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O Dia Internacional da Alfabetização é comemorado em 8 de setembro. A data foi criada pela ONU (Organizações das Nações Unidas) e pela Unesco (Organização das Nações para a Educação, a Ciência e a Cultura) em 1967 com o objetivo de que questões ligadas ao tema fossem discutidas no mundo tudo.

Mas, afinal, quando deve ser iniciada a alfabetização infantil? De acordo com Georgya Corrêa, diretora pedagógica da Escola Teia Multicultural e da Edutech Asas Educação, em São Paulo, a criança começa a ter contato com situações nas quais o letramento está presente desde muito cedo, seja por meio da literatura infantil ou pelas brincadeiras cantadas.

“Se esse trabalho for realizado com atenção, cuidado e estímulos, o processo de alfabetização acontece quase que naturalmente porque a criança já está em contato com símbolos, representações, aprende a compreender imagens e a perceber que elas comunicam alguma coisa”, afirma.

Georgya diz que às vezes a criança não sabe ler nem escrever, mas consegue reconhecer uma placa de trânsito, por exemplo. Por isso, defende que o primeiro passo para um processo de alfabetização natural está na capacidade do pensamento representativo. “A criança consegue fazer a representação da realidade dentro do próprio pensamento dela e isso acontece na fase dos 3 e 4 anos”.

Para a coordenadora, os educadores precisam estar atentos às percepções que a criança tem do mundo e o tanto que ela consegue simbolizar as coisas. 

“Num primeiro momento, são símbolos que representam a realidade através de desenhos. Depois, a criança vai para uma etapa que não precisa mais do desenho completo, entende, às vezes, que a gente tem símbolos para representar algo da realidade sem precisar ser exatamente a figura. Ela vai sendo preparada pouco a pouco para que possa ter essa capacidade e chegar no momento da alfabetização de maneira natural”, explica. 

 

Dia Internacional da Alfabetização: contato com universo letrado 

Assim como a escolha da escola, o período de adaptação escolar e o processo de alfabetização também precisam ser olhados e cuidados com toda atenção, pois, antes que se adquira as tão esperadas habilidades de leitura e escrita, existe um caminho importante a ser percorrido, afirma Deise Cristina Persona Lopes, psicopedagoga e professora do 1º ano do Colégio Itamarati, em Ribeirão Preto (SP).

Segundo ela, a ação de ler e escrever, deve ser implementada na idade escolar, por volta dos 6 a 7 anos, pois antes disso, a criança está em processo de desenvolvimento de habilidades cognitivas, motoras e visuais que serão importantíssimas neste período. 

“Até que se atinja a idade de alfabetização, a criança tem contato com universo letrado e deve ser estimulada através da consciência fonológica, leitura e aos poucos, vai compreendendo que utilizamos de uma grafia para registrar e assim, comunicar uma ideia ou mensagem”, enfatiza.

Em entrevista ao Escolas Exponenciais sobre o Dia Internacional da Alfabetização, a professora do 1º ano do ensino fundamental do Colégio João Paulo I, no Rio Grande do Sul, Roberta da Silva Pereira explica que quando a criança ingressa no primeiro ano inicia-se um trabalho de sistematização com o material de leitura e escrita, oportunizando a formulação de hipóteses quanto à sua construção. “Assim, a língua escrita vai sendo construída, a alfabetização e o letramento, tudo no seu tempo, respeitando a individualidade e a fase de cada aluno”. 

De acordo com Roberta, para que o processo ocorra de forma natural é fundamental que na educação infantil sejam trabalhadas as habilidades físicas, motoras, sociais e emocionais, para que ao iniciar o processo de alfabetização não seja necessário resgatar o que foi perdido nesta fase. 

Portanto, afirma, já na educação infantil é importante o incentivo ao contato com o mundo da leitura e da escrita em forma de brincadeiras, de músicas e de histórias.

 

Dia Internacional da Alfabetização: uma reflexão sobre os prejuízos da alfabetização precoce

Quando a alfabetização é feita de maneira precoce, muitas vezes, as crianças acabam perdendo o interesse, podendo apresentar problemas de sobrecarga, deficiências na coordenação motora, apatia, desmotivação e estresse.

Por isso, Denise Mirabelli, professora do 1º ano do ensino fundamental do Colégio João Paulo I, no Rio Grande do Sul, afirma que as atividades devem acontecer de formas variadas por meio de brincadeiras, de jogos, de leituras e interagindo com diferentes recursos: visuais, auditivos e concretos, para que o processo se torne lúdico e prazeroso.

Segundo a psicopedagoga Deise Cristina Persona Lopes, antecipar a alfabetização pode acarretar frustração, perda de criatividade, pois, em um período que a criança deveria estar brincando e progredindo, ampliando suas capacidades, ela está dispondo de muita energia para aquisição dessas novas habilidades.

A diretora pedagógica Georgya Corrêa vai além e cita como exemplo o impacto que a falta de um bom desenvolvimento da lateralidade, realizado com jogos, brincadeiras, movimentos e atividades manuais, entre outras, pode causar na criança quando esta estiver no ensino fundamental.

“Às vezes é aquela criança que não consegue organizar o material em cima da mesa, seus cadernos, organizar alguma atividade no espaço da folha, simplesmente porque não teve desenvolvida a questão da lateralidade”, afirma.

Já uma criança que não tem atividade motora bem desenvolvida pode apresentar ansiedade, tensão, que prejudicam também a sua aprendizagem. E aquelas que não têm orientação espacial, podem encontrar dificuldade em se localizar, se organizar, se fixar no espaço em que ela habita, comenta Georgya.

 

Dicas: educação infantil atividades de alfabetização.

Aproveitamos o Dia da Internacional da Alfabetização e preparamos para você, gestor, uma lista especial sobre educação infantil atividades de alfabetização. Confira:

– Incluir atividades lúdicas e criativas no dia a dia, como brincadeiras que estimulem a percepção sonora. Exemplos: encontrar palavras que rimam, jogo da forca, jogo da memória com letra e imagens correspondentes, construções de palavras com alfabeto móvel, bandeja sensorial (com areia) para treino de letras e brincadeiras de encontrar objetos que comecem com as letras.

– Para desenvolver a coordenação motora fina, uma sugestão é envolver os alunos da educação infantil com papel e colagens. Pedir, por exemplo, para a criança fazer uma imagem em vários quadrinhos, recortar e colar. Também é uma boa brincadeira com papel machê. Construir, fazer bolinhas, picotar, amassar e misturar com cola ou água para dar vida fazendo bichinhos ou objetos.

– Quando o assunto é orientação temporal, os jogos são ótimos, bem como brincadeiras em que a criança perceba o tempo no espaço. Exemplos: boliche, brincar de jogar tecidos para crianças e elas perceberem o tempo da queda, esse movimento. Pinturas em objetos grandes, subir, descer, criar diferentes ondulações, esconder debaixo da mesa.

– Quando a criança já é um pouquinho maior, é legal investir em muitas histórias de livros que tenham letras e que não tenham. A professora ou os pais lerem, contarem histórias passando o dedo pelas letras, pelas imagens, é muito mágico. Isso desperta uma conexão na criança e ao mesmo tempo a curiosidade para esse aprendizado.