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Em 11 de agosto de 1927, durante a comemoração de cem anos de existência dos primeiros cursos de graduação do Brasil, foi proposto que o país passasse a comemorar nesta data o Dia do Estudante. 

A educação no país ainda estava longe de ser universalizada e ser considerada um direito a todos, mas dava os primeiros passos para enxergar o estudante como o protagonista do processo de aprendizado. 

Naquele dia, estudantes de cursos de direito e advogados comemoravam a autorização de Dom Pedro I, em 1827, para a criação das duas primeiras faculdades brasileiras, a Faculdade de Direito de Olinda (que depois se tornaria a Universidade Federal de Pernambuco) e a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (que depois seria integrada à Universidade de São Paulo). 

Na ocasião, eles decidiram que a data se tornaria uma celebração de todos os estudantes do país, da educação básica ao ensino superior. O movimento foi um dos precursores em reconhecer o papel fundamental do aluno no sucesso da educação, objetivo hoje buscado por muitas escolas e políticas públicas. 

Se antes o estudante era visto como um sujeito passivo no processo de aprendizado, apenas recebendo o que o professor deseja explicar, atualmente as escolas buscam entender os interesses e necessidades do aluno para ensinar.

 

O que é o protagonismo do aluno?

Colocar o estudante como protagonista é desenvolver o aprendizado a partir das dúvidas, interesses, desejos e necessidades dele. Ou seja, o professor não entra em sala como um detentor do saber, que vai transmitir conteúdos sem despertar a curiosidade dos alunos. 

“Quando passamos a trabalhar a partir do interesse do aluno, a gente percebe que tudo pode ser importante pra ele. Não é impor um conteúdo porque ele é importante para a sua formação, mas despertar a sua curiosidade para ele”, diz Ana Carolina Han, coordenadora pedagógica do colégio Rio Branco, em Higienópolis, na região central de São Paulo. 

Para ela, não adianta a escola tentar colocar o protagonismo do aluno apenas em algumas atividades, mas que ele deve permear todo o projeto político pedagógico do colégio, já que requer uma mudança na forma de ensinar.

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Dia do Estudante: estímulo à curiosidade e investigação

Um dos pontos chaves para o protagonismo do aluno é pensar em formas de despertar o interesse do aluno para o conteúdo escolar e direcioná-lo para investigar os temas estudados. 

A curiosidade pode ser despertada ao associar o conteúdo a assuntos de interesse da vida do estudante ou a situações cotidianas que vivem. 

É o que fez o Centro Educacional Pioneiro, na zona sul de São Paulo, com o projeto Ciência na Cozinha para alunos do 9º ano. A atividade envolveu diversas disciplinas ao instigar os alunos a pensar em como o aprendizado sobre a produção de macarrão poderia beneficiar a comunidade do entorno da escola. 

Depois de aprenderem a fazer a massa de macarrão no laboratório da escola, os alunos receberam a proposta de pensar como aquela habilidade poderia beneficiar pessoas em situação de vulnerabilidade. 

“Eles tiveram que fazer uma pesquisa de dados reais de São Paulo, como o aumento da população moradora de rua, de que maneira a economia ficou comprometida com a pandemia, fazer cotações e entender o que é uma porção média de uma refeição para um brasileiro”, conta Márcia Sakai, coordenadora de ciência da escola. 

Os alunos calcularam quantas pessoas em situação de rua vivem próximas à escola e decidiram produzir lasanhas para doar. A partir daí, tiveram de calcular a quantidade de alimentos necessários para atender essa população e se envolveram em uma campanha para conseguir as doações. 

A ação levou os estudantes a arrecadar 25 quilos de farinha, 17 dúzias de ovos, 20 quilos de calabresa defumada e 12 quilos de queijo muçarela. Eles produziram e entregaram 150 lasanhas. 

Um projeto incrível para você, gestor, se inspirar neste Dia do Estudante, não é mesmo?

 

Colaboração e trabalho coletivo

Assim como o trabalho de doação de refeições do Centro Educacional Pioneiro envolveu todos os estudantes, a noção de protagonismo na educação considera a coletividade como um ponto importante para a construção do conhecimento. 

Os alunos são estimulados e aprendem que ao pensarem juntos encontram melhores soluções e podem desenvolver ações maiores do que sozinhos. É o que tenta estimular o colégio Rio Branco, com projetos de monitoria. 

A escola propõe que os alunos mais velhos façam a monitoria dos mais novos. 

“Os alunos ajudam os mais novos em atividades escolares, na organização do dia a dia da escola. Assim aprendem sobre responsabilidade, colaboração, percebem que têm o que ensinar e transmitir para os mais novos”, diz Ana Carolina. 

 

Neste Dia do Estudante, é importante refletir sobre o protagonismo

Assim como indicam pesquisas na área da pedagogia, as escolas perceberam que dar protagonismo ao aluno é o caminho para uma formação completa. Eles não só aprendem melhor os conteúdos escolares, mas desenvolvem também uma postura mais autônoma, responsável e interessada para as situações que enfrentam no cotidiano. 

“O papel da escola não é só ensinar conteúdos, mas formar um cidadão completo e responsável para o mundo. A gente acredita que, ao colocá-los como protagonistas do seu aprendizado, estamos formando pessoas que farão diferença para a sociedade”, diz Ana Carolina.