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Transtornos como o autismo (TEA) ou o déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) só passaram a receber atenção da sociedade há poucos anos, o que faz com que muitas pessoas convivam com essas condições sem ter conhecimento. Entender o diagnóstico e pesquisar sobre ele é uma das formas de oferecer mais qualidade de vida a quem o recebe – e a escola é um dos agentes responsáveis pelo desenvolvimento de crianças e adolescentes com TEA ou TDAH, como já falamos por aqui.

O Center of Diseases Control and Prevention (CDC), órgão do governo dos Estados Unidos, estima que uma a cada 110 crianças tem autismo. No Brasil ainda não existe uma estatística segura sobre o assunto, porque uma pergunta sobre o TEA.

A estimativa é de que, em todo o país, dois milhões de pessoas tenham TEA. No caso do TDAH, a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA) aponta que, a nível mundial, algo entre 5% e 8% da população apresenta o transtorno.

 

Autismo e TDAH: O que é preciso observar na escola?

Com um número cada vez maior de casos diagnosticados, os debates acerca dessas condições vêm, há algum tempo, ganhando força e se ampliando em busca de soluções para garantir uma vida confortável e saudável para crianças e adolescentes que recebem esse diagnóstico.

Se escolher uma instituição de ensino já é um desafio para muitas famílias, quando a criança tem algum diagnóstico, essa tarefa se torna ainda mais complexa. De acordo com a especialista pedagógica do Sistema Positivo de Ensino, Wania Burmester, “ao entrar na escola, deve-se observar atentamente como se é recebido, como a criança é recebida, como as pessoas tratam umas às outras. Para uma criança aprender, ela precisa de sentir bem, ser acolhida, sentir que acreditam nela. Isso é muito importante na relação de ensino e aprendizagem”.

Uma visão humanizada e acolhedora é fundamental, mas não é tudo. É fundamental que a instituição de ensino tenha um Plano Educacional Individualizado (PEI) que aponte as habilidades e limitações da criança para que o plano de trabalho com ela possa ser traçado.

 

Além da sala de aula

Mas não basta que a escola esteja preparada e pronta para fazer as adequações necessárias, é preciso que a família também se comprometa com o aprendizado da criança.

Faz parte desse processo, em primeiro lugar, relatar para a escola quem a criança é, quais suas principais dificuldades e habilidades, os aspectos comportamentais que podem influenciar no dia a dia escolar. Quanto mais informações a escola tiver, mais fácil será a adaptação.

Outro passo importante é acompanhar como é o relacionamento dela com os colegas, funcionários e professores. Ao abrir um espaço de diálogo franco com a escola, o retorno será, também, muito sincero, com apontamentos do que está sendo difícil e o que está indo bem.

“Preste atenção a como essa criança vai e volta da escola, porque criança tem que ir feliz e voltar feliz. É claro que eles não estarão ótimos todos os dias e, em alguns momentos, ficarão tristes porque discutiram com um colega ou levaram bronca de um professor, isso é normal. Mas tente perceber se, de forma geral, a criança está feliz, gosta da escola e dos colegas e se remete a eles, seja de forma verbal ou não”, aconselha.

E, quando isso não acontecer, a dica é, antes de tudo, fazer uma autoavaliação. Wania destaca que, instintivamente, é normal ter um instinto de proteção materno ou paterno, o que pode gerar a sensação de que a escola deveria tratar as crianças da mesma forma que os pais. Mas isso não é verdade.

A escola não é uma extensão da casa, ou a casa da avó, ou um espaço terapêutico, ou mesmo um espaço em que a criança será tratada individualmente o tempo todo. “Algumas frustrações fazem parte. Agora, se depois dessa avaliação eu entendo que não é um exagero meu, então a melhor conduta é ir até a escola e conversar”, aponta. Abrir o jogo e esclarecer como os pais gostariam que a situação fosse conduzida é saudável e importante para que, juntos, escola e família cheguem à melhor solução.