No artigo anterior, falamos sobre a BNCC, Base Nacional Comum Curricular, e comentamos as 10 competências da BNCC. Aqui, continuamos:
6) Trabalho e Projeto de Vida – O Projeto de Vida de cada aluno deverá ser objeto de especial atenção dos educadores, a fim de que possam refletir sobre o mundo do trabalho alinhados com os seus sonhos, seus propósitos com liberdade de escolha e autonomia.
7) Argumentação – Essa competência deve percorrer, com profundidade, toda a educação básica, a capacidade de defender suas ideias, negociar pontos de vista, buscar consensos, mas privilegiando conceitos de respeito aos direitos humanos, os direitos das crianças, dos adolescentes, dos idosos, sempre buscando a melhoria da vida de forma sustentável com consumo consciente, responsável e ético.
8) Autoconhecimento e autocuidado – A escola desse novo tempo deverá fortalecer que crianças e adolescentes possam se autoconhecer e se autocuidar, se compreender diante da diversidade humana. Cuidar da sua saúde física e emocional, reconhecendo e sabendo lidar com suas emoções e dos outros para uma melhor convivência, mas sendo autocrítico buscando a melhoria continuamente.
9) Empatia e colaboração – Serão competências fundamentais para a formação integral, assim fortalecendo o respeito a si, ao outro e aos direitos humanos, acolhendo e valorizando a diversidade sem qualquer tipo de preconceito.
10) Responsabilidade e Cidadania – A última competência geral trata da ação pessoal e coletiva com autonomia, flexibilidade, resiliência e determinação, isso para fundamentar as decisões com base nos princípios éticos e democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
As competências gerais da base dão um direcionamento para toda a escola, que precisarão rever seus currículos e adequá-los a essa perspectiva; por outro lado temos as exigências dos vestibulares, do Enem, e muitos professores ainda se sentem amarrados na execução de muitos conteúdos. Como resolver essa complexa questão?
Quando os professores trabalham determinados conteúdos, quantas vezes nós ouvimos a seguinte pergunta dos alunos: “Para que serve isso? Por que eu preciso estudar isso?” A resposta não pode ser mais aquela que muitas vezes foi repetida em muitos lugares: “Por que isso cai no vestibular”.
As crianças e os jovens querem saber para quê serve, o que elas podem fazer com aquele conceito, como relacionar com o mundo em que vivem.
A BNCC propõe um conjunto muito extenso de competências e habilidades, que em alguns casos são repetitivos, enquanto o Enem também tem um conjunto de competências e habilidades que não estão na mesma sintonia da BNCC; portanto será necessário escolher quais fazem sentido com as competências gerais da base e com o currículo da escola.
A educação infantil e o ensino fundamental já implantaram a BNCC, e nos anos 2022, 2023 e 2024 será o momento do Ensino Médio, diante de um cenário em transformação permanente. Trataremos este tema no próximo artigo com toda atenção.
Concluo esse texto com uma citação de Zygmund Bauman:
“Escolhi chamar a modernidade líquida a crescente convicção de que a mudança é a única coisa permanente e a incerteza, a única certeza”.
Coluna por
Luis Laurelli
Educador, Gestor, Consultor Educacional e Coaching Apreciativo. Ocupou cargo de professor de física, coordenador e Diretor Geral em instituições escolares, tais como Escola Pueri Domus, Colégio Pentágono e Aracruz Celulose (Escola Ativa de Coqueiral). Assumiu
a Direção Geral, Regional e/ou Comercial de redes de ensino tais como, Sistema de Ensino Pueri Domus, Rede Pitágoras, Pearson Education, Sangari Brasil e Instituto Pão de Açúcar de Desenvolvimento Humano. Consultor de Produtos e Soluções Educacionais na Corus Consultores, Tuneduc e Mind Lab do Brasil. É sócio fundador da Devir Projetos Educacionais e da LAL Formação Educacional. Recentemente assumiu a Coordenação Geral da Coleção “Palavra Cantada na Escola”. Atualmente é Diretor Educacional da Isaac.