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Se olharmos para trás a pandemia provocou avanços em diversos setores da sociedade. Entre as mudanças mais significativas estão a regulamentação da telemedicina no país, a adoção do home office por muitas empresas e a implantação do ensino remoto emergencial.

Nas palavras de Emilio Munaro, ex-diretor de Educação da Microsoft no Brasil e atual VP de Desenvolvimento Global & Comunicação do Instituto Ayrton Senna, o COVID-19, apesar do seu efeito devastador, também é um acelerador do futuro. “Isso mesmo! Porque, na verdade, tudo isso que a gente tem vivido, já estava sendo constituído na roadmap”. 

Designa-se como roadmap um tipo de mapa que visa organizar as metas de desenvolvimento de um projeto. Tomando o home office como exemplo, essa é uma prática que já acontecia pontualmente em algumas empresas; e mesmo que de forma muito experimental, criou bases para que se tornasse a alternativa de trabalho mais segura em meio a pandemia. 

O mesmo roadmap se aplica à educação. O modelo de ensino a distância já existia de forma muito tímida em algumas instituições de ensino e foi base para implantação do ensino remoto em caráter emergencial e agora o ensino híbrido, que veio para ficar e que precisa de muito mais atenção no seu planejamento.

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Como pensar em um modelo de educação na Sociedade 5.0

Apesar da transformação digital ser um conceito emergente da Sociedade 4.0, a Sociedade 5.0, baseada em inteligência artificial, já é uma realidade. Prova disso são as cirurgias com robôs mediadas por médicos, entregas por drones com pilotos humanos especializados e os carros autônomos da Tesla. 

Como explica o VP do Instituto Ayrton Senna, a inteligência artificial veio de forma transformadora, e é ela que vai ditar a Sociedade 5.0 ou Sociedade da Imaginação. Esse modelo de sociedade não só contempla a tecnologia dentro dos processos industriais, mas a reposiciona para melhorar a qualidade de vida da população geral.

Diante desse mundo completo, cheio de desafios e volátil, que Emílio reforça a necessidade de prover uma nova educação em que as habilidades socioemocionais e cognitivas sejam encaradas como igualmente importantes. “Ou seja, saber ler, escrever e fazer contas é tão importante quanto saber lidar consigo mesmo, lidar com o outro, ter amabilidade no convívio com as pessoas ou mesmo autogestão”, afirma.

São as habilidades socioemocionais, especialmente agora na pandemia, que ajudam a lidar melhor com a ansiedade, o medo de contágio e até mesmo com o luto. A resiliência, por exemplo, definida como a capacidade de lidar com suas próprias emoções, é colocada pelo VP como uma das habilidades mais importantes.

“Quem de nós aqui tem conseguido sobreviver sem resiliência?”, questiona o VP, que também ilustra como é ter resiliência da prática:

“O momento que temos vivido, um pouco incerto, causa uma insegurança, essa insegurança gera medo, que em excesso se transforma em estresse e desenvolve a raiva, uma frustração. Portanto, se eu pratico contraponto da insegurança, que seria a autoconfiança, eu minimizo esse medo, gero tolerância ao estresse e gero também tolerância à frustração”.

Contudo, nenhum de nós já nasce resiliente e com outras habilidades socioemocionais plenamente desenvolvidas, elas precisam ser estimuladas desde a infância pela família e escola. Para Emílio, a escola é o melhor local para esse cultivo, pois funciona como o microcosmo da sociedade, isto é, uma referência social e afetiva.

Mapa das competências socioemocionais

Justamente para ajudar as famílias e as escolas a lidarem com a atipicidade da pandemia, o Instituto Ayrton Senna, que há 26 anos inspira práticas educais inovadoras, criou o mapa de competências socioemocionais. O documento interativo ilustra cinco macrocompetências, que se desdobram em 17 competências. 

  • Amabilidade
    • Empatia 
    • Respeito
    • Confiança

  • Autogestão
    • Foco
    • Responsabilidade
    • Organização
    • Determinação
    • Persistência

  • Abertura ao novo
    • Curiosidade para aprender
    • Imaginação criativa
    • Interesse artístico

  • Engajamento com os outros
    • Iniciativa social
    • Assertividade
    • Entusiasmo

  • Resiliência emocional 
    • Tolerância ao estresse
    • Confiança
    • Tolerância à frustração

Ainda é disponibilizado gratuitamente para gestores um conjunto de soluções, entre cursos e materiais de apoio, para ajudar na elaboração de estratégias de adaptação aos novos desafios. Essas soluções contemplam aspectos administrativos, pedagógicos e de cuidados com a saúde mental da equipe escolar e dos estudantes.

Já para os professores, o Instituto oferece uma série de conteúdos baseados nas competências socioemocionais para serem usados no ensino remoto e/ou híbrido. As atividades propostas são subdivididas por etapa escolar – fundamental I, fundamental II e ensino médio- e também são gratuitas. 

Por fim, o VP do Instituto Ayrton Senna faz um convite para todos aqueles que acreditam no poder transformador da educação e reconhecem a importância das habilidades socioemocionais: “Nós precisamos construir crianças, jovens, adultos mais resilientes, mais abertos ao novo, que saibam se relacionar com amabilidade, mas que tenham gestão para fazer aquilo que é necessário para que nós possamos ser cidadãos do bem”, finaliza. 

Assista à palestra completa:

A velocidade da inovação e o desenvolvimento de competências socioemocionais