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O Dia Internacional do Estudante (International Student’s Day), comemorado no dia 17 de novembro, é uma excelente oportunidade para valorizar as experiências dos estudantes brasileiros no exterior e um bom momento para incentivar a troca de vivências, saberes, línguas e culturas. 

Vivemos em um mundo em que é fundamental ter olhar empático, respeitar diferenças de culturas, saber outros idiomas, e tantas qualidades mais que podem ser conquistadas em uma experiência internacional. 

Em tempos de globalização e de maior interação entre os povos, é crescente o movimento de alunos que estudam fora de seus países de origem. A experiência internacional contribui não só para a formação acadêmica, mas é também um diferencial no currículo profissional. 

Para celebrar o Dia Internacional do Estudantes, conversamos com jovens que tiveram a oportunidade de estudar em outros países. Confira!

 

Dia Internacional do Estudante: uma vivência fora do Brasil 

Dulce Whitaker está no 12º ano do Ensino Médio do Colégio Humboldt (equivalente ao terceiro ano do EM, pois a escola segue a contagem alemã), em Interlagos, São Paulo. A estudante fez intercâmbio em uma pequena cidade da Alemanha, perto de Nurenberg, na Baviera, por meio de uma agência privada. 

“Se eu não tivesse ido para lá, meu alemão não seria o que é hoje e eu acho que não alcançaria os objetivos que quero na minha futura carreira. Se eu não tivesse ficado imersa na cultura alemã, eu nunca teria chegado no nível de alemão que eu alcancei”, pontua.

Para Dulce, quando o aluno recebe a oportunidade de fazer um intercâmbio como o que ela fez, ele tem que agarrar a oportunidade com unhas e dentes: “Para mim, negar essa oportunidade não é uma opção. Não dá para deixar de fazer por medo, insegurança. Eu mesma me desesperei ao me imaginar me virando sozinha, porque no Brasil os estudantes são muito dependentes dos pais. Existe um choque de cultura e isso é importante de ser vivido. Mesmo com todas as dificuldades que eu enfrentei, o intercâmbio me fortaleceu muito. Eu não seria a pessoa que eu sou hoje sem essa experiência. Mesmo com o que deu errado, eu faria tudo de novo”, diz Dulce.

 

Dois irmãos, dois países diferentes

Os irmãos Julia e Bernardo Daudt de Faro Salamonde fizeram intercâmbio em países diferentes. Enquanto a Julia, aos 16 anos, foi para Oxford, na Inglaterra, onde teve aulas de Medicina durante um mês (Medical Science e Neurophysiology), o Bernardo frequentou uma escola pública californiana durante 6 meses. Os dois estudaram na Escola Visconde de Porto Seguro, no Morumbi, em São Paulo.

Hoje, aos 20 anos, Julia cursa Medicina na Faculdade São Leopoldo Mandic, em Campinas, São Paulo. Segundo ela, a experiência de estudar fora do país foi fundamental para que tivesse a certeza de que queria fazer Medicina. Para ela, o mais interessante “foi estar em um cenário muito diferente do que estava acostumada, com pessoas diferentes e maneira de estudar totalmente distinta”.

Julia ressalta que a adaptação, no início, foi desafiadora. “Viver e sair da nossa zona de conforto só nos faz crescer como pessoas e futuros profissionais! Lidar com situações diferentes em que tenhamos que usar nossa independência, praticar a comunicação e sociabilidade contribui muito para o nosso processo educacional”, completa.

Bernardo atualmente cursa Administração de Empresas na Fundação Getúlio Vargas – FGV, de São Paulo, e a experiência que teve de intercâmbio no exterior também foi muito positiva. Bernardo fez um semestre do Ensino Médio na Martin Murphy Middle School, em San José, Califórnia. “A experiência acadêmica me ajudou muito a ter uma mente mais aberta sobre o mundo, além de me ensinar a usar minha independência em situações desconfortantes”.

Ele considera que o seu maior desafio no período em que estudou tenha sido chegar em um ambiente onde grupos de amizades já estão formados e, principalmente, em uma cultura totalmente diferente da que estava acostumado. “Nos primeiros meses, tive uma maior dificuldade para me adaptar, mas, com a ajuda de colegas e do staff da escola, consegui realizar uma adaptação excelente!”, ressalta.

 

Estudar no exterior proporciona amadurecimento e conhecimento de outras culturas

João Pedro de Oliveira Souza, de 20 anos, também estudou em Oxford, durante um mês, depois de ter se formado no Ensino Médio, e antes de entrar para o Ensino Superior. O paulistano optou por fazer um curso de RI – Relações Internacionais. “O intercâmbio foi fundamental para o meu amadurecimento pessoal e profissional, e foi decisivo para a escolha do meu bacharelado em RI.”

