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Captar e reter alunos em escolas privadas no Brasil sempre foi um imenso desafio para gestores escolares. Em tempos de pandemia, esse desafio ficou ainda maior. 

Convidamos Renata Grando, sócia e diretora de parcerias na Letrus, plataforma eleita pela Unesco como uma das melhores tecnologias do mundo a usar inteligência artificial aplicada à educação e aprendizagem, para tentar responder a grande pergunta: como driblar essa crise, usando a tecnologia na educação como instrumento de fortalecimento de marca?
“Diferenciação” foi a primeira palavra de Renata.

Mas como ser diferente? 

O Brasil tem 40 mil escolas particulares de Educação Básica e temas como rematrícula e inadimplência são assuntos recorrentes no cenário educacional. Com a pandemia e a consequente crise econômica, muitas escolas perderam alunos para a rede pública, para outras escolas privadas e até alunos bem pequenos deixaram de frequentar instituições de ensino e voltaram a ficar em casa (lembrando que no Brasil é obrigatório que crianças de 4 a 17 anos estejam matriculadas em alguma instituição de ensino, seja pública ou privada).

 

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A grande missão da Letrus, segundo Renata, é ter um país plenamente letrado, e para isso a empresa aposta na tecnologia para apoiar os professores a desenvolverem a escrita dos alunos. A Letrus usa um software baseado em inteligência artificial que analisa redações e dá correções e orientações a alunos de forma imediata e a partir daí auxilia professores com informações que possibilitam que eles tomem melhores decisões estratégicas para suas aulas a partir da análise virtual.

“Diferenciação é palavra-chave e a tecnologia pode ser essa estratégia de diferenciação concreta de fazer com que a instituição se destaque e cresça, fortalecendo sua marca.” 

 

Mas como a tecnologia na educação tem a ver com o desempenho pedagógico e a valorização da marca? 

Nos dias de hoje, existe um uso tão fundamental da tecnologia que ela começa a deixar de ser diferencial e passa a ser regra. Como aconteceu com o inglês nos currículos para emprego, que deixou de ser um diferencial na hora da contratação, as escolas hoje precisam sim ou sim de usar tecnologia. E isso já não basta. Então como uma escola deve investir em tecnologia educacional para se posicionar melhor no mercado e se diferenciar, saindo na frente de outras instituições?

Segundo Renata, existem três grandes pilares relacionados ao uso de tecnologias educacionais para reconhecimento da marca:

  1. O primeiro pilar está ligado ao desempenho pedagógico, à importância de ter um projeto pedagógico forte e estratégico 
  2. O segundo tem relação com inovação e tecnologia educacional
  3.  E o terceiro é sobre a comunicação de resultados, para mostrar a mensuração do desempenho e a geração de impacto 

“Não há como criar uma ação estratégica sem informação, ter estratégia às cegas. Quando a gente fala em investir em mensuração de desempenho, em autoavaliação, estamos falando em se conhecer, conhecer nossos pontos fortes e nossas dores, saber onde é preciso ter mais foco e investir mais.” 

Segundo Renata, um dos grandes diferenciais da Letrus é exatamente combinar a inteligência pedagógica do professor à inteligência artificial, para que a escola consiga acessar uma camada de informação nova e mais profunda sobre seus alunos, e a partir daí atuar de forma mais estratégica. 

Ela explica que para se conseguir pensar em soluções é preciso saber quais são os problemas. “Para saber quais são as dores, é preciso fazer perguntas, para responder essas perguntas, é preciso de informação, ou seja, avaliar e mensurar periodicamente o desempenho e saber o que está acontecendo dentro da escola.”

Como saber em que tecnologias investir?

Segundo Renata, existe uma grande diferença em investir em tecnologia e investir em tecnologia educacional. “Quando eu invisto em tecnologia, estou falando de um espectro muito amplo, um computador, um tablet, um software. Mas quando falamos de tecnologia educacional, estamos falando de algo desenhado para educação, que trabalha com um objetivo muito específico que é gerar aprendizado.”

Isso gera um questionamento importante: das tecnologias que a escola está usando, quais de fato geram aprendizagem e impacto?

 Renata conta que um estudo global realizado em 2020 sobre soluções educacionais, tecnológicas ou não, chegou a uma conclusão que as soluções que dão ao professor formação contínua têm um impacto muito maior na aprendizagem dos alunos do que somente o investimento em novas ferramentas tecnológicas pontuais. Segundo ela, a pesquisa mostrou que a tecnologia tem um potencial muito grande de impactar a aprendizagem, mas que sozinha não gera esse efeito. “A tecnologia precisa estar integrada ao processo curricular, ao projeto pedagógico da escola. Quanto maior a integração, maior o efeito na aprendizagem e maior o retorno.” 

E como comunicar tudo isso?

Renata Grando explica que não adianta fazer um ótimo trabalho de avaliação e escolher as melhores tecnologias, se isso não for comunicado da forma correta. 

“Nada disso importa se a gente não souber construir uma narrativa, se a gente não souber comunicar.” Segundo ela, é fundamental que os gestores façam algumas perguntas antes de montar um plano de comunicação: 

  1. Como eu quero que a minha escola se posicione?
  2. Como eu quero ser representado?
  3. Eu de fato conheço a minha instituição? O que a minha escola faz bem?

O que ela faz de único? Quais seus diferenciais? 

  1. Qual é o perfil de alunos e famílias que são atraídos pela minha proposta?
  2. O que é importante para esse grupo que se identifica com a minha proposta? 

“Quando construímos uma imagem a partir dessas informações, de forma ativa e não passiva, criamos oportunidades de destacar aquilo que fazemos bem. É preciso se conhecer para se posicionar.”

A importância da comunicação contínua

Renata Grando completa dizendo que além de todo esse conhecimento, é muito importante que os gestores entendam que a comunicação não pode somente ser feita em momentos críticos, como o da rematrícula, da atração de alunos. A comunicação precisa ser feita o ano inteiro, mantendo o relacionamento entre a comunidade escolar sempre aquecido, de forma sistematizada, estratégica e com conteúdos muito bem planejados.

“Estamos falando da importância de lembrar as pessoas nossos diferenciais. Não basta dizer que você comprou novos computadores, é preciso mostrar como você pensa estrategicamente no uso desses computadores para melhorar o ensino de seus alunos. Não é sair plugando qualquer coisa que está na moda.” Somente isso não valoriza a marca, é preciso construir um lugar de referência. Se você está investindo na escola, está trazendo melhores soluções, conta isso. É muito comum vermos no final do ano campanhas publicitárias com o resultado de vestibular, de Enem… mas se fazemos um acompanhamento, uma mensuração, isso deve ser usado para o fortalecimento de marca ao longo do ano, apresentando cases de evolução, compartilhando informações com as famílias e atraindo os pais a conhecerem mais e a se interessarem mais pela escola.” 

 

Assista à palestra completa:

Como utilizar tecnologias educacionais para o fortalecimento de marca?