Uso da tecnologia em sala de aula evoluiu 20 anos durante pandemia, afirma pedagoga
O uso da tecnologia na educação ganhou destaque após a suspensão das aulas durante a pandemia, trazendo grandes avanços e impulsionando sua utilização durante o processo de ensino e aprendizagem.
Para a pedagoga Acedriana Vicente Vogel, especialista em gestão de sistemas de ensino para a educação básica e diretora pedagógica do Sistema Positivo de Ensino, houve um amadurecimento em relação à utilização dos recursos tecnológicos e uma grande evolução.
“Penso que evoluímos algo em torno de 20 anos em dois anos de pandemia”, afirma.
O Escolas Exponenciais entrevistou com exclusividade a profissional, que contou quais mudanças que surgiram nesse período devem permanecer e, também, comentou o que acredita que deve ser tendência nos próximos. Confira:
Escolas Exponenciais: Quais principais mudanças que a pandemia trouxe em relação ao uso tecnologia na sala de aula e que você acredita que deva permanecer mesmo com a retomada das aulas presenciais?
Acedriana: Uma das principais mudanças, sem dúvidas, foi o amadurecimento em relação ao uso da tecnologia em sala de aula. Penso que evoluímos algo em torno de 20 anos em dois anos de pandemia.
Tínhamos que fazer todo um trabalho de sensibilização em relação aos benefícios da utilização, o que hoje não se faz mais necessário. Os professores vivenciaram a potência da tecnologia quando está a serviço da aprendizagem.
Ganhamos quando:
- utilizamos para trabalhos colaborativos;
- conseguimos rastrear as formas mais eficientes de aprendizagem para cada estudante;
- diagnosticamos de maneira mais rápida e precisa o que os estudantes já sabem para que, a partir daí, sejam desenhadas as intervenções pedagógicas;
- ampliamos o tempo de sala de aula com propostas de trabalhos em ambientes virtuais.
Tudo isso deve permanecer e incrementar as aulas presenciais.
EX: Como a tecnologia pode ser cada vez mais uma aliada no processo de ensino e aprendizagem?
Acedriana: Não há profissional que possa se furtar dos ganhos de qualidade que a tecnologia pode oferecer em sua atividade. No caso da docência isso ganha ainda mais relevância, pois se trata de um trabalho individual em um espaço coletivo.
Garantir um bom mapeamento das aprendizagens é fundamental para que o processo de ensino se efetive em todos os seus objetivos. Isso porque só aprendemos a partir do que já sabemos! Para isso, precisamos de velocidade no cruzamento de dados do que os alunos já dominam e o que ainda falta dominar.
A tecnologia auxilia, portanto, na organização do diagnóstico cognitivo por meio de um fluxo de avaliações formativas e somativas que vão dando importantes pistas para avanços ou retomadas do trabalho pedagógico. Dessa forma é possível propor atividades individuais conforme a necessidade de cada estudante.
EX: Na sua opinião, quais as principais tendências no segmento para os próximos anos?
Acedriana: Entendo que uma das grandes tendências é o investimento das escolas em metodologias e recursos que possam promover e manter o engajamento dos estudantes nas propostas de trabalho de sala de aula. Nesse contexto, há necessidade de construir um espaço em que os estudantes se reconheçam e ao qual se sintam pertencentes.
Para tanto, as tecnologias de comunicação e informação precisam compor esse ambiente não como adereço, mas como uma linguagem do nosso tempo que, integrada à arquitetura pedagógica, amplia as possibilidades reais de aprendizagem e conecta a escola aos estudantes.
EX: E como a educação do futuro se relaciona com tudo isso, tanto com a tecnologia e as novas tendências?
Acedriana: Educação é processo. Portanto, se precisamos de engajamento e protagonismo dos nossos estudantes no Ensino Médio, por exemplo, já temos que estar empreendendo esse movimento no trabalho da Educação Infantil – no presente, hoje. A educação se relaciona bem com a tecnologia, basicamente, se contribuir:
- para a efetivação da aprendizagem;
- para que os estudantes tenham uma relação afetiva e positiva com o ato de aprender, transformando-se em aprendizes.
Talvez a única certeza que temos, além da morte, é a de que precisaremos aprender sempre – fora ou dentro das escolas!