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Como consultor e empresário, acredito que a concorrência entre escolas particulares é de benefício de toda sociedade. Porém, recentemente, andei pensando sobre as características de alguns tipos peculiares de concorrentes e se eles estão realmente agregando algo ao mercado.

Inspirado no reino animal, dividi os concorrentes em quatro grandes grupos e analisei características gerais de cada um deles, para tirar algumas conclusões que podem ser muito relevantes para análise de um mercado de uma forma lúdica, mas com um fundo de verdade. Por isso, decidi compartilhar.

 

Leões

São os líderes de mercado ou os chamados “grandes players”. Eles se destacam pela força e domínio de mercado em termos de market share, de qualidade do produto ou de tecnologia. 

Podem ter força e domínio, mas algumas vezes, seu rugido se torna tão alto, que essa característica tão própria da sua natureza, o impede de conviver com outros leões próximos.

Por isso, gostam de ter controle de um certo mercado e impedem outros de se aproximarem. Se não forem incomodados por concorrentes, podem ficar preguiçosos e deixam de agregar aos seus clientes.

 

Onças

Se destacam pela flexibilidade e inovação técnica. Algumas podem quererem competir com leões, mas outras podem preferir achar nichos mal atendidos pelos líderes de mercado.

São os challengers ou Nich Players. São muito importantes para manter a evolução do líder, assim como para trazer inovação e competitividade ao mercado, pois não tem o mesmo poder dos líderes e por isso precisam pensar fora da caixa para crescer.

 

Raposas

É um grupo de empresas que não atua na briga com os maiores, pois opta por atender um pequeno mercado. Atuam muitas vezes de forma discreta e, embora supram algumas necessidades limitadas, não trazem grandes contribuições para a evolução do mercado.

Tem criatividade e jogo de cintura em termos de atendimento e na entrega da solução, mas não são competitivos em preço, nem tem soluções escaláveis. Esse grupo tem sua relevância no atendimento a poucos clientes que precisam de serviços pontuais, mas sem escala e de uma forma mais conveniente.

 

Abutres

Essa é uma nova categoria que destaco no ecosistemas de concorrentes de um mercado. Os abutres não tem nenhuma das características acima e não conseguem realmente competir com nenhum deles. Assim como na natureza, eles só conseguem comer animais já mortos.

Porém, infelizmente eles conquistam clientes vivos no mundo empresarial (vale ver por quanto tempo), apenas baixando o preço, sem agregar nada ao mercado em termos de qualidade, inovação, comodidade ou atendimento. A triste verdade é que eles atendem clientes mal preparados para a compra e não solucionam os problemas que se propõem com a qualidade que prometem.

Não tem amor pelos problemas que solucionam, tampouco pelos clientes que atendem. São fornecedores de curto prazo que no final, ou seja, no longo prazo, não sucedem. Porém, deixam cicatrizes nos seus clientes e no mercado que atuam, prejudicando todo o ecossistema. Isso porque, em alguns mercados, os próprios líderes começam a seguir suas pegadas sinistras, baixando sua qualidade para atender compradores deseducados.

 

Parece inconveniente chamar os nossos queridos clientes de deseducados, não é? Mas, cada um de nós, que compra um produto ou serviço pelo único motivo de ser o mais barato, sem nenhum outro critério, está desestimulando a qualidade, a inovação e a criatividade das demais empresas.

Mais do que isso, estamos ajudando o nosso país a se livrar das boas empresas e estimulando as empresas abutres. A economia que fazemos, aparentemente, com essas compras geram inúmeras vítimas: uma equipe mal valorizada, um impacto ambiental, sonegação, stress e até vítimas reais, por falta de segurança.

Pode parecer irracional, mas essas empresas sem qualidade estão se multiplicando, pois só assim poderemos escolher outra amanhã quando nos dermos conta que tomamos a decisão de compra errada (afinal, o arrependimento é certo).

Vale ressaltar que muitos desses abutres de hoje já foram leões, onças e raposas, que perderam sua auto-estima e que brigam na lama juntos, em um mercado sem valor e visão, onde todos estão frustados: clientes, fornecedores e nação.

Cada um de nós, como empreendedores, pode tomar a decisão de seguir por esse caminho ou ter a segurança de trilhar seu próprio caminho, atendendo seus clientes com qualidade, investindo em melhorias, seguindo práticas legais, corretas e íntegras e se protegendo das empresas abutres.

Para isso, uma primeira atitude é não contratar uma delas para si mesmo, evitando, assim, alimentar essa cadeia. O melhor caminho é educar o mercado sobre a importância de seus diferenciais, da sua qualidade e compartilhar a visão do empreendimento que estão construindo, valorizando assim clientes, colaboradores e sociedade.

Acredito que empreender é deixar um legado que seja relevante e digno de memória! Desejo sucesso a todos os empreendedores e concorrentes que assim pensam e agem.

 

Concordam? Enviem seus feedbacks sobre o que pensam a respeito da concorrência entre escolas particulares.

* Texto escrito pelo CEO e Co-Fundador da ClassApp, Vahid Sherafat