A volta às aulas é um período importante para educadores e alunos, especialmente para aqueles que estão começando em uma nova instituição. Portanto, é preciso saber acolhê-los, para que se sintam à vontade, seguros e felizes na nova ‘casa’. Batemos um papo com a professora, pesquisadora e colaboradora educacional Ericka Vitta, que compartilhou algumas orientações sobre como acolher os novos alunos de maneira eficaz, personalizada e compassiva. Confira!
Saiba como acolher os novos alunos
1. Conheça a individualidade de cada aluno: Antes de tudo, é fundamental compreender a individualidade de cada aluno. Isso envolve conhecer as características próprias, históricos e, principalmente, estabelecer uma comunicação próxima com as famílias. Uma compreensão prévia sobre o aluno permite personalizar o processo de adaptação de acordo com suas necessidades específicas.
2. Escuta, afeto e dinâmicas de socialização: A escuta atenta, o afeto e dinâmicas de socialização são elementos fundamentais na acolhida dos novos alunos. Dar o tempo certo para cada um e para as famílias, especialmente aquelas que estão vivenciando a experiência pela primeira vez, é essencial. A criação de um ambiente acolhedor desde o início contribui para a construção de vínculos positivos.
3. Inclua os alunos “veteranos”: A colaboração dos alunos “veteranos” desempenha um papel significativo na adaptação e acolhimento dos novos colegas. Esses alunos podem apresentar espaços, dinâmicas escolares, brincadeiras e rotinas, auxiliando a suavizar os impactos da transição. A adaptação inicial deve focar principalmente na integração social, deixando aspectos curriculares para um momento posterior.
4. Atendimento individualizado para necessidades especiais: Alunos com necessidades especiais merecem uma atenção ainda mais individualizada. A escola e seus educadores devem reconhecer a importância de tornar esse período o mais brando e eficaz possível. A adaptação gradual, a promoção de atividades lúdicas, artísticas e desportivas são práticas bem-vindas para favorecer o vínculo social.
5. Tempo e cuidado na adaptação: É importante entender que a adaptação escolar não possui um prazo definido. Cada aluno tem seu próprio ritmo, e é necessário respeitar esse tempo. Mudanças de escola, transições entre ciclos (fundamental 1, 2 e ensino médio) e mudanças de práticas metodológicas exigem cuidados e tempo para adaptação. É preciso que as exigências escolares estejam claras, incluindo manuais da escola, regimentos e proposta pedagógica.
6. Formação e apoio aos professores: Para garantir um processo de adaptação saudável, a formação contínua dos professores é essencial. Apoiá-los e auxiliá-los nesse momento de acolhida contribui para o sucesso da adaptação. Na educação infantil, onde a adaptação é comum, a presença de adultos nesse processo é crucial para garantir que a criança se sinta segura e confiante.
Escola bilíngue faz ‘Open House’ para pais e alunos
Na escola bilíngue Global Me School, em São Paulo, todas as famílias são convidadas antes do primeiro dia de aula para visitarem a escola com os filhos e circularem livremente pelos espaços que estão preparados para acolhê-los.
“Nesse dia, todos são recebidos com muito carinho e atenção e são convidados para que conheçam a sala de aula e os professores das crianças. As famílias saem sabendo quem estará no portão para recebê-los no primeiro dia de aula e quais são os amigos que estarão na sala deles”, afirma Renata Freire, diretora da escola.
É também um momento para tirarem dúvidas, conhecerem a equipe e todos os espaços da escola para que possam iniciar o ano letivo de uma forma tranquila. O “Open House”, como é denominada a dinâmica, acontece dentro de um horário estabelecido no período da manhã e também no período da tarde e as famílias podem comparecer à escola a hora que quiserem dentro desses horários pré-estabelecidos.
Educação infantil: primeira semana é dedicada aos novatos
O começo de ano também é diferente na escola bilíngue Global Me School. O colégio inicia o ano letivo só com os alunos novos na primeira semana de aula. Dessa forma, explica Renata, é possível dar a atenção devida para todos os detalhes desse início na educação infantil, com alunos de 1 a 3 anos de idade.
“Esse período pode se estender por até 15 dias com horários que aumentam gradativamente. Se precisarem de mais tempo, combinamos com as famílias de estender o período de adaptação”.
Já os alunos com 3 anos ou mais começam todos juntos – os novos e os que permanecem. Os profissionais se preparam para acolhê-los com atividades de integração e reconhecimento dos espaços da escola. Os alunos novos são acolhidos pelos demais de forma planejada por cada professor.
Segundo Renata, na adaptação são planejadas atividades nas quais o adulto responsável interage com a criança nos primeiros três dias e, aos poucos, é feito a separação. O responsável não sai da escola até a criança estar confortável no ambiente coletivo junto com os professores.
“Preparamos um espaço exclusivamente para os pais ficarem na escola aguardando enquanto trabalham on-line ou interagem com os outros pais de modo que podem ficar indo e voltando da sala, assistindo o filho interagindo, sem que as crianças percebam que o adulto está lá. Dessa forma, o responsável ganha confiança e se sente bem para sair da escola quando chegar o momento correto”.
Bate-papo com famílias é pontapé inicial para acolher os novos alunos
Na Escola Crescimento, no Maranhão, o pontapé inicial para acolher os novos alunos com excelência é uma entrevista com as famílias dos estudantes. A prática acontece em todos os segmentos e permite um melhor conhecimento da criança ou adolescente e suas particularidades, para que a escola possa atuar na busca da efetiva socialização e desenvolvimento acadêmico de forma assertiva.
Segundo a diretora geral da escola, Luiza Bacelar, na educação infantil, brincadeiras, jogos, histórias, vivências e toda metodologia pedagógica trabalhada, proporciona um ambiente propício a estimular o interesse, entusiasmo e prazer pelo conhecimento.
“Nesse segmento, a adaptação não é só para criança, mas para toda família. Assim, durante o período de adaptação, possibilitamos às famílias a presença de uma pessoa para acompanhar o estudante na escola durante todo o processo, participando de algumas atividades da rotina com a criança”, explica Luiza.
No EFAF (Ensino Fundamental Anos Finais), também são realizadas algumas práticas que contribuem para uma melhor adaptação do aluno e da família. O projeto “Crescimento Acolhe” é o marco nesse segmento.
Alunos novatos e suas famílias são convidados para realizar algumas experiências e vivências baseadas nas práticas da escola. É uma oportunidade para a gestão escolar apresentar a proposta pedagógica e atividades que serão desenvolvidas ao longo do ano; mostrar como é o funcionamento das regras e práticas a serem realizadas dentro da escola, além de elaborar junto aos alunos uma rotina de estudo antes do início das aulas.
“Este momento prévio é muito importante para que alunos e famílias possam tirar dúvidas e conhecer um pouco mais de perto o funcionamento da nossa escola. Ao longo do ano letivo, muitas outras atividades são realizadas para que os responsáveis possam vivenciar ainda mais as práticas acadêmicas. Acolhimento e sentimento de pertencimento são os fatores fundamentais para que novos alunos e suas famílias se integrem de forma harmoniosa e saudável ao novo ambiente escolar”, conclui Luiza.
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