Satisfação de pais com escolas dos filhos atinge recorde após ano desafiador
Resultado da pesquisa Ranking Escolas Exponenciais 2021 demonstra salto do NPS medido em mais de 500 escolas do País depois de recuo no primeiro ano da pandemia; oito em cada dez famílias pretendem manter os filhos na mesma instituição de ensino em 2022
Depois de atravessarem um dos maiores desafios já impostos globalmente à educação, com a adaptação à pandemia da Covid-19, especialmente com a realização de atividades remotas por mais de um ano, as instituições de ensino básico brasileiras deram um salto de qualidade no relacionamento com pais e responsáveis e atingiram o nível de satisfação mais alto já medido pelo Ranking Escolas Exponenciais – líder em pesquisa e apoio estratégico para instituições de ensino. O NPS médio das escolas atingiu 74 pontos no levantamento de 2021 – salto de 15 pontos em relação a 2020 – e identificou que oito em cada dez famílias pretendem manter os filhos na mesma instituição em 2022.
A edição deste ano da pesquisa envolveu mais de 500 escolas de 25 estados do País, que reúnem mais de 210 mil estudantes matriculados. Com o desenvolvimento de alternativas a partir de 2020 para que as jornadas dos alunos não fossem interrompidas pelas restrições sanitárias, o CEO do EX, Vahid Sherafat, interpreta que “muitos pais realmente conheceram mais do trabalho da escola por terem vivenciado mais de perto como a escola trabalha”.
“Isso ocasionou que algumas escolas de fato fossem mais reconhecidas pelos pais e crescessem, enquanto que outras escolas não atenderam as expectativas e foram afetadas negativamente por essas transformações. Então, esses pais, em 2021, tomaram escolhas em relação à escola do seu filho mais conscientes, com um alinhamento maior de expectativas da família em relação à escola”, analisa.
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Coleta de dados em 2020 ocorreu no auge da pandemia
O timing do levantamento também é fundamental para entender o resultado no ponto de vista do mestre em Educação e pesquisador junto ao EX, Fabricio de Paula Silva. Para o NPS de 2020, que teve resultado médio de 59, a coleta de dados ocorreu entre maio e setembro, ainda no “primeiro capítulo” da pandemia do País.
Ainda não havia sido aberta nenhuma janela de oportunidade para o retorno de atividades presenciais e a necessidade de adaptação em curto prazo ao ensino remoto estava a pleno vapor, ao mesmo tempo em que as rotinas das famílias também eram ajustadas para atividades, muitas vezes, integralmente à distância para todos os integrantes da casa. “É natural que naquele momento os pais se encontrassem insatisfeitos com o que estava acontecendo. O resultado do NPS de 2020 foi tido por nós como positivo frente a todos os desafios que as escolas enfrentavam”.
Por isso, o pesquisador indica que a comparação mais precisa do avanço conquistado em 2021 seja feita com os resultados do ranking apurados em 2018 e 2019, quando foi diagnosticado um NPS médio de 64. O salto deste ano, portanto, chega a dez pontos em relação ao cenário nacional anterior à pandemia. “Esse avanço mostra que com a pandemia as famílias se tornaram mais próximas das escolas e elas perceberam os esforços das instituições para superar todos os desafios. Além disso, a gente pode também entender que do ano passado para este ano uma série de pais trocaram de instituição. Pais que eventualmente estivessem insatisfeitos ao longo do tempo aproveitaram esse período para sair da escola. Por isso é importante medir o nível de satisfação todos os anos”, pontua Fabricio.
Como funciona?
O NPS (Net Promoter Score) é calculado com a subtração do percentual de pais detratores do percentual de pais promotores em uma instituição. Para definir se um pai é promotor, detrator ou neutro, é observada a resposta dele em relação à pergunta “Qual a probabilidade de você indicar a escola do seu filho para outros pais?“, em uma escala de 0 a 10. Se a resposta for igual a 9 ou 10, o pai é um promotor, se a resposta for 7 ou 8, o pai é neutro, no entanto, se a resposta for menor ou igual a 6, o pai é um detrator.
