Monitoramento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), aponta que a pandemia de coronavírus já impactou 80% da população estudantil do mundo – mais de 150 países fecharam suas escolas por tempo indeterminado.
Portanto, a fase é de adaptação para alunos, educadores e gestores escolares. A pandemia imprimiu um sentido de urgência – nunca vivido na história recente – em virtude das rápidas mudanças com as quais as escolas passaram a lidar diariamente.
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Frente aos novos desafios, o objetivo é estabelecer um elo entre a rotina pré-pandemia e a nova realidade que se reconfigura diariamente – e que exige respostas rápidas e muita flexibilidade de todos os lados.
Posto isso, as recentes mudanças evidenciam ainda mais a importância da comunicação como ponto estratégico nas instituições e na vida das pessoas, na atualização de notícias, informações em saúde, logística da vida diária, funcionamento de estabelecimentos, serviços públicos e, fundamentalmente, na rotina escolar.
Comunicação engajada em tempos de crise
O professor, mestre em educação e pesquisador associado ao Escolas Exponenciais, Fabrício de Paula, ressalta a importância da comunicação estratégica no período de distanciamento social e mudança de rotina escolar, bem como o desafio de não deixar a educação – a alma da sociedade – parar, dando continuidade aos processos.
Para ele, a comunicação engajada pode fortalecer os vínculos entre escolas, famílias e alunos, mas, para isso é preciso ir além do envio de informações e comunicados. “Podemos transformar a crise em um momento de aprendizado e aprimoramento dessas relações, gerando parcerias efetivas que gerem frutos”.
Brian Tong, gerente de relacionamento da ClassApp, reforça quatro pilares fundamentais para a comunicação nas escolas em tempos de crise:
1. Definir o canal oficial de comunicação com os pais
Escolha o principal meio de comunicação entre a escola e comunidade escolar. É por meio desse canal que os comunicados oficiais da escola devem ser feitos, evitando disseminação de fake news ou compartilhamento de notícias que não tenham sido checadas e validadas pela equipe de gestão. Oriente os pais sobre isso, de modo que eles saibam onde buscar a informação correta sobre os assuntos escolares.
2. Escolher fontes confiáveis de informação
Compartilhar informação de fonte duvidosa pode comprometer a imagem da escola, além de gerar desinformação. Use notícias e boletins de órgãos oficiais ou sites respeitados e renomados. Revise e cheque com cautela cada comunicado antes de enviar aos pais. Ferramentas de curadoria de notícias podem facilitar esse trabalho.
O Escolas Exponenciais, por exemplo, oferece o Briefing Educacional. Semanalmente é enviado um boletim com as notícias mais relevantes do universo da educação no Brasil e no mundo, de forma contextualizada e comentada pela equipe de conteúdo. “Sabemos que hoje, diferente do passado, temos excesso de informação e é muito difícil filtrar. Lemos cerca de trintas fontes diferentes de informações para compor cada briefing”, explica a jornalista Kely Gouveia, responsável pela comunicação da ClassApp e editora de conteúdo.
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3. Comunicar com frequência
A frequência da comunicação fortalece os vínculos da relação escola-família. Os canais precisam funcionar tanto na frequência, como nas respostas e esclarecimentos. Mantenha uma rotina diária de comunicação que busque ir além das demandas pedagógicas. “O coronavírus não é o único vírus que está se disseminando nesse momento. A desinformação e o abatimento das pessoas é algo com que a escola pode lidar, demonstrando empatia e apoio”, reforça Brian.
4. Segmentar e personalizar
É preciso monitorar quais as principais dúvidas e anseios da comunidade escolar para poder comunicar de forma personalizada. Uma rápida pesquisa via enquete ou formulário online podem ajudar na definição de temas prioritários. “Quanto mais personalizado o conteúdo, maior será a relevância para os pais”. A comunicação pode ser segmentada por turmas, já que as dúvidas e preocupações de pais com filhos no ensino infantil são diferentes dos pais de alunos do ensino médio.
Empatia
As competências socioemocionais estão sendo colocadas à prova em todas as esferas da vida. A escola não deixa de ser um catalisador dessas angústias, já que a educação dos filhos é tema central, ainda mais diante da falta de perspectiva para o retorno às aulas presenciais. Sendo assim, os gestores precisam redobrar os cuidados e incluir esse fator na estratégia de comunicação.
Para isso, entender o contexto de cada família é essencial. “As crianças alfabetizadas possuem autonomia para realização de atividades, mas, e as crianças menores? Preparar uma comunicação com sugestões de atividades lúdicas, indicação de materiais de apoio disponíveis na internet, entre outras medidas, são atitudes simples que demonstram empatia e acolhimento”, ressalta Fabrício.
A comunicação, no entanto, precisa ser dialógica, com momentos de fala e escuta, o que requer organização. “Várias escolas devem estar vivenciando um caos no atendimento”, alerta Brian. “Sem um canal estabelecido para essa comunicação, fica difícil saber se as demandas estão sendo atendidas. Outra agravante é a falta de registro dessas conversas. Em aplicativos de comunicação escolar, como o ClassApp, é possível ter registro e histórico dessas comunicações e saber se a mensagem foi lida”, afirma.
Comunicar e mediar
Apoiar os pais no desenvolvimento das atividades é central nessa “nova comunicação”. O apoio vai além do compartilhamento de técnicas pedagógicas. Atitudes simples para estimular e incentivar os pais nessa jornada são de grande valia, como orientar para que estimulem os filhos a gravarem vídeos ou áudios curtos com dúvidas e enviar ao professor, ou ainda, fazer a ponte com outros pais e grupos de alunos para troca de experiências.
A analogia do professor mediador e do professor expositor serve para ilustrar como a comunicação pode impactar as relações e práticas educacionais. Comunicar com enfoque no envio e compartilhamento de informações é exercer o mesmo papel do professor expositor, aquele que apenas repassa o conteúdo. Do outro lado, o professor mediador está disposto a construir pontes, acolher e oferecer soluções, proporcionando espaços estimulantes para que alunos (e os pais) exerçam papel ativo no desenvolvimento da aprendizagem.
Essa mediação pode sensibilizar os pais na continuidade do protagonismo mesmo após a normalização do cenário, é oportunidade única para que eles vivenciem de um jeito intenso os desafios dos processos comunicacionais. Essa relação poderá aproximar pais e filhos ao permitir mais conhecimento entre ambos sobre como cada indivíduo lida com o “aprender e ensinar”, reforçando a parceria escola-família.