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A partir da década de 70 quando as grandes empresas começaram a prestar mais atenção nos seus departamentos de recursos humanos, pelo fato de seus colaboradores começarem a tomar ciência de seus direitos e buscarem novas oportunidades, inúmeras pesquisas nessa área foram realizadas. 

Um estudo importante, que posteriormente foi base para muitas publicações, comparou uma empresa com um ecossistema natural, partindo do princípio de que ambas são organismos em pleno desenvolvimento. No ecossistema/empresa existem populações de espécies diferentes que interagem e convivem no mesmo ambiente. Estas são divididas em três grupos: 

Proativos – São chamadas de “pessoas que vestem a camisa da empresa” e geralmente representam menos de 20% da população. Tem como características serem abertas às inovações, proativas, trabalhadoras, empreendedoras, líderes e tendem a assumir as responsabilidades. 

A escola somente atingirá a excelência na prestação dos seus serviços educacionais se seu corpo docente for formado por percentual significativo de colaboradores proativos.

Pragmáticos – A grande parcela dos colaboradores, mais de 60%, são pessoas com dificuldade em ter um planejamento profissional e pessoal definido, tendem a seguir um líder (sendo este positivo ou negativo), oscilam a produtividade em decorrência de fatores externos e são práticos nas tomadas de decisões cotidianas, mas procrastinam e são inseguros nas decisões importantes e quando se deparam com o novo.

Uma equipe pragmática possivelmente não gera perda de alunos, mas, por outro lado não proporciona um ensino de excelência.

Reativos – Fazem parte dos 20% restantes as pessoas que precisam de ajuda (líderes negativos*), colaboradores que não concordam ou não entendem a filosofia e as regras da instituição, e os indivíduos que necessitam de tratamento terapêutico. 

Quanto maior o número de reativos, maior será a rotatividade de funcionários e a sensação de insatisfação coletiva, causando a perda de alunos e baixa qualidade pedagógica.

 

Ecossistema

*Líder negativo – O homem, como todo mamífero social, vive em grupos ou clãs subdivididos em castas desde a sua pré-história. No topo da pirâmide encontramos o líder alfa, que atingiu este posto devido algumas características de liderança desenvolvidas. Para que a equipe continue a se desenvolver, sempre existirão jovens com características de liderança prontos para substituir o líder alfa, caso este não tenha mais condições de cumprir o seu papel. No mundo moderno, no corpo docente, quando o líder alfa, que formalmente é o coordenador, não desempenha o seu papel, corre o risco de perder a liderança do grupo para um líder natural que pode ser benéfico se for um aprendiz e compactuar com a filosofia da instituição ou negativo se for um opositor.

Sem nenhuma interferência, a tendência do ecossistema de uma escola é ficar na casa de 20% Proativos, 60% Pragmáticos e 20% Reativos. 

Ecossistema  A falta de liderança e gestão é um fator que abre espaço para o nascimento de uma liderança negativa que poderá produzir um desequilíbrio e aumentar a população de reativos. Existem escolas onde a direção não consegue implantar meritocracia, assistir às aulas, fazer feedback diretivo em grupo, avaliar os professores, isto é, o número de reativos é muito elevado e possivelmente com representantes da coordenação (10% Proativo, 50% Pragmático e 40% Reativo).

Ecossistema  Outro fator que afeta o equilíbrio das populações são as chamadas “panelinhas”. Quando pequenos grupos são fixos na corporação, estes passam a pensar de forma coletiva. Se um membro recebe uma advertência, todos ficam chateados, podendo baixar a produtividade do grupo. 

 

Para qualquer empresa o importante é reduzir ao máximo o número de colaboradores reativos e pragmáticos e aumentar o número de proativos. Para isso, algumas estratégias devem ser seguidas:

 

1 – Reuniões de feedback diretivo – As escolas que possuem a cultura do monitoramento constante tendem a ter uma população de pragmáticos reduzida, pois quando monitorado, o adulto sente-se confiante em sua capacidade de experimentar ou adquirir um novo hábito. Eles não estão sozinhos nesta empreitada, ao seu lado existe uma pessoa com conhecimento e liderança para acompanhá-los, ensiná-los e apoiá-los ao longo de uma nova experiência. 

 

2 – Delegar ao máximo – Ações descentralizadoras propiciam autonomia para a equipe que é, segundo a andragogia, um elixir para o cérebro, pois libera hormônios que causam sensação de prazer e bem-estar. Quanto mais autonomia tiver a equipe maior será a população de proativos.

 

3 – Recuperação de professores (Coaching individual) – Os encontros individuais precisam acontecer quando os indivíduos são identificados como reativos e quando ocorrerem comportamentos negativos e as reuniões de monitoramento em grupo não surtirem mais efeito. 

Após seis meses da implantação destas ações, espera-se uma mudança de população na proporção de 50% Proativos, 40% Pragmáticos e 10% Reativos, o mínimo esperado para uma equipe de excelência.

 

Colunista Christian Coelho
Coluna por

Christian Rocha Coelho

Especialista em gestão, comunicação, marketing e andragogia com 25 anos de experiência no mercado educacional – CEO do Grupo Rabbit e Presidente da Rabbit Partnership, a maior consultoria educacional da América Latina. Autor do livro “Como fazer a sua Escola Crescer” e co-autor do livro “O Efeito COVID-19 e a transformação da Comunidade Escolar”.