As escolas participantes do Ranking Escolas Exponenciais 2021 receberão um relatório compilando os resultados da pesquisa referentes a sua própria instituição. A partir da avaliação de qualidade do serviço, atendimento, comunicação e relacionamento que mantêm com a instituição de ensino, 100 delas ganharão o Selo de Qualidade Escolas Exponenciais e poderão ter a sua marca divulgada entre as melhores do País e de cada região. As instituições certificadas estão distribuídas em 54 cidades de 13 estados – 28 das 100 escolas aparecem na cidade de São Paulo (SP), que lidera esse indicador.
A partir da segunda quinzena de outubro, serão entregues os resultados nacionais da pesquisa, aos associados ao Escolas Exponenciais, e os relatórios individuais para as escolas participantes. A coleta de dados também permitirá o desenvolvimento de estudos ao longo do quarto trimestre que contribuirão na missão de traçar o cenário vivido pelas instituições de educação básica, seus desafios e oportunidades.
Quais são as perguntas-chave para o NPS?
Além de qualificar pais e responsáveis como promotores ou detratores da escola, a reação a um conjunto de duas perguntas pode ser o fiel da balança para demonstrar a qualidade da relação estabelecida com a instituição e o resultado conferido a cada uma delas – por consequência, também refletido na média – conforme explica o pesquisador do EX, Fabricio de Paula Silva:
“Tem dois resultados muito importantes, que são o sentimento dos pais em relação a se sentirem suficientemente informados pelo progresso dos filhos e se eles sentem que a participação das famílias na educação é genuinamente reconhecida. Este é um dos fatores que mais impactam o NPS da escola. Quando a gente olha o NPS daqueles pais que respondem ‘não’ para as duas perguntas, o NPS é equivalente a um. Ou seja, eu tenho nesse grupo um número de pais promotores e detratores praticamente igual. Agora, se eu olho o NPS do grupo de pais que responderam ‘sim’ para as duas perguntas, esse NPS chega perto de 80, um grau de satisfação muito maior, com uma probabilidade desses pais recomendarem a escola para outros pais muito maior”.
Manutenção na escola no próximo ano oscila na margem de erro
O volume de responsáveis que responderam ao questionário que resultou no Ranking Escolas Exponenciais de 2021 e informaram que pretendem manter os volumes na mesma instituição no próximo ano apresentou crescimento de 1% dentro da margem de erro em relação ao levantamento anterior. Em 2020, o índice foi de 78%; agora, 79%. Dessa forma, 21% dos pesquisados cogitam trocar de escola ou estão decididos a fazer isso – 18% ainda avaliam a decisão e 3% já optaram pela troca.
Entre aqueles que deixam em aberto a possibilidade de mudança em 2022, perto da metade (45%) alegam razões financeiras para tal resposta. Trata-se de um cenário que pode caminhar em vias paralelas com o resultado recorde do NPS, mas não no mesmo sentido, como explica o mestre em Educação.
“Por mais que a satisfação dos pais tenha sido melhorada, tem um detalhe importante: ela é medida a partir da probabilidade do pai recomendar a escola dos seus filhos para outros pais. Ele pode fazer isso mesmo sem às vezes conseguir manter o filho na escola, que é o caso desses pais que trocam de instituição em função de problemas financeiros”, diz Fabricio.
Dentre os pais que passam por problemas financeiros, 41% buscarão escolas mais baratas e 40% tem como principal solução negociar na própria escola. Menos de 1,7% dos pais que têm filhos matriculados na rede privada cogitam mudar para o ensino público em 2022. O percentual é próximo ao do ano passado (2,2%).
Nesse segmento, o recorte da pesquisa também entrega, entre aqueles que já decidiram pela manutenção no mesmo colégio no ano seguinte, insights para as instituições, de acordo com o CEO do EX, Vahid Sherafat:
“Muitos dos critérios que deixam os pais seguros em manter os filhos na escola não são pedagógicos. Essa é uma das maiores descobertas dessa pesquisa. Muitas vezes os critérios estão relacionados ao acolhimento, à relação da escola com a família e à distância que essa escola mantém. Todos os tópicos de relacionamento têm impacto. Essas descobertas devem fazer as escolas refletirem. Até que ponto elas estão atentas ao relacionamento com as famílias? Esse é um dos temas que muitas vezes não é levado em consideração no planejamento da escola”.
