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Além de oferecer um ensino de qualidade, a instituição de ensino também tem responsabilidade sobre o bem estar e desenvolvimento integral de seus alunos. Além dos aspectos sociais e psicológicos, essa preocupação envolve a saúde dos pequenos, tanto é que no 21 de outubro comemora-se o Dia Nacional da Alimentação na Escola.

A data é uma boa oportunidade para debater, tanto com as crianças quanto com as famílias, sobre a importância de uma alimentação saudável, inclusive é especialmente valiosa no contexto escolar. Afinal, uma boa alimentação na escola é fundamental para garantir um bom desempenho educacional, social e cognitivo.

Especialistas afirmam que hábitos criados na escola podem permanecer para o resto da vida, aumentando as chances de criar adultos saudáveis e conscientes a respeito do que ingerem.

“A alimentação na infância é de suma importância para o desenvolvimento de um indivíduo tanto no âmbito social quanto na saúde”, afirma a nutricionista Emilly Martins. 

 

Dia Nacional da alimentação na escola: um convite para falar sobre o tema

A nutricionista Emilly Martins explica que a atmosfera social onde uma criança se desenvolve tem grande impacto nos seus hábitos alimentares em geral – hábitos que, se negligenciados, podem resultar no desenvolvimento de doenças durante a puerícia e a adolescência. 

“O ambiente escolar vai ser responsável pelo estímulo de diversos hábitos nas crianças”, explica Emilly. “A alimentação na escola tem como função fornecer refeições baseadas nas recomendações nutricionais do guia alimentar, promovendo equilíbrio entre quantidade, qualidade, harmonia e adequação – 4 leis de Pedro Escudero-, além de estimular a introdução de novos alimentos auxiliando no desenvolvimento psicofísico do aluno”. 

Sabemos que uma alimentação balanceada contribui para o desenvolvimento da capacidade cognitiva, melhoramento da qualidade de sono, da capacidade respiratória e prevenção de várias doenças. Um estudo da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, também mostrou uma relação direta entre baixo desempenho escolar e uma dieta pobre em nutrientes. 

A pesquisa focou, principalmente, nos efeitos do fast food nesse contexto, analisando o consumo desses “lanches rápidos” por 11.740 crianças americanas de 10 anos. Os resultados dos testes acadêmicos realizados três anos depois mostraram que as crianças que comiam fast food diariamente tiveram pontuação média de 79 em ciência, enquanto as que não tinham esse hábito conseguiram nota 83. A mesma lógica se provou em avaliações de compreensão de texto e matemática.

Segundo a universidade, 52% das crianças afirmaram ter comido algum tipo de fast food (como McDonalds, Burger King, Pizza Hut ou KFC)  entre uma e três vezes na semana anterior; 10% haviam ingerido esse tipo de alimento de quatro a seis vezes no período, e para outros 10%, esse consumo tinha sido diário. Apesar desse estudo específico ter acontecido nos Estados Unidos, a realidade não é diferente no Brasil.

Dados do Ministério da Saúde, considerando todas as crianças brasileiras menores de 10 anos, mostram que cerca de 6,4 milhões têm excesso de peso e 3,1 milhões têm obesidade. Por isso, é fundamental aproveitar o Dia Nacional da Alimentação na Escola para promover reflexões e mudar este cenário. 

 

Como oferecer uma alimentação saudável na escola? 

Muitas vezes convencer crianças e adolescentes a consumirem alimentos mais saudáveis se mostra uma batalha. Desse modo, criatividade e adaptabilidade são a chave para criar opções benéficas, baratas e gostosas em um cardápio escolar. 

Confira algumas dicas de como aproveitar o Dia Nacional da Alimentação na Escola para fomentar atividades que promovam uma alimentação saudável:

  • Aulas de culinária infantil e de educação nutricional

Levar informação para que os alunos consigam tomar as melhores decisões possíveis para seus corpos e suas vidas é parte imprescindível do papel da escola. Por meio de palestras e aulas voltadas ao assunto ajuda não apenas no currículo acadêmico mas na parte prática da vida de cada criança.

Além disso, aulas práticas de culinária, onde as crianças têm a oportunidade de ter contato direto com o que consomem, são um jeito efetivo e muito divertido para engajar o interesse – e talvez até despertar o amor pela culinária em alguns estudantes. 

Para uma criança, é animador e satisfatório ver o resultado de algo que ela mesma fez; assim, permitir que ela participe do preparo de seus alimentos é um dos melhores jeitos de levá-la a experimentar comidas.

  • Horta comunitária

A instalação de uma horta comunitária pode beneficiar uma escola, seus alunos e funcionários de diversas formas: além de contribuir para dinâmicas sociais e ajudar na conscientização a respeito do meio ambiente e sustentabilidade, é muito útil para fornecer às crianças uma oportunidade de contato direto com alimentos – alimentos esses que elas mesmas podem ingerir mais tarde ou doar para instituições de caridade. Esse trabalho não é só divertido, mas encoraja o relacionamento saudável com os produtos ingeridos e a intencionalidade da alimentação.

  • Preparação de lanches visualmente divertidos e interessantes

Assim como no ensino em geral, a educação alimentar infantil também se beneficia muito de técnicas lúdicas – um prato visualmente divertido chama muito mais a atenção dos pequenos, e mostra que qualquer alimento pode ser interessante (até mesmo aqueles que crianças, em geral, tendem a não gostar apesar de seu valor nutricional).

  • Parceria com a família

De nada adianta que a criança coma de forma saudável na escola se não mantiver esse comportamento em casa. Portanto, para que a educação alimentar seja efetiva, ela precisa ser forte o suficiente para continuar com o aluno para além dos muros da escola, e mais que isso: precisa também chegar na família dos jovens. 

Trata-se de mais um aspecto que depende da colaboração entre família e escola pelo bem do aluno: é muito importante que os pais percebam a importância das medidas sendo tomadas e ajudem a mantê-las.

  • Seja o exemplo

É importante que educadores e as famílias sejam um bom exemplo de alimentação, já que crianças são altamente perceptíveis e se espelham nos mais velhos. Assim, se observarem as pessoas que admiram prezando pela saúde, estarão muito mais inclinadas a fazer o mesmo.

“Atividades lúdicas, brincadeiras, desenhos e hortas comunitárias são formas simples de apresentar novos alimentos para as crianças, induzindo a curiosidade para levar à prova desses alimentos”, esclarece Emilly.

“Então eles brincam, conhecem o alimento e se interessam em descobrir o sabor.” Ou seja, introduzir esse assunto na sua escola não precisa ser um processo estressante e monótono – nem para os adultos, nem para as crianças. Com um pouco de criatividade e dedicação, é possível – e necessário – ajudar nossas crianças a criarem hábitos saudáveis para a vida toda.

 

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