Boas práticas em tempos de crise: Conheça as ações do Colégio da Villa
Frente às mudanças na educação impostas pelas medidas em combate à disseminação do Coronavírus, muitos gestores se perguntam o que cada escola está fazendo para manter seus alunos engajados no estudo mesmo estando longe das salas de aula. De fato, manter uma rotina produtiva de ensino em tempos de isolamento social é um dos maiores desafios na lista das urgências que passaram a fazer parte da educação brasileira e mundial hoje.
Por isso, o Escolas Exponenciais conversou com algumas instituições de ensino que estão tomando medidas criativas e proativas para driblar a suspensão das aulas presenciais. E, embora seja cedo para fazer um balanço profundo, ao que tudo indica, as ações têm alcançado resultados muito positivos.
Você vai ver conhecer nessa série dicas de diretores de colégios de diversas partes do Brasil sobre plataformas, websites e aplicativos, além de conhecer opções ferramentas que existem no mercado, muitas delas gratuitas.
É hora de compartilharmos informação, conhecimento e histórias inspiradoras para que o ensino das nossas crianças e jovens sofram o menor impacto possível.
O case do Colégio da Villa
“Acredito que o maior ganho que podemos ter com esta mudança atual é a autogestão, o autogerenciamento do aprendizado do aluno”, afirma a diretora pedagógica do Colégio da Villa, Maria de Lourdes Patrocínio da Silva Cocozza Simoni. O colégio bilíngue, de Jaguariúna, São Paulo, tem cerca de 280 alunos que pagam uma mensalidade média de R$ 1.700, para estudar no modelo de escola 3.0.
A escola 3.0 é resultado da revolução tecnológica do fim do século XX, quando a internet impulsionou um novo olhar sobre a educação. Alunos e professores passaram a compartilhar conhecimento, a trocar experiências e a trabalhar em equipe, num ambiente colaborativo e híbrido – presencial e à distância.
Hoje, com o fechamento das escolas – como medida de prevenção para evitar a disseminação do coronavírus, a transição de modelo 2.0 para o 3.0 foi acelerado de forma exponencial.
”Quando nós começamos a usar a plataforma Google for Education, a ideia era implementar em 2020 algumas atividades usando a tecnologia. Mas de uma hora para outra, tudo foi acelerado. Parece que a gente está fazendo parte de uma grande startup; de uma hora para outra, todo mundo teve que se reinventar”, diz Maria de Lourdes.
“Eu acredito que nós vamos partir para um modelo que nunca houve, de ensino a distância mesmo na educação básica. O ensino médio já usava essas plataformas digitais, mas do oitavo ano para baixo isso nunca tinha sido pensado.”
Segundo a diretora do Colégio da Villa, muitos professores estavam em uma zona de conforto, trabalhando com aquela tradicional aula padrão e agora, com a mudança abrupta do ensino presencial para ensino a distância, estão tendo que se reinventar, se redescobrir.
“Na escola 2.0, a pergunta era: como você ensina? Na escola 3.0 a pergunta é outra: como você aprende? Como o aluno aprende? Cada aluno tem facilidade para aprender de uma maneira, em uma determinada mídia. E é isso que estamos vivenciando agora. Muitas vezes um aluno é taxado de disperso, de desinteressado e agora ele é um dos mais engajados neste novo modelo. Os alunos estão se encaixando em um espaço que antes era apenas de recreação.”
O Colégio da Villa optou por juntar todo o conteúdo usado neste período de isolamento social na plataforma digital Google for Education/Google Classroom. É por meio da plataforma que a escola disponibiliza material gravado, organiza videoaulas, chats, posta links, vídeos… O recurso tem se mostrado muito eficaz com os alunos que vão dos seis meses de idade aos 17 anos.
“Os alunos de hoje gostam muito de tecnologia. Então os pais dos alunos maiores não estão vendo problema de o aluno ficar no computador, pois é o que ele já fazia quando chegava em casa.”
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Para os menores
Na educação infantil, a escola vem trabalhando com mini-histórias contadas em vídeos pelos professores, usando a abordagem do projeto educacional italiano Reggio Emilia. O objetivo da abordagem é envolver a criança a partir de seus próprios interesses.