A observação de Vahid é verificada com os seguintes resultados da pesquisa, quando os pais foram questionados sobre os motivos que levam a continuar com o vínculo já estabelecido no momento – os responsáveis poderiam selecionar mais de uma entre essas opções:
- Cuidado e atenção pessoal com os seus filhos: 27%
- Qualidade na formação acadêmica dos alunos: 25%
- Qualificação da equipe pedagógica: 21%
- Localização próxima à casa ou trabalho dos pais: 20%
- Relacionamento próximo e participativo com pais e alunos: 20%
Na Educação Infantil, os motivos mais citados são: cuidado e atenção pessoal com o aluno (40%), qualificação da equipe pedagógica (22%) e relacionamento próximo e participativo (21%). Já no Ensino Fundamental: cuidado e atenção pessoal com o aluno (27%), qualidade da formação acadêmica do aluno (25%) e qualificação da equipe pedagógica.
A mobilidade urbana entra na conta
Um fato novo apontado pela pesquisa, na esteira dos reflexos da pandemia, entre pais que cogitam trocar de escola por razões não financeiras, é que a localização da instituição ganhou peso na tomada de decisão. Tal motivo é argumentado por 16% dos pesquisados. “A gente tem que pensar que a pandemia mexeu muito com a questão da mobilidade urbana em função do home office. Muitas famílias às vezes tinham os filhos matriculados perto do local de trabalho e os pais, sem esse deslocamento, encontram dificuldade em manter os filhos na mesma escola por conta da localização”, sugere Fabricio de Paula Silva.
Apesar disso, caso houvesse a opção de manutenção do ensino híbrido (mescla entre presencial e remoto), apenas 6% manteriam os filhos em casa, de acordo com o levantamento. “As famílias querem ter a opção de levar a criança para escola”, reforça Vahid Sherafat. O tema demonstra ser desafiador, inclusive, internamente. Diretores e mantenedores estão divididos em relação ao que essa opção significaria para a escola: 53% acreditam que seria uma oportunidade, enquanto 47% consideram um desafio.
Atenção às finanças
O percentual médio de famílias inadimplentes nas escolas é de 10%, enquanto na pesquisa anterior, de 2020, o percentual era de 22%. Apesar do recuo nessa parcela, para 40% das escolas isso representa um problema significativo. O CEO do EX trata como “alarmante” o indicador de que 22% das escolas têm enfrentado problemas para manter os salários em dia.
“Na medida que esse problema financeiro começa a impactar o salário dos professores, de fato isso já pode ter um impacto na qualidade do ensino. O trabalho do educador é muito desafiador, exige muito tanto do ponto de vista físico como intelectual e emocional”, comenta Vahid Sherafat.
O pesquisador Fabricio de Paula Silva argumenta que, nessa área, o desafio pode ser maior em 2021 do que em 2020. Isso, porque no ano passado as medidas macroeconômicas de suporte à manutenção de empregos influenciaram, por exemplo, na manutenção do quadro de colaboradores das instituições, como a MP (Medida Provisória) do governo federal que criou o programa de flexibilização de jornadas e salários – houve uma nova rodada neste ano, mas sem prorrogação em relação ao prazo inicial de quatro meses, diferente do que ocorreu no exercício passado.
“É uma situação em que é preciso buscar equilíbrio, como em um jogo de equilibrista. Cada escola tem que analisar dentro da sua realidade o que ela pode fazer, mas sabendo que é uma situação que não está restrita a elas, mas também atinge as famílias de maneira significativa”, explica o mestre em Educação.
Mesmo com os desafios da pandemia do ponto de vista financeiro e pedagógico, 28% das escolas ganharam alunos no intervalo entre as pesquisas. Por outro lado, 39% perderam matrículas e 33% se mantiveram no mesmo patamar. Entre aquelas que indicaram perda de estudantes, 56% alegaram que a justificativa apontada pelos pais tem relação com as finanças familiares prejudicadas pela crise econômica.
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