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Salas adaptadas e intérpretes de Libras fazem parte de uma escola inclusiva. Porém, é preciso muito mais do que esses fatores para acolher as inúmeras características e necessidades de cada indivíduo. Assim como é necessário atender as demandas indivíduais dos alunos, a inclusão escolar também precisa acolher professores com deficiência.

Para a jornalista e ativista dos direitos das pessoas com deficiência Mariana Rosa, que também é uma pessoa com deficiência, é preciso “estar atento a todos os grupos minoritários que estão sendo socialmente excluídos. Esse é um tema ao qual temos que prestar atenção, se queremos exercer a cidadania e viver em um mundo com igualdade de direitos”, afirma.

Dados do Censo Escolar de 2018 revelam que os professores com deficiência representam apenas 0,3% do total de docentes na educação básica. “Quando achamos que inclusão é pensar só no estudante com deficiência é porque elegemos algumas características para dizer que elas desviam da norma. Então, é como se a gente dissesse que esse grupo é o diferente, o que não é verdade, porque a diferença nos compõe a todos e não é possível estabelecer qualquer tipo de hierarquia ou agrupamento a partir desse critério arbitrário”, explica.

Mudança de paradigma para acolher professores com deficiência

Mais que incluir estudantes com deficiência, portanto, a escola precisa se transformar para, então, acolher professores com deficiência. “Ao falar em inclusão estamos dizendo que a escola tem que mudar a maneira de dar aula, seu projeto político-pedagógico, seu espaço, suas relações”, defende Mariana.

Para ela, somente uma escola capaz de se reinventar poderá oferecer um ambiente inclusivo para alunos e também professores com deficiência. Cada vez mais presentes nas escolas, esses educadores são reflexo de uma mudança da sociedade como um todo, lembra a ativista. Há poucos anos essa presença não era possível porque boa parte das pessoas com deficiência não acessava as escolas comuns.

“Isso mudou muito fortemente de 2006 ou 2008 para cá. Hoje, mais de 95% dos estudantes com deficiência estão em salas de aula comuns. Isso significa que mais deles chegarão às universidades e, uma vez lá, ocuparão todos os espaços”, explica.

E, de acordo com ela, essa é uma tendência civilizatória que, uma vez iniciada, alimenta a si mesma, porque professores com deficiência contribuem para que a escola tenha uma perspectiva anticapacitista e, assim, o currículo e as construções escolares podem se tornar ainda mais inclusivos com o passar do tempo.

Mariana Rosa é a convidada do episódio 41 do podcast PodAprender, produzido pela Editora Aprende Brasil, cujo tema é “Sua escola está preparada para incluir professores com deficiência?”. Todos os episódios do PodAprender estão disponíveis gratuitamente neste site.

Para se aprofundar mais sobre essa temática, confira uma matéria que aborda a importância da adaptação escolar na volta às aulas para as crianças atípicas. E aqui você confere um artigo sobre a responsabilidade da escola na construção de futuros anticapacitistas.