“Nossa ideia é que a trilha de aprendizado semanal tenha começo, meio e fim, e que também faça sentido para o pai que vai aplicar as atividades com as crianças em casa. Todas as atividades, de todas as áreas, se conectam, todas fazem parte de um contexto”, explica.
Para os alunos menores, a partir de seis meses, a orientação é que as famílias façam com eles uma atividade por dia, no tempo que for viável. Segundo a diretora, os pequenos têm se mostrado atentos às “aulas” em frente a celulares e computadores.
Do Fundamental 1 ao Ensino Médio
Do primeiro ano ao Ensino Médio, a escola usa uma combinação de recursos, como o sistema Poliedro, uma plataforma com videoaulas de todas as matérias, além de outras ferramentas digitais, como a plataforma Khan Academy Brasil e o software de geometria GeoGebra (aplicativo de matemática gratuito, usado por mais de 100 milhões de professores e alunos no mundo todo).
Para o Fundamental 1, a escola optou por dar uma disciplina a cada dia: Matemática, Português, História, Geografia e Ciências. “E vamos entrar muito com arte, com duas aulas por semana, e também com duas aulas semanais de Inglês.”
Já para os alunos do Ensino Médio, que durante o período letivo regular têm 10 aulas por dia, os gestores decidiram transformar essa carga diária em 3 horas aulas, 3 disciplinas.
“No Fundamental 2 e no Ensino Médio, por exemplo, a professora de História coloca o conteúdo online e orienta filmes e documentários para os alunos assistirem sobre o tema. Depois ela marca uma videoconferência com eles para discutir a matéria abordada,” explica.
Outra ferramenta que vem sendo usada pela escola é o Google Forms, transformando questionários em provas. No final, o professor recebe um relatório com estatísticas como acertos, erros e ausências de alunos.
Além das disciplinas tradicionais, os alunos do Colégio da Villa continuam tendo aulas de capoeira, italiano, dança, educação socioemocional…
“A gente tem um espetáculo de teatro/dança previsto para outubro. A professora colocou a coreografia em um vídeo para que as crianças possam ir ensaiando em casa.“
Segundo a diretora da escola, muitos professores tinham medo de gravar vídeos e estão se descobrindo neste momento. “Por exemplo, um de nossos professores prepara uma aula na lousa da casa dele, depois manda o material para os alunos via plataforma digital, além de uma tarefa correlata àquele conteúdo e depois fica online para resolver dúvidas. Ele diz que 95% dos alunos estão entregando as tarefas.”
A comunicação com os pais
Para a comunicação com os pais, a escola optou por criar um grupo de Whatsapp para cada turma e cada sala é representada por 5 pais. “Eles se comunicam com a gente, tiram dúvidas e reportam a nossa conversa, que dura uma hora, aos outros pais do grupo.“
O que vem por aí
“Nós estamos fazendo um ensaio, exercitando alguns modelos de apresentação para cada faixa etária, para ter até o final de abril um retorno dos pais, dos alunos e dos professores, para saber qual o modelo que mais deu certo para cada idade. Se o isolamento perdurar, a partir de maio nós entraremos com um cronograma mais consolidado e valendo nota.”
Neste momento em que estamos vivendo, Maria de Lourdes se diz preocupada com a educação do país como um todo.
“Eu quero que isso acabe logo, para retomarmos as aulas presenciais, pois nós estamos criando um fosso cada vez maior entre alunos das escolas públicas e das escolas privadas. Se na nossa escola existem pais sem acesso a computador para seus filhos em casa, imagina o que existe em outras classes sociais? As crianças de escolas públicas vão perder muito. Voltando à normalidade, pelo menos a gente tem a igualdade de ter um professor em sala de aula, e alguém cuidando dessas crianças algumas horas do dia”, finaliza.
Dicas de websites e aplicativos em inglês usados pelo Colégio da Villa:
2) The Singing Walrus – Canções de inglês para crianças
3) StoryBots
4) Oxford Owl
6) App: Rivet: Leitura para crianças
7) App: Khan Academy Kids: jogos e livros educativos
8) App: Big Questions Quiz Game
10) Little Maker
11) Via Maker
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