplicativo, as instituições de ensino podem compartilhar, em tempo real, comunicados gerais (como eventos e reuniões), além de mensagens específicas de cada aluno ou turma e enviá-las diretamente aos pais, estudantes, professores ou equipe. As famílias também podem interagir com qualquer departamento da escola através da ferramenta.

A ClassApp possui aproximadamente 50 funcionários e tem sedes em Limeira e Campinas, ambas no interior de São Paulo. Internacionalmente, sua solução está presente em escolas japonesas e já foi testada na Noruega, Emirados Árabes, Dinamarca e Canadá.

 

Guten

Trata-se de uma solução digital desenvolvida para escolas, com o intuito de apoiar o professor do ensino fundamental no desenvolvimento de habilidades de leitura dos estudantes. Fundada em 2014, a plataforma abrange dois pilares. O primeiro é o Guten News, que oferece conteúdo jornalístico apresentado em formato gamificado. Já o segundo pilar é o Guten Pro, ferramenta em que professores e gestores têm acesso ao mapa de leitura, que revela quais matérias o aluno leu, quais atividades foram feitas e quais foram os acertos e os erros. Assim, os educadores analisam o que é necessário desenvolver em cada aluno ou turma.

Com sede em São Paulo, a  empresa possui mais de 20 colaboradores e atende cerca de 50 mil alunos em escolas espalhadas por todo o Brasil. Após a validação do produto no mercado e vendas para escolas-referência nas principais regiões do país, a Guten agora encontra-se em fase de conquistar maior escala de vendas, de modo a impactar cada vez mais alunos no Brasil.

 

Redação Online

Considerada a primeira plataforma de correções de redação do País, a Redação Online foi fundada em 2016 e está localizada em Florianópolis, Santa Catarina. A partir do uso de machine learning, a startup apresenta uma solução inovadora de correção de redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), vestibulares e concursos. Com o acompanhamento de especialistas, o objetivo é aperfeiçoar as notas do aluno que utiliza a ferramenta em poucos meses. O estudante pode enviar os textos por smartphone, computador ou tablet.

 

Edufuturo

Localizada no Rio de Janeiro, a empresa foi fundada em 2014. Atua como uma plataforma de ensino que possui ferramentas de aprendizagem, formação de professores, além de conteúdo e debates referentes às boas práticas e políticas de educação do Brasil. É utilizada tanto por escolas públicas quanto particulares

 

Impessoalidade e professores desqualificados comprometem relacionamento pais-escola

 

Cenários das Edtechs no Brasil

De acordo com a Abstartups (Associação Brasileira de Startups), atualmente há 784 startups de educação cadastradas no StartupBase – uma base de dados oficial do ecossistema brasileiro de startups. Segundo o “Mapeamento Edtech 2018 – Investigação sobre as tecnologias educacionais no Brasil”, realizado por meio de uma parceria entre o CIEB (Centro de Inovação para a Educação Brasileira) e a Abstartup, a maioria das startups de educação está localizada nos grandes centros, como São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Santa Catarina.

No relatório do mapeamento, a diretora-presidente do CIEB, Lúcia Dellagnelo, pontua que as novas empresas de tecnologia de educação que ofertam produtos e serviços para educação básica enfrentam desafios mundiais, como o acesso a financiamentos, excesso de regulamentação e busca por talentos. Porém, a profissional afirma que no Brasil o processo é ainda mais complexo, uma vez que 80% dos estudantes de educação básica frequentam escolas públicas.

Vahid Sherafat, cofundador e CEO da ClassApp e do Escolas Exponenciais, compartilha da análise proposta pela diretora do CIEB. “Há tantas empresas de inovação em educação no Brasil, que chama atenção ter tão poucas no ranking. Isso mostra que há uma dificuldade de entrar no mercado”, avalia.

Ele também ressalta que foi uma grande conquista ter a empresa eleita como uma das mais promissoras e inovadoras do país, no ranking “100 Startups to Watch”.

“Isso confirma que a ClassApp é uma ferramenta de solução de grande impacto e relevância para a educação. É um reconhecimento do mercado. Reforça que temos um grande potencial para ser alcançado no Brasil e que a ClassApp está apenas no começo”, avalia.

 

Relevância

Entretanto, chegar até esta conquista não foi um caminho fácil. “No início foi desafiador, porque precisávamos mostrar a necessidade de comunicação entre escola, pais e alunos e como essa relação melhorava o desempenho do estudante. Hoje percebe-se que não é luxo, mas sim uma necessidade”, ressalta Sherafat.

Opinião semelhante tem o professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Arthur Igreja, que também é palestrante e especialista em inovação. Para ele, a falta de relevância no mercado é, justamente, o que faz com que muitas startups de educação não consigam se destacar.

Ele afirma ainda que, embora seja preciso reconhecer que há avanços no que diz respeito à inovação na educação, o que chama a atenção é o quanto é um setor que na sua gestão, formas e modelos ainda ‘fica no tempo’.

“O que está faltando é um case de impacto, algo como o que ocorreu com o Quinto Andar, que foi a disrupção das imobiliárias ou o Contabilizei, sendo a disrupção dos escritórios contábeis. Parece ser possível ter algo nesse sentido na educação, mas o setor não tem uma inovação muito transgressora. Dá pra ver, assim, que esse é um desafio maior. É uma área quente e que muita gente está olhando, mas é uma área que ainda está devendo em termos de coisas que se consolidem como inovação”, reflete.

 

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