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O aluno protagonista é aquele que se torna o personagem principal dentro do processo de ensino e aprendizagem. Prevista na BNCC (Base Nacional Comum Curricular), a educação básica deve ser um espaço que incentive que os alunos sejam protagonistas de seus próprios aprendizados. É preciso, ainda, estimular que as crianças e jovens também tenham mais voz e participação dentro dos processos de aprendizagem.

Na prática, tornar o aluno protagonista de sua educação significa subir um degrau de cada vez. O protagonismo, assim como qualquer processo, não acontece da noite para o dia, exige tempo e clareza nos objetivos. 

“A equipe escolar precisa estar unida em um mesmo propósito, sabendo as diferentes abordagens em cada ano de ensino, conseguindo tomar decisões sábias, entendendo o cenário pelo qual passamos e adaptando aos poucos a rotina”, sugere Isabela Munis, coordenadora  da área polivalente da Escola Vereda (SP).

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O que diz a BNCC

Isabela Munis lembra que o protagonismo do aluno tem destaque na BNCC. A primeira vez que a palavra “protagonismo” aparece é logo na introdução, quando a BNCC lista as competências gerais da Educação Básica. No quinto item está a tarefa de “compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva”.

Ao fazer um compromisso pela educação integral desse estudante, a BNCC determina que é preciso que o estudante tenha protagonismo na sua aprendizagem e na construção de seu projeto de vida.

Isabela explica que os benefícios alcançados pelo aluno protagonista refletem muito na formação do estudante e, consequentemente, na construção da instituição social escola. 

“A autonomia, a criatividade, o espaço para expor suas opiniões e visões, tudo isso contribui para um ambiente mais cooperativo e de formação integral do ser humano. Além disso, as aulas podem assumir propostas dinâmicas, utilizando meios tecnológicos ou projetos que tenham a participação dos próprios alunos, demonstrando o quanto suas ideias são primordiais e o quanto esse processo também é composto por ele”, diz.

Cultura digital

A cultura digital é citada na BNCC como uma ferramenta a ser utilizada para incentivar o protagonismo do aluno, principalmente por já entender que vivemos um contexto totalmente conectado e integrado à internet.

Em uma pesquisa sobre ambientes inovadores de ensino, Livia Mara Menezes Lopes e Viviane Salvador Ribeiro citam que a tecnologia, por si só, motiva os jovens e, inserida no contexto escolar, pode favorecer o interesse na participação e na realização das atividades escolares.

Segundo as pesquisadoras, esses ambientes podem mostrar ao aluno que a escola é mais uma ferramenta de ensino, assim como vídeos e jogos, e que seu desenvolvimento depende exclusivamente do seu desempenho. Utilizar  ferramentas tecnológicas “auxiliam em metodologias de aprendizagens que insiram o aluno no processo de ensino-aprendizagem mais ativo e mais autônomo“, explicam em artigo.

A BNCC entende que essa cultura digital também impõe desafios à escola no que diz respeito ao seu papel de formação de novas gerações. Por isso, o documento da Base Nacional Curricular sugere que a instituição escolar “preserve seu compromisso de estimular a reflexão e a análise aprofundada e contribua para o desenvolvimento, no estudante, de uma atitude crítica em relação ao conteúdo e à multiplicidade de ofertas midiáticas e digitais”.

Incentivando o aluno protagonista

A coordenadora da área polivalente da Escola Vereda, Isabela Munis, dá algumas dicas de como incentivar o protagonismo dos alunos.

Dentro da escola o primeiro passo é saber ouvir e confiar na capacidade dos estudantes. “Entendendo quais são as ideias e abrindo espaço para que confiem no diálogo sem medo do erro ou do julgamento, a gente mostra para este aluno que naquele espaço suas visões são bem-vistas e respeitadas”, explicou.

Um outro modo, segundo Isabela, é deixar muito claro o processo do qual esse estudante faz parte. “Fazendo uma analogia: não existe um ator principal de uma peça que não saiba o enredo”, simplificou a coordenadora. “Então, apresentar o planejamento da aula, a rotina escolar, as avaliações e os objetivos de aprendizagem, tendem a ser um caminho de sucesso para essa construção”, disse.

Outra ideia da coordenadora da Escola Vereda é ter um ambiente que favoreça o protagonismo. “A promoção de trabalhos em grupos gera uma responsabilidade no saber ouvir, compartilhar, contribuir e cooperar com todos os colegas da turma”, sugeriu. “Nesse cenário o professor é um mediador da ação e os alunos exercem seu papel de modo individual e coletivo”, continuou.

Na Escola Vereda, o protagonismo do estudante é tido como um valor da instituição. “A estrutura no nosso ambiente escolar favorece o desenvolvimento do protagonismo, já que as mesas são hexagonais e permitem uma interação entre todos”, argumenta.

“Se você entrar em uma sala de aula da Vereda, ela nunca estará silenciosa, pois nossos estudantes, desde o 1° ano do Ensino Fundamental até a 3° série do Ensino Médio, têm espaço para discussão e compartilhamento de saberes”, exemplifica.

Segundo ela, a escola se depara com alunos que chegam sem a prática do ouvir o colega e, com o tempo, ele consegue desenvolver a escuta ativa. Para Isabela Muniz, um ambiente que incentiva o respeito, promove a fala e a expressão de opiniões sem julgamentos é um local que, para além de mostrar a diversidade, promove uma aprendizagem em que o aluno se torna protagonista da vida pessoal e coletiva.

 

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