Empresa Jovem: como aplicar a educação empreendedora nas escolas?
Impulso criativo, raciocínio lógico, autonomia, inteligência emocional, conhecimento tecnológico. Muitas são as habilidades esperadas para se alcançar sucesso profissional. Mas qual o momento certo para a escola começar a exercitá-las nos estudantes por meio da educação empreendedora?
Diferentes formas de trabalhar essas competências vêm ganhando força nas escolas de ensino básico, através de projetos de empreendedorismo. O objetivo é desenvolvê-las muito antes do ingresso do estudante na vida profissional, tendo em vista que as responsabilidades que envolvem o empreendedorismo acabam estimulando mudanças de comportamento dos alunos participantes e potencializando características essenciais para lidar com os desafios do mercado de trabalho.
Um desses projetos, por exemplo, é a “empresa jovem”, desenvolvido pelo colégio Parthenon, de Guarulhos (SP). Inspirado no conceito de empresa júnior – comum em universidades para solucionar problemas do dia a dia da instituição- a empresa jovem nasceu com a finalidade de proporcionar aos estudantes do ensino regular uma experiência inicial acerca do funcionamento de uma organização e de como trabalhar as principais competências necessárias exigidas pelo mercado de trabalho.
Avanços com a experiência
O projeto foi implantado no segundo semestre de 2018 com a participação de estudantes, diretores, coordenadores e colaboradores do colégio, que levantaram oportunidades de melhorias e traçaram soluções nos âmbitos de marketing, socioambiental, tecnologia educacional e acadêmico. Quando ele teve início, não havia subdivisões no grupo que atuava na empresa jovem. Porém, com o passar do tempo, os participantes sentiram a necessidade de partilhar as funções em departamentos e, agora, cada integrante pode optar por atuar no grupo responsável pela elaboração em cada fase do projeto. Segundo Celso Jacubavicius, diretor da empresa jovem, as mudanças proporcionaram ainda mais autonomia aos alunos.
“Hoje eles fazem um jornal interno, a reciclagem do lixo produzido na escola, a captação do óleo de cozinha e conversam com a direção da escola para angariar fundos. A ideia é que o grupo tenha independência financeira e, para isso. os participantes venderam canecas de porcelana para os professores e na festa junina do colégio”, contou.
“No caso do jornal, um fica na produção do texto, outra na entrevista e outro na edição. Inclusive, programamos uma visita a um jornal da cidade para entendermos melhor a dinâmica da redação”, disse a aluna Gabriela Bertolazzo Fortes, do 9º ano.
Já sobre as canecas, o aluno Fernando Magalhães Perezine de Souza, do 9º ano, conta que há uma variedade de modelos para “atrair mais os clientes”- o que mostra que os estudantes precisam pensar também na perspectiva comercial das ações que encabeçam.
Maior engajamento e autonomia para negócios
Dentre os resultados satisfatórios obtidos com a empresa jovem estão maior engajamento em sala de aula, melhor desenvoltura para atividades em equipe e maior autonomia para identificar oportunidades de negócios. “Além da oportunidade de conhecer como uma empresa funciona e desenvolver o senso de responsabilidade”, apontou a aluna Gabriela.
Para Laísa Paes Franco, diretora de Indústria Criativa e Formação Empreendedora da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais – unidade com ampla experiência no fomento a iniciativas como essa -, o incentivo e o investimento em educação empreendedora é fundamental porque desenvolve as competências necessárias para as demandas profissionais atuais, que avançam e se modificam rapidamente.
“Esse tipo de projeto transforma a trajetória profissional e prepara os alunos para trabalharem com novas tecnologias, sob uma nova maneira de pensar, sendo ágeis, criativos, investigativos, capazes de se adequarem às mudanças, trabalhar em grupo, detectarem oportunidades e solucionarem problemas”, destacou.
Quer levar o projeto da empresa jovem para o seu colégio? Confira as principais etapas para aplicá-lo!
Como ensinar educação empreendedora nas escolas
A partir da experiência do Colégio Pathernon, confira o passo a passo para iniciar a empresa jovem na sua instituição:
- Definição da metodologia e escolha da equipe docente responsável
- Apresentação do projeto aos alunos
- Abertura de inscrição para os interessados
- Seleção dos integrantes com dinâmica, como em processo seletivo profissional
- Elaboração de currículo e cadastro no Linkedin como primeira atividade
- Levantamento das principais necessidades do colégio
- Divisão em grupos para desenvolvimento das atividades em diferentes esferas, como marketing, sustentabilidade, tecnologia educacional e acadêmica
- Reuniões semanais para discussão dos assuntos e distribuição das tarefas
- Concretização das atividades com acompanhamento dos resultados
Mais exemplos de instituições que desenvolvem projetos que estimulam a cultura empreendedora:
Programa de Iniciação Científica Decola Beta: voltado a alunos do 9º ano do ensino fundamental e ensino médio ou técnico, o programa oferece mentoria para a produção de pesquisa científica ao longo de seis meses. Saiba mais em https://cientistabeta.com.br/decola-beta/
Programa Futuro Cientista: voltado a alunos de escolas públicas e unidades de acolhimento institucional, o programa é certificado pela Fundação Banco do Brasil e oferece apoio para a formação de futuros cientistas e ingresso em universidades públicas. Acesse https://www.futurocientista.net/
Junior Achievement: organização social presente em todos os estados brasileiros que, por meio do método “Aprender-fazendo”, orienta os jovens para os desafios da economia globalizada. Confira mais informações em https://jabrasil.org.br/
Sebrae: pela plataforma Centro Sebrae de Referência em Educação Empreendedora, compartilha conhecimento e pesquisas com foco no desenvolvimento da educação empreendedora. Conheça mais em https://cer.sebrae.com.br/o-cer/
Empresa Jovem: o que é e como começar?
Em parceria com os alunos do Colégio Pathernon, desenvolvemos um e-book sobre o que é e por onde começar uma Empresa Jovem. Nele, é possível conferir mais detalhes sobre os cases desenvolvidos pelo colégio.