Já o carioca Henrique Mattias Krepel, de 16 anos, estudante do Ensino Médio na Escola Alemã Corcovado, no Rio de Janeiro, fez seu intercâmbio na Alemanha em 2019. A Escola tem ênfase em uma formação internacional e parte dos alunos têm aulas exclusivamente em alemão. Durante um mês, Henrique viajou com outros alunos da sua escola. Ele é mais um dos estudantes que afirma: “eu gostei da experiência. Conheci pessoas de diferentes culturas e enriqueci muito meu vocabulário.”

 

Dia Internacional do Estudante: a importância de sair da zona de conforto e encarar o mundo

Inácio Quaresma, de 17 anos, estuda na Escola Móbile, em São Paulo. Inácio passou três semanas em julho fazendo um curso na Universidade Brown, em Providence, nos Estados Unidos. “Eu queria fazer algum programa de férias para melhorar meu inglês na conversação do dia a dia, e acabei aprendendo muito mais do que isso: por exemplo, a responsabilidade de estar sozinho em outro país”.

Inácio conta que achou a experiência incrível, mesmo tendo tido uma primeira semana mais complicada para fazer amigos. “Coloquei na minha cabeça que não queria fazer amizade com brasileiros; eu queria conhecer pessoas de outras culturas. Isso dificultou um pouco no começo, mas no final das contas, percebi que as pessoas eram mais amigáveis do que aparentavam, algo que facilitou as duas semanas seguintes. De modo geral, pude aprender a me virar lavando roupa, cozinhando, controlando meus horários. Sem falar em poder conhecer várias pessoas diferentes”.

O jovem fala ainda sobre como é importante sair da zona de conforto nos estudos: “Durante a semana, era comum eu ir para as bibliotecas para fazer os trabalhos e atividades do curso. Percebi que isso me ajudava muito a ser mais produtivo. Hoje, de volta a minha rotina normal, tento sempre fugir dessa zona de conforto, a fim de aumentar minha produtividade. Além disso, agora sou muito mais responsável em relação aos meus deveres do que era antes.”

 

Um mundo de possibilidades internacionais

No Dia Internacional do Estudante, é importante destacar que, atualmente, são muitas as alternativas de intercâmbio no exterior. Segundo a STB – Student Travel Bureau, empresa especializada nesse segmento, os estudantes brasileiros têm preferência por destinos mais alternativos, se comparado com décadas atrás, quando fazer intercâmbio no exterior significava estudar em uma escola nos Estados Unidos. 

Hoje os estudantes não fazem intercâmbio apenas durante o ano letivo do Ensino Médio. Buscam viajar também no período de férias escolares, quando se formam na escola e antes de ingressar em uma universidade, ou mesmo mais tarde, para fazer um curso de curta duração ou alguma especialização. 

Para a STB, são as seguintes as cidades preferidas pelos estudantes brasileiros, na ordem: 

1) Toronto, no Canadá; 

2) Vancouver, no Canadá; 

3) Londres, na Inglaterra; 

4) Nova York, nos EUA; 

5) Sydney, na Austrália;

6) Dublin, na Irlanda e 

7) Orlando, nos EUA.

É claro que nem todas as experiências são perfeitas. Alguns estudantes têm mais dificuldade de adaptação à nova cultura, outros não lidam bem com a saudade de casa, outros enfrentam problemas com as famílias que os hospedam. No entanto, os estudantes contam com o apoio das agências de intercâmbio, que acompanham a experiência dos alunos no exterior. É fundamental escolher bem a agência, se preparar para a viagem e enfrentar os medos de viver uma temporada no exterior.

 

Um pouco da história do Dia Internacional do Estudante

No Brasil, o Dia do Estudante é celebrado no dia 11 de agosto. Nessa data, em 1827, ainda no Primeiro Reinado, o imperador D. Pedro I autorizou a criação das primeiras duas faculdades de Direito do Brasil: a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, na capital do estado de São Paulo, e a Faculdade de Direito de Olinda, em Pernambuco. Cem anos mais tarde, em 1927, o Dia do Estudante passou a ser comemorado no dia 11 de agosto, data em que também se comemora no Brasil o Dia do Advogado.

Já o Dia Internacional do Estudante é comemorado em 17 de novembro em todo o mundo. A data foi criada na época da Segunda Guerra Mundial, em homenagem a estudantes da Universidade de Praga que celebravam o aniversário de independência da antiga Tchecoslováquia e foram brutalmente reprimidos pelas tropas nazistas que haviam invadido e ocupado o país, em 1939.

Como consequência do embate, 15 estudantes ficaram feridos, e um deles faleceu. Posteriormente, em manifestação contra a morte do estudante, uma multidão foi novamente reprimida pelo exército alemão. Mais de 1.200 estudantes tchecos foram presos, muitos enviados para campos de concentração, e as universidades do país foram fechadas.

No dia 17 de novembro de 1939, 8 estudantes (além de 1 professor) foram sumariamente executados sem julgamento pelo regime nazista. Por iniciativa do Conselho Internacional de Estudantes, composto por refugiados em Londres, o Dia Internacional do Estudante foi criado, em 1941, sendo celebrado na mesma data:  17 de novembro.