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Se o processo da educação já exigia muito cuidado e atenção antes da pandemia, com a crise esse desafio – que é uma parte essencial tanto da vida individual quanto da sociedade como um todo – se mostrou ainda maior. Professores e escolas precisaram, quase da noite para o dia, se reinventar e criar novas técnicas para cumprir suas funções; enquanto isso, os alunos e suas famílias também tiveram que aprender a conviver com uma nova rotina.

Novos desafios na pandemia 

Luis Fichman, engenheiro eletricista com mestrado em Administração que atua como Diretor Executivo na Reader’s Digest Brasil há 13 anos, explica que com a situação da pandemia, algumas tarefas dos educadores, como a de avaliar o desenvolvimento dos alunos, se tornaram quase heróicas; com o distanciamento e a necessidade de adaptar o ensino ao ambiente virtual, ficou muito mais difícil continuar o processo de aprendizagem com a mesma qualidade de antes. “Será que alguém está ficando para trás? Como é que está funcionando? É muito difícil fazer isso à distância e na verdade analisando esse tema, esse problema, percebemos que muitas vezes falta o feedback, falta informação, falta às vezes ferramentas digitais que auxiliam os professores nesse sentido”, reflete.

Segundo Luis, que também é presidente da OutClass – ferramenta que ajuda alunos do Ensino Fundamental a continuarem seus estudos -, esse tipo de adaptação ainda é necessária para o cumprimento de uma educação acessível, que seja capaz de fornecer um ensino individualizado. “Eu acho que essa é a base da inclusão, é você olhar cada indivíduo como único e conseguir adaptar o seu ensino a ele”, diz Luis. “E isso é muito difícil sem ter ferramentas, é inviável”. Além disso, com a ajuda dessas tecnologias – que têm o poder de assumir algumas tarefas importantes, como o recolhimento de feedback – o professor tem a oportunidade de utilizar seu tempo de uma maneira muito melhor, investindo no que mais importa: ensinar.

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O que os números mostram

Para que essas ferramentas realmente funcionem, diz Luis, é importante que elas sejam benéficas tanto para os professores quanto para os alunos: do ponto de vista dos alunos, é preciso que eles se mantenham motivados para que consigam consolidar o conhecimento; do ponto de vista dos professores, a tecnologia deve economizar tempo e aumentar a eficácia do trabalho. Pensando nisso, Luis conta que uma pesquisa feita entre professores do ensino fundamental mostrou que 83% dos alunos se encontram mais desmotivados a realizar o seu dever de casa nesse último ano – uma das evidências que deixam claro como a educação foi afetada pela pandemia. 

Além disso, a maneira de aprender com a prática acaba sendo menos monitorada: “maioria dos professores desconfiam que os alunos não fazem esse dever de casa sozinhos, eles acabam fazendo em grupo, acabam fazendo com auxílio de um pai ou de um parente”, conta Luis. “Enfim, acaba perdendo um pouco esse objetivo de você realmente aprender”. O diretor executivo ainda aponta que 83% dos educadores que participaram da pesquisa acham que, se os alunos tivessem acesso a um feedback online imediato ao fazer o dever de casa, o processo de aprendizagem seria mais eficaz. 

Um pouco mais da metade dos professores consultados ainda acreditam que focar nos pontos de maior dificuldade de cada aluno, em vez daqueles já dominados, seria um fator importante para a motivação. Enquanto isso, 88% dos correspondentes consideram que poderiam se dedicar mais às anteriormente citadas individualidades do ensino – e portanto à inclusão – se tivessem a possibilidade de economizar tempo ao elaborar e corrigir o dever de casa ou exercícios. Por fim, 92% dos professores concordaram que seriam muito beneficiados por uma ferramenta de gerar relatórios que fosse fácil de usar.

Desse modo, fica claro que os professores, em sua profissão tão fundamental, enfrentam ainda mais desafios no cenário atual. “Não tem dúvida, os professores são os heróis dessa pandemia, tem que se lidar com problemas mais variados, inesperados e tentando manter esse nível de aprendizagem dos alunos com desafios novos a cada dia”, diz Luis. “Por outro lado, sabemos que o mundo mudou, as ferramentas estão aí, a tecnologia está aí, ela tem que ser usada de forma inteligente para facilitar esse processo, e mais cedo ou mais tarde, todas as escolas vão adotar soluções desse tipo que acabam realmente melhorando a eficiência e também ajudando no processo de aprendizagem”.

As ferramentas e tecnologias aliadas

Quais são, então, essas ferramentas? E como podemos utilizá-las da forma correta para otimizar o ensino nessa nova e inesperada situação em que nos encontramos? Um exemplo é a OutClass, desenvolvida por uma equipe de pedagogos, professores e profissionais da educação. 

Bancos de dados com milhares de questões estruturadas de acordo com cada matéria, nível escolar e habilidades descritas na BNCC, permitem que o aluno envie sua resposta – por meio de um computador ou de um aplicativo em smartphones ou tablets – e imediatamente receba feedback; se a resposta foi errada, tem acesso à solução correta e explicações. Além disso, esse tipo de recurso fornece outras ferramentas, como o cronômetro que registra o tempo dedicado a cada habilidade – o tipo de informação que é, então, redirecionada ao professor, para que ele tenha noção das necessidades e do desenvolvimento de cada aluno.

De acordo com Luis, o OutClass também tem o benefício de introduzir o elemento da gamificação na educação: na medida em que o aluno estuda e pratica, ele pode ganhar moedas virtuais, que podem então ser trocadas para a criação de avatares personalizados. “essa coisa de avatar, eu acho que vocês sabem, todo mundo sabe, é uma febre entre as crianças do fundamental, que fazem o seu avatar e decoram”, explica. “Isso é algo que existe na ferramenta para torná-la mais interativa, mais motivadora”. 

Do ponto de vista dos professores, esse tipo de ferramenta permite que eles acompanhem, de fato, o desenvolvimento individual de cada aluno – tendo noção de quanto tempo foi dedicado a cada questão, da quantidade de erros e acertos, quais habilidades estão mais ou menos avançadas; isso tudo pode, então, ser trabalhado na esfera individual ou coletiva da turma. Como mencionado, os professores também economizam tempo no sentido de criar e corrigir tarefas.

Luis ainda afirma que esse sistema permite que o aluno evolua e trabalhe em seu próprio ritmo – garantindo, no fim, uma turma nivelada. Ainda no tópico de inclusão, os benefícios também incluem a acessibilidade para alunos com dificuldade de visão ou concentração, por exemplo: a função de conversão de texto em voz, que permite a leitura e resposta da questão por meio da audição, pode ser um diferencial muito importante para algumas crianças. O tempo exigido dos alunos também é um ponto positivo: não se trata de uma quantidade grande de horas, apesar de ainda ser efetivo no aprendizado, e portanto não tem o efeito de desmotivar os estudantes. 

A ferramenta de Luis já recebeu relatos de clientes: uma escola, que a utiliza há pouco mais de três meses, já teve mais de 40 mil questões respondidas. Segundo o engenheiro, muitos alunos respondem ainda mais questões do que é requerido – um fenômeno que se dá devido ao engajamento e incentivo promovidos pela plataforma por meio da gamificação. “Você acaba aumentando o tempo médio de prática em função dessa motivação, isso vai gerar resultados de curto prazo, mas também de médio e longo prazo, na consolidação da aprendizagem”, explica. “E os professores têm essas ferramentas que os auxiliam, não só na questão do feedback, como está cada aluno, a sua turma, mas também na otimização do tempo”.

Por fim, Luis comenta que no momento a OutClass é bastante focada nas crianças do Fundamental 1 e nas disciplinas de português e matemática – mas existem planos para expandir a grade curricular, abrangendo todas as classes e matérias. O recurso, que recebeu investimento em função da pandemia do Covid-19 e seus resultados na educação, atualmente está rodando em três escolas. Luis conta que o objetivo é ajudar as escolas, e por isso a parte comercial será deixada “para depois”: “Queremos ao máximo colocar essa ferramenta para rodar, não vai ser preço, nada comercial que vai travar isso”. Com esse objetivo, está sendo oferecido um free trial dessa ferramenta que procura compensar o “gap” na educação deixado pelas mudanças da pandemia